Em dia marcado pelos discursos de Lula e Trump na Assembleia Geral da ONU, o presidente do Chile, Gabriel Boric, anunciou na tribuna que o país deverá indicar sua ex-presidente, Michelle Bachelet para a chefia da Secretaria-Geral da ONU.
Bachelet foi presidente do Chile por dois mandatos, 2006 a 2010 e de 2014 a 2018, e descartou, em março, concorrer a um terceiro mandato para substituir o próprio Boric. Em seu currículo, Bachelet também ocupou o cargo de Alta-Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, entre 2018 e 2022, e a presidência da Unasul, entre 2008 e 2010.
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Atualmente ocupado pelo português António Guterres, foi eleito em 2016 para suceder o coreano Ban Ki-moon a partir de 2017, tendo sido reeleito para um segundo mandato não prorrogável, em 2022.
A escolha é feita pela Assembleia Geral das Nações Unidas após recomendação do Conselho de Segurança de um nome fora dos cinco membros permanentes do Conselho em um sistema de rodízio continental. O último sul-americano a ocupar o cargo foi o peruano Javier Pérez de Cuellar, que serviu entre 1982 e 1992, o que daria sentido à indicação da ex-presidente chilena para a função.
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Definido por Franklin Delano Roosevelt como “mediador do mundo”, o Secretário-Geral é o chefe administrativo da Organização, devendo se manter o mais independente possível e, se eleita, Bachelet terá de enfrentar questões urgentes como a atual paralisia da ONU frente os conflitos que eclodem pelo mundo, como os casos da Ucrânia e da Palestina, a questão das mudanças climáticas, das migrações forçadas, a crise financeira pela qual passa a instituição, dentre outras.
Até mesmo uma mudança da sede da organização para Nairobi, no Quênia, onde tem escritório, foi cogitada após a negativa de visto por parte dos Estados Unidos a delegações diplomáticas de estados membros – mais notadamente do representante da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, que fez seu discurso por vídeo – nesta que marca a 80ª edição da Assembleia Geral.
A convocação das candidaturas, feita pelo próprio Secretário-Geral atual, acontece a partir de dezembro, com a apresentação formal dos candidatos prevista para janeiro e fevereiro. Caso sua candidatura avance, Bachelet seria a primeira mulher eleita para o cargo em 80 anos da ONU.
Para Boric, Bachelet é “uma pessoa capaz de construir pontes entre o norte e o sul, entre o ocidente e o oriente, entre problema e solução” e poderá ajudar as Nações Unidas a recuperarem credibilidade, eficácia e propósito frente os desafios do nosso tempo de fragmentação e desconfiança”, finalizou o presidente chileno.