Bolsonaro nega relação com tarifaço e possível negociação com Trump

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) negou qualquer relação com o tarifaço imposto por Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, que impõe uma taxa de 50% nos produtos brasileiros, e disse não ter o que fazer em relação à medida anunciada.

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“Isso é lá do governo Trump. Não tem nada a ver com a gente. Querem colar na gente os 50%. Mentira”, disse. “Eu não tenho contato com autoridades americanas.”

Acontece que essa declaração contradiz a fala feita na semana passada. Na quinta-feira (17), Bolsonaro afirmou que estaria disposto a negociar diretamente com Trump, caso o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) autorizasse e a Polícia Federal (PF) devolvesse seu passaporte.

“Se o Lula sinalizar para mim, eu sei que não é ele quem vai dar o passaporte, eu negocio com o Trump. Quem não vai conversar vai pagar um preço alto”, disse na ocasião, durante uma coletiva no Senado.


Bolsonaro, em coletiva de imprensa de 17 de julho, quando afirma que poderia negociar diretamente com Trump sobre tarifaço se Lula autorizasse
Bolsonaro, em coletiva de imprensa, afirma que poderia negociar diretamente com Trump sobre tarifaço se Lula autorizasse – Foto: Reprodução

Em entrevista nesta segunda-feira (21), Bolsonaro também negou que seu filho, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), possa negociar com autoridades americanas sobre a taxação.

“Ele não pode falar em nome do governo do Brasil. O Eduardo não pode falar em nome do governo brasileiro”, disse o ex-presidente.

O que também vai contra as declarações anteriores, quando o próprio Bolsonaro, que dias antes, havia dito que “quem está à frente dessa negociação chama-se Eduardo Nantes Bolsonaro” e, durante visita ao Senado na quinta-feira (17), afirmou que seu filho é “mais útil” nos EUA, e que estaria disposto a conversar com o presidente sobre tarifaço.

Eduardo, que declaradamente se mudou para os Estados Unidos em busca de sanções contra autoridades brasileiras, se colocou ainda à disposição do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), para levar as propostas do governador aos negociadores americanos.

Eduardo Bolsonaro voltou a reafirmar a ligação das tarifas com a situação política atual.

“Brasil recebeu a maior tarifa desta última leva. Trump deixou claro que foi pela crise institucional, não fatores comerciais”, escreveu e postagem no X. “Se seguirem deixando de lado o conteúdo político vão continuar a dar com o burro n’água. Espero que vindo aqui aos EUA ao menos retornem com esta clareza.”

Bolsonaro também minimizou os US$ 14 mil apreendidos pela Polícia Federal em sua residência. 

“Você acha que 14 mil dólares é muita coisa? Eu tenho um bom recurso no banco. No momento, tive lá R$ 17 milhões lá atrás, do Pix, né, caiu bastante. Despesas… e tem um bom recurso. Então, perto do que eu tenho no banco em dinheiro que tá no banco, não é quase nada esses US$ 14 mil.”

Ele afirmou, ainda, ter ouvido dizer que no pen drive encontrado pela PF em um banheiro (que perícia apontou não ter nada relevante para a investigação) contém “música gospel e foto de família”.

O ex-presidente voltou a defender a anistia para os envolvidos em 8 de janeiro, o que poderia beneficiá-lo, e disse que, como “um animal político”, vai continuar a discutir “todos os assuntos com todo mundo”.

“Olha o Congresso, pela Constituição, anistia é algo privativo do Parlamento. Agora, quando a começa a discutir anistia, alguém do Supremo fala ‘se aprovar nós vamos declarar inconstitucional’. Acabou a conversa.”

Ele também afirmou que deve participar de reuniões da bancada do PL no Congresso, já que as medidas restritivas impostas por Moraes não impedem que o ex-presidente vá ao Parlamento.

Autor

  • Juma Neves

    Júlia é estudante de Jornalismo, assessora de imprensa e, além de redatora, faz parte da equipe de comunicação da Associação Civil Nós, Seguras! Ainda na infância percebeu seu amor pela comunicação e sua missão nela: trazer as informações de uma forma que todos possam entendê-la. Por isso, valoriza as palavras claras e uma abordagem didática.

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