O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, anunciou que irá solicitar à Casa Civil uma liberação emergencial de R$ 135 milhões para reforçar as ações de controle sanitário no país. A medida, que será apresentada por meio de uma medida provisória, surge como resposta ao bloqueio de R$ 622,8 milhões no orçamento da pasta para 2025, o que, segundo ele, compromete diretamente a capacidade do Brasil de lidar com doenças e pragas que ameaçam a agropecuária nacional.
“Com esse corte, não há como manter a vigilância ativa, os contratos com laboratórios ou responder rapidamente a emergências. Estamos tratando de segurança alimentar e de saúde pública”, afirmou Fávaro.
LEIA TAMBÉM: Popularidade em queda: pesquisa revela que 31% dos brasileiros culpam governo Lula por fraudes no INSS
Carlos Fávaro alertou que o país enfrenta quatro emergências sanitárias simultâneas — embora não as tenha detalhado — e reforçou a urgência na liberação dos recursos. Segundo ele, não se trata de um gasto excessivo, mas de garantir condições mínimas para evitar que doenças e pragas se espalhem pelo território.
“Estamos falando de impedir que uma zoonose vire um problema de escala nacional”, destacou.
O corte orçamentário, na avaliação do ministro, inviabiliza ações estratégicas e impede respostas ágeis, o que pode afetar a produção agrícola e pecuária e comprometer a imagem internacional do Brasil como fornecedor confiável de alimentos.

Além da solicitação de recursos, Fávaro propôs uma discussão internacional na Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) para revisar protocolos sanitários considerados ultrapassados. Ele sugeriu que os embargos sanitários deixem de ser nacionais e passem a ser regionalizados, afetando apenas as áreas com foco confirmado.
“Hoje temos regras que penalizam todo um país por um único foco localizado. Isso precisa mudar. Temos tecnologia para atuar com precisão, regionalmente, com transparência e responsabilidade”, argumentou.
Carlos Fávaro também defendeu que a vacinação deve deixar de ser motivo automático para embargo comercial. Para ele, é necessário atualizar os critérios internacionais.
“Não podemos mais aceitar que a simples adoção de vacinação nos exclua automaticamente de mercados internacionais. Isso é contraproducente”, completou.
Apesar do foco sanitário, o ministro enfrenta críticas políticas crescentes, inclusive dentro do próprio PSD. Parlamentares da bancada ruralista e do Centrão acusam Carlos Fávaro de favorecer o Mato Grosso, seu reduto eleitoral, na distribuição de verbas. Um deputado ruralista, sob condição de anonimato, afirmou que há um desgaste crescente na relação com o Congresso e que o ministro tem perdido apoio mesmo entre aliados.
O caso mais citado é o do Seguro Rural, que teria sido redirecionado de forma desigual. Fávaro, por sua vez, negou qualquer favorecimento e afirmou que todas as decisões foram baseadas em critérios técnicos.

“Minha única prioridade é proteger a agropecuária brasileira. As críticas são naturais, mas não podemos brincar com a saúde animal e vegetal do país”, respondeu.
Diante do impasse, o pedido de R$ 135 milhões se apresenta como uma medida emergencial para conter riscos imediatos e evitar consequências mais graves. Ao mesmo tempo, evidencia um momento delicado da gestão, em que crise orçamentária, disputas políticas e necessidade de modernização das normas sanitárias se sobrepõem.
Carlos Fávaro concluiu dizendo que o Brasil, sendo um dos maiores produtores de alimentos do mundo, não pode correr o risco de perder esse posto por omissão ou por regras desatualizadas.