Câmara deve votar projeto contra ‘adultização’ de crianças e adolescentes nas redes

A Câmara dos Deputados se prepara para votar nesta quarta-feira (20) um projeto de lei que estabelece regras para proteger crianças e adolescentes da exposição precoce a conteúdos impróprios na internet, fenômeno conhecido como “adultização”. A iniciativa já recebeu aprovação do Senado e é de autoria do senador Alessandro Vieira (MDB-SE).

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O projeto impõe às plataformas digitais o chamado dever de cuidado, exigindo que adotem medidas preventivas para evitar danos aos menores e possibilitando a responsabilização por omissão caso as regras não sejam cumpridas.

Principais medidas previstas

Empresas de tecnologia que ofereçam produtos ou serviços acessados por menores terão de prevenir ou reduzir o contato com conteúdos de:

  • Exploração e abuso sexual;
  • Violência, bullying e assédio online;
  • Incentivo à automutilação ou transtornos mentais;
  • Jogos de azar, álcool, tabaco e drogas;
  • Publicidade enganosa.

Além disso, será exigido que as plataformas:

  • Disponibilizem ferramentas de controle parental e realizem avaliações de risco;
  • Removam imediatamente conteúdos ilegais de abuso infantil, mesmo sem ordem judicial, após notificação;
  • Implementem barreiras confiáveis de verificação de idade em sites adultos;
  • Proíbam o uso de perfis de menores para publicidade direcionada;
  • Impede a venda de “loot boxes” em jogos voltados para crianças e adolescentes;
  • Associe perfis de menores às contas de seus responsáveis legais.
Simulação de gravação de vídeo para redes sociais - Foto: Reprodução/Freepik
Simulação de gravação de vídeo para redes sociais – Foto: Reprodução/Freepik

Controle parental detalhado

O projeto também define regras específicas para o controle parental, como:

  • Restringir a comunicação de crianças e adolescentes com usuários não autorizados;
  • Limitar o acesso a dados pessoais do público infantojuvenil;
  • Definir tempo máximo de uso e impedir recursos que prolonguem a navegação;
  • Controlar sistemas de recomendação e limitar o compartilhamento da geolocalização;
  • Promover educação digital e uso seguro das plataformas;
  • Regular ferramentas de inteligência artificial não essenciais ao serviço.

Penalidades em caso de descumprimento

As empresas que não seguirem as regras estarão sujeitas a sanções civis, criminais e administrativas, incluindo:

  • Advertência com prazo para adequação;
  • Multa de até 10% do faturamento ou R$ 50 milhões por infração;
  • Suspensão temporária das atividades;
  • Encerramento definitivo das operações no Brasil.

Os valores arrecadados serão destinados ao Fundo Nacional para a Criança e o Adolescente.

Tramitação acelerada e debate

Na terça-feira (19), a Câmara aprovou a tramitação em regime de urgência. A medida gerou críticas da oposição, que questionou a redação sobre produtos de “acesso provável por menores”, considerada vaga, e pediu registro nominal dos votos.

“É importante combater a ‘adultização’, mas precisamos garantir que a lei não comprometa a liberdade de expressão”, afirmou o deputado Eli Borges (PL-TO).

O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), destacou que a proposta será o tema central desta semana, com comissão geral marcada para debater o projeto.

A discussão ganhou ainda mais atenção após a prisão do influenciador Hytalo Santos, investigado por exposição e exploração de menores em vídeos nas redes sociais, denúncia feita pelo influenciador Felca no último dia 9.

Autor

  • Nicolas Pedrosa

    Jornalista formado pela UNIP, com experiência em TV, rádio, podcasts e assessoria de imprensa, especialmente na área da saúde. Atuou na Prefeitura de São Vicente durante a pandemia e atualmente gerencia a comunicação da Caixa de Saúde e Pecúlio de São Vicente. Apaixonado por leitura e escrita, desenvolvo livros que abordam temas sociais e histórias de superação, unindo técnica e sensibilidade narrativa.

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