Cotados para vaga de Barroso esperam telefonema de que não serão escolhidos

Mesmo antes da aposentadoria do ministro Luís Roberto Barroso no Supremo Tribunal Federal (STF), o Palácio do Planalto já começou a movimentar as peças em torno da sucessão. Fontes ouvidas em Brasília afirmam que alguns dos cotados para ocupar a cadeira de Barroso receberam recados diretos de interlocutores do governo de que não serão os escolhidos nesta rodada.

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De acordo com relatos, ao menos um dos nomes considerados para o posto foi avisado de que deve permanecer de “sobreaviso” nesta sexta-feira (17), aguardando uma ligação de um auxiliar próximo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O telefonema, segundo fontes, é interpretado como um gesto de cortesia para comunicar ao preterido que não foi o indicado.

A ligação tem também um caráter político: serve como um “gesto de gentileza” e busca preservar o relacionamento com autoridades que podem continuar tendo relevância no cenário institucional. A prática evita constrangimentos públicos e tenta impedir que a decisão presidencial gere mágoas ou represálias dentro da própria base.

Caso o cronograma se mantenha, a expectativa é que o nome escolhido por Lula seja divulgado oficialmente ainda nesta sexta-feira (17). A publicação no Diário Oficial da União (DOU) pode ocorrer em edição extra na madrugada de sábado (18) ou, no mais tardar, na segunda-feira (20).

Líderes evangélicos que estiveram com o presidente na quinta-feira (16) afirmam ter saído do encontro convencidos de que a escolha recairá sobre o advogado-geral da União, Jorge Messias. Segundo participantes da reunião, Lula “já se decidiu” e apenas aguarda o momento adequado para tornar o anúncio público.

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Aliados do presidente no Congresso e no próprio PT têm recomendado que a definição seja feita o quanto antes, para conter pressões políticas e reduzir especulações em torno de outros candidatos, como o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG). A demora, avaliam, poderia fortalecer movimentos dentro do Legislativo e de setores da sociedade civil que defendem a indicação de uma mulher para a vaga.

Apesar disso, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), que apoia Pacheco, advertiu o Planalto sobre as possíveis resistências à nomeação de Messias. Segundo ele, a escolha do advogado-geral poderia enfrentar um clima desfavorável no plenário, com risco de rejeição — algo que não ocorre desde 1894, durante o governo Floriano Peixoto.

Com a aposentadoria antecipada de Barroso, Lula passa a ter mais uma oportunidade de moldar a composição do Supremo. Ao término de seu atual mandato, o presidente terá indicado cinco dos 11 ministros da Corte — quase a metade. Entre os atuais integrantes, quatro já foram escolhidos por ele: Cármen Lúcia, Dias Toffoli, Flávio Dino e Cristiano Zanin. A nova nomeação reforça o peso do petista na formação e no futuro das decisões do tribunal.

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