A menos de 80 dias para a COP30, em Belém, o Brasil enfrenta críticas sobre o alto preço das hospedagens e a baixa adesão internacional até o momento. Segundo a organização, apenas 47 dos 196 países previstos confirmaram presença na conferência climática, marcada para novembro.
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Nos bastidores, há um impasse entre o governo brasileiro e a Organização das Nações Unidas (ONU) sobre a possibilidade de ampliar subsídios para as delegações de países em desenvolvimento. O orçamento atual da ONU prevê um auxílio diário de US$ 140 (cerca de R$ 756), valor que deve cobrir alimentação e hospedagem. No entanto, os preços disponíveis na plataforma oficial da conferência começam em US$ 350 por diária (cerca de R$ 1,9 mil), inviabilizando a participação de muitas nações.
A ONU solicitou que o Brasil arcasse com parte das despesas, oferecendo um adicional de US$ 100 por diária para países pobres, mas a proposta foi recusada.
“O governo brasileiro já está arcando com custos significativos para a realização da COP30. Não há como arcar também com subsídio para delegações estrangeiras”, disse a secretária executiva da Casa Civil, Miriam Belchior.
Segundo a Secretaria Extraordinária para a COP30 (Secop), há cerca de 33 mil quartos disponíveis em Belém, número suficiente para atender à demanda da ONU, que solicitou 24 mil. O problema, segundo o secretário extraordinário Valter Correia, está no preço. “O nosso problema é trazer isso a valores compatíveis com o poder aquisitivo”, afirmou.

Até agora, 39 países conseguiram hospedagem pela plataforma oficial e outros oito fecharam diretamente com hotéis: Egito, Espanha, Portugal, República Democrática do Congo, Singapura, Arábia Saudita, Japão e Noruega. O governo anunciou uma força-tarefa para ligar diretamente às delegações e acelerar as confirmações.
A polêmica sobre os preços vem desde o início do ano. Em fevereiro e março, o governo tentou negociar com a rede hoteleira um termo de ajustamento de conduta (TAC) que limitasse as diárias ao triplo do valor cobrado durante o Círio de Nazaré, mas não houve acordo. A maior parte das hospedagens em Belém é particular, fora da rede hoteleira, o que dificulta o controle.
“Somos uma democracia, temos limites de intervenção no setor privado. Estamos negociando no limite para que os preços possam baixar”, explicou Miriam Belchior.
Apesar das dificuldades, o governo afirma que seguirá buscando alternativas, inclusive junto a parceiros internacionais, para viabilizar subsídios sem uso direto de recursos públicos. Enquanto isso, a ONU mantém a pressão por medidas mais concretas para garantir a presença de países em desenvolvimento no encontro.