O ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Gonçalves Dias, afirmou nesta quarta-feira (16) ao Supremo Tribunal Federal (STF) que os alertas sobre os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023 chegaram a ele apenas por mensagens de WhatsApp. Segundo ele, as comunicações partiram do então diretor-adjunto da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Saulo Moura Cunha.
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“Eu recebi alguns informes da Abin. Esses informes foram repassados para a Secretaria de Segurança (do GSI). O plano Escudo do Planalto estava acionado”, disse GDias, como é conhecido. Em seguida, afirmou que “não lembra dos detalhes” por se tratar de um episódio ocorrido há mais de dois anos: “Existe documentação à disposição”.
O depoimento ocorreu no âmbito de uma das ações penais ligadas à tentativa de golpe. GDias foi indicado como testemunha de defesa pelo general da reserva Mario Fernandes e pelo ex-assessor presidencial Filipe Martins. O ex-ministro ressaltou que as mensagens recebidas “não configuravam informações oficiais”, pois, segundo ele, “transformar um informe em informação precisa de um estudo”.
Gonçalves Dias chefiou o GSI no início do governo Lula, mas pediu demissão em abril de 2023, após a divulgação de vídeos que o mostravam dentro do Palácio do Planalto durante a invasão promovida por extremistas.

Durante a audiência, o ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no STF, interrompeu o advogado Jeffrey Chiquini, defensor de Filipe Martins, por fazer perguntas repetitivas. Moraes chegou a cortar o microfone do advogado, em um momento de tensão na sessão.
Na mesma audiência, o senador Ciro Nogueira (PP-PI), ex-ministro da Casa Civil no governo Bolsonaro, também foi ouvido, desta vez como testemunha de defesa do ex-assessor presidencial Marcelo Câmara. Nogueira confirmou ter intermediado uma reunião entre Moraes e o então presidente Jair Bolsonaro no fim de 2022, mas alegou não se lembrar se Câmara participou da organização do encontro.
“Eu tratei diretamente tanto com o presidente quanto com o ministro Alexandre. Não me lembro da participação de outra pessoa — afirmou o senador.
A defesa de Filipe Martins desistiu de parte das testemunhas previamente indicadas, como o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Já os depoimentos de outras testemunhas, como o do deputado federal Eduardo Pazuello (PL-RJ), foram adiados e ainda serão remarcados.