CPMI do INSS: depoimento de Lupi dura quase 10 horas e é marcado por confusões

A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga os desvios em aposentadorias pagas pelo INSS realizou nesta terça-feira (9) a sessão mais longa desde o início dos trabalhos. Foram 9h48 de depoimento do ex-ministro da Previdência Social Carlos Lupi, que enfrentou questionamentos de 32 parlamentares e do relator da comissão, deputado Alfredo Gaspar (União-AL).

LEIA TAMBÉM: Ucrânia ataca oleoduto que leva petróleo russo à Europa; Rússia revida

Apesar do tempo extenso, o encontro ficou mais marcado por troca de ofensas entre deputados e senadores do que por novas informações sobre as irregularidades.

Contradições e possível retorno de Lupi

O presidente da CPMI, senador Carlos Viana (Podemos-MG), avaliou que Lupi apresentou diversas contradições em relação a declarações anteriores.

Ele citou como exemplo a primeira denúncia que envolvia Tonia Galleti. Segundo Viana, o ex-ministro havia declarado anteriormente na Câmara dos Deputados que ela era “amiga pessoal”, mas desta vez negou qualquer tipo de vínculo.

CPMI que investiga descontos indevidos no INSS ouve Carlos Lupi, ex-ministro da Previdência Social - Foto: Jornal Nacional/ Reprodução
CPMI que investiga descontos indevidos no INSS ouve Carlos Lupi, ex-ministro da Previdência Social – Foto: Jornal Nacional/ Reprodução

Viana não descartou transformar Lupi em investigado e afirmou que o ex-ministro pode ser chamado novamente:

Se ele quiser voltar como convidado, será bem-vindo. Caso contrário, podemos convocá-lo formalmente e até realizar uma acareação com outros citados nos depoimentos“, destacou.

Sessão marcada por brigas e ofensas

A sessão repetiu o tom tenso das reuniões anteriores da CPMI. O senador Jorge Seif (PL-SC) chegou a mostrar o dedo para um deputado da base após provocações.

Confira “Filhos do Silêncio” de Andrea dos Santos

O momento mais acalorado ocorreu durante os questionamentos do deputado Marcel Van Hattem (Novo-RS), que reclamou da falta de respostas de Lupi. A discussão se estendeu por oito minutos, com o líder do governo, Paulo Pimenta (PT-RS), acusando o relator de impedir o depoente de se manifestar:

Não pode o relator fazer uma pergunta e o depoente não ter o direito de responder. O senhor não está deixando ele responder“, protestou Pimenta.

Outro embate envolveu os deputados Rogério Correia (PT-MG) e Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), que trocaram ofensas, se levantaram e chegaram a se encarar. A confusão foi contida por colegas. Correia ainda declarou que o ex-presidente Jair Bolsonaro “vai ser preso”, fazendo um gesto de grades com as mãos.

Diante do tumulto, a sessão precisou ser suspensa temporariamente para que Lupi conversasse com seu advogado. Pouco depois, os trabalhos foram retomados.

Críticas ao empréstimo consignado

Em sua defesa, Lupi rebateu acusações de que teria se omitido diante das denúncias sobre descontos irregulares. No entanto, preferiu direcionar críticas ao empréstimo consignado em folha, afirmando que o modelo agrava o endividamento de aposentados.

Quem entra no consignado só tem porta de entrada. Faz um empréstimo para pagar outro, ajudar um filho ou construir uma casa, mas nunca consegue sair da dívida. O grande desafio é acabar com o desconto em folha dos consignados“, disse.

Próximas sessões já confirmadas

O presidente da CPMI anunciou os próximos depoimentos:

  • 11 de setembro (quinta-feira): Ahmed Mohamad Oliveira Andrade, ex-ministro da Previdência no fim do governo Bolsonaro, anteriormente chamado José Carlos de Oliveira.
  • 15 de setembro (segunda-feira): Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como Careca do INSS.
  • 18 de setembro (quinta-feira): o empresário Maurício Camisotti, apontado como um dos articuladores do esquema de desvio nas aposentadorias.

Linha do tempo da CPMI do INSS

  • 2023: denúncias iniciais alertam sobre descontos ilegais em aposentadorias, envolvendo associações e empréstimos consignados.
  • Início de 2025: instalada a CPMI para apurar irregularidades no INSS.
  • Últimos meses: depoimentos de parlamentares, advogados e representantes de associações reforçam indícios de fraude.
  • 9 de setembro de 2025: sessão mais longa até agora (9h48), com depoimento de Carlos Lupi, marcado por contradições, bate-boca e suspensões.
  • 11 de setembro de 2025: depoimento de Ahmed Mohamad Oliveira Andrade.
  • 15 de setembro de 2025: oitiva de Careca do INSS.
  • 18 de setembro de 2025: depoimento de Maurício Camisotti, apontado como um dos chefes do esquema.

Autor

  • Nicolas Pedrosa

    Jornalista formado pela UNIP, com experiência em TV, rádio, podcasts e assessoria de imprensa, especialmente na área da saúde. Atuou na Prefeitura de São Vicente durante a pandemia e atualmente gerencia a comunicação da Caixa de Saúde e Pecúlio de São Vicente. Apaixonado por leitura e escrita, desenvolvo livros que abordam temas sociais e histórias de superação, unindo técnica e sensibilidade narrativa.

Marcado:

Deixe um Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *