As Forças de Defesa de Israel (IDF) lançaram, na madrugada desta sexta-feira (13), uma série de bombardeios aéreos contra infraestruturas nucleares e militares do Irã, numa ofensiva sem precedentes que já é considerada um dos momentos mais críticos da tensão entre os dois países. A ação, batizada de “Operação Leão em Ascensão”, matou os principais comandantes militares do Irã, destruiu instalações estratégicas e desencadeou retaliações imediatas por parte de Teerã, que classificou o ataque como uma “declaração de guerra”.
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“Estamos em um momento decisivo na história de Israel”, disse o premiê israelense Benjamin Netanyahu, que prometeu continuar os ataques “por quantos dias forem necessários”.
Mossad liderou operações secretas antes do ataque
Uma autoridade de segurança israelense revelou à agência Reuters que agentes do serviço secreto Mossad realizaram operações secretas dentro do território iraniano nos dias que antecederam o ataque aéreo, com o objetivo de enfraquecer os sistemas de defesa antiaérea do Irã.
De acordo com a fonte, os comandos infiltrados implantaram sistemas de ataque guiados de precisão próximos a bases militares iranianas, com o intuito de neutralizar mísseis terra-ar e garantir a eficácia do bombardeio. As ações incluíram ainda a criação de uma base de drones de ataque nos arredores de Teerã, o uso de tecnologias avançadas de guerra eletrônica e a ativação remota das armas em áreas estratégicas.
Um vídeo divulgado nesta sexta-feira mostra as explosões causadas pelas operações secretas – uma divulgação incomum segundo agências de inteligência.
As manobras clandestinas foram determinantes para que Israel conseguisse atingir cerca de 100 alvos iranianos em uma única madrugada, sem interceptações significativas.
Líderes iranianos e cientistas entre as vítimas
Entre os mortos confirmados estão:
Mohammad Bagheri, chefe do Estado-Maior das Forças Armadas do Irã desde 2016, e principal líder militar do país. Morto em um contexto de tensões elevadas entre Irã e Israel, Bagheri foi uma figura central nas estratégias militares iranianas, incluindo o comando do programa de mísseis balísticos e o apoio a aliados como Síria e Rússia — esta última beneficiada com drones na guerra da Ucrânia.
Internacionalmente, a Guarda Revolucionária Islâmica (IRGC), da qual ele era uma liderança, é classificada como “organização terrorista” por países como Estados Unidos, Arábia Saudita e Bahrein, devido ao seu envolvimento em atividades militares e apoio a grupos armados na região. Bagheri foi sancionado por vários países em 2019 por ser considerado um dos líderes que “durante décadas oprimiram o povo iraniano, exportaram o terrorismo e avançaram com políticas desestabilizadoras em todo o mundo”, conforme documento do Tesouro dos EUA.
Hossein Salami, comandante da Guarda Revolucionária e uma das figuras militares mais poderosas do Irã. Veterano da guerra Irã-Iraque (1980–1988), Salami estudou gestão de defesa no exército iraniano e ocupou o cargo de chefe de operações da Guarda Revolucionária desde 1997, tendo voz ativa no programa nuclear do país. Em 2006, o Conselho de Segurança da ONU impôs sanções contra ele por seu envolvimento em programas balísticos. Conhecido por declarações agressivas, já afirmou publicamente que o Irã tinha como estratégia “varrer o regime sionista do mapa”, em referência a Israel. Sua morte sinaliza uma possível escalada na intensidade do conflito.
Além deles, seis cientistas nucleares ligados diretamente ao programa de enriquecimento de urânio foram mortos, causando impacto direto nas capacidades do programa nuclear iraniano.

O alvo principal da ofensiva foi a usina de Natanz, considerada o centro do programa nuclear iraniano. Netanyahu afirmou que cientistas diretamente envolvidos nesse projeto também foram alvejados.
Segundo autoridades israelenses, o Irã já possui quantidade suficiente de urânio enriquecido para produzir armas nucleares, e seu avanço tecnológico estava “em estágio crítico”.
Irã promete retaliação total e aciona ONU
O governo iraniano reagiu rapidamente aos ataques. Em carta enviada ao Conselho de Segurança da ONU, o ministro das Relações Exteriores, Abbas Araghchi, declarou que Israel cometeu um “ato de guerra formal” e exigiu resposta imediata da comunidade internacional.

Em retaliação, o Irã lançou mais de 100 drones contra o território israelense na madrugada desta sexta-feira. Até a última atualização, não havia registros de danos significativos em Israel, que fechou seu espaço aéreo e declarou estado de emergência nacional, conforme anunciou o ministro da Defesa, Israel Katz.
“Israel e Estados Unidos pagarão caro por esta operação. Nossa resposta será proporcional e devastadora”, declarou um porta-voz das Forças Armadas iranianas.
Escalada nuclear e impasse diplomático
Os bombardeios ocorrem em meio ao colapso das negociações entre Teerã e Washington iniciadas em abril, sobre o futuro do programa nuclear iraniano. Dias antes da ofensiva, o Irã anunciou a ativação de uma terceira instalação de enriquecimento de urânio, desafiando os limites impostos pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) e aumentando sua produção de material físsil.
Em resposta, a AIEA censurou o Irã por descumprir as obrigações de não proliferação. O presidente dos EUA, Donald Trump, endureceu o discurso:
“O Irã precisa fazer um acordo antes que não sobre mais nada”, afirmou.
Ele ainda completou, dizendo:
“Já houve grande morte e destruição, mas ainda há tempo para pôr fim a esse massacre, pois os próximos ataques já planejados serão ainda mais brutais”, concluiu Trump.

Enquanto isso, países como China e Rússia condenaram os ataques de Israel, alegando violação do direito internacional e risco à estabilidade regional.
Oriente Médio em alerta
Analistas internacionais veem o ataque como o maior ato de agressão entre Israel e Irã nas últimas décadas. Há receio de que a ofensiva desencadeie um conflito regional de grandes proporções, especialmente se grupos aliados ao Irã, como o Hezbollah no Líbano e os houthis no Iêmen, decidirem abrir novas frentes de combate.
O premiê Netanyahu reforçou que os ataques continuarão enquanto o Irã representar uma ameaça direta.
“Israel não permitirá que o Irã tenha uma arma nuclear. Não vamos repetir os erros do passado”, disse o líder israelense.
O que esperar a seguir?
A situação permanece extremamente volátil. Teerã promete responder “sem piedade”, e Israel afirma que a operação não está concluída. Especialistas em segurança alertam para o risco de um conflito mais amplo, com consequências geopolíticas, econômicas e humanitárias ainda incalculáveis.
A ONU convocou uma reunião de emergência para discutir o cenário, enquanto o mundo observa apreensivo os desdobramentos de uma guerra que pode ultrapassar fronteiras.