O avião presidencial da Colômbia, que transportava o presidente Gustavo Petro na semana passada, precisou alterar sua rota durante o retorno de uma missão oficial na Espanha. O desvio ocorreu após a identificação de uma possível ameaça de segurança durante o trajeto de volta para Bogotá.
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Segundo o ministro da Defesa colombiano, Iván Velásquez, em entrevista à Caracol Radio nesta terça-feira (8), o chefe de Estado representa um “alvo sensível” por ocupar simultaneamente os cargos de presidente da República, chefe de Governo e comandante das Forças Armadas. Por isso, medidas adicionais de proteção foram adotadas durante o voo e nos dias seguintes.
O avião decolou de Sevilha, onde Petro participou da IV Conferência Internacional da ONU, e realizou uma parada técnica nas Ilhas Canárias. Foi nesse ponto que um alerta de inteligência indicou que a aeronave estava sendo monitorada, levando à decisão de desviar o voo para a cidade de Pereira, localizada no centro-oeste colombiano.

Governo colombiano amplia segurança de Petro após incidentes
O ministro afirmou que o governo decidiu reforçar a segurança presidencial, não apenas na Casa de Nariño (sede do governo colombiano), mas também durante todos os deslocamentos do presidente.
“A proteção de Gustavo Petro está plenamente garantida”, disse Velásquez, ao afirmar que o chefe de Estado continua sendo alvo de ameaças constantes.
O episódio reacendeu as preocupações com a segurança institucional na Colômbia, especialmente após uma série de eventos semelhantes sofridos por ex-presidentes como Álvaro Uribe e Iván Duque, ambos alvos de tentativas de atentado durante seus mandatos.
Medidas táticas e uso das Forças Armadas
Entre as ações reforçadas, estão:
- operações com forças especiais,
- o uso de aeronaves da Força Aeroespacial Colombiana,
- e a ativação de novos anéis de segurança ao redor do presidente.
Além do esquema habitual, serão integradas unidades de vigilância, reação rápida e inteligência estratégica.
O reforço ocorre em um momento delicado para o país, marcado pelo aumento da violência política. Em junho, o senador Miguel Uribe Turbay, do partido de direita Centro Democrático, foi vítima de um atentado a tiros durante um comício em Bogotá, ficando gravemente ferido. Ele é pré-candidato à presidência nas eleições de 2026.
Petro denuncia ameaças e possíveis atentados desde o início do governo
Desde que assumiu o poder, em agosto de 2022, Gustavo Petro tem alertado para ameaças à sua vida e denunciado publicamente a existência de planos para assassiná-lo. Embora não tenha nomeado responsáveis, o presidente frequentemente usa suas redes sociais para levantar preocupações sobre tentativas de golpe e ações de grupos criminosos contra seu governo.
Em setembro do ano passado, Petro afirmou ter sido avisado pela DEA, por meio da embaixada dos Estados Unidos em Bogotá, sobre um possível atentado com explosivos antes do fim de 2024. Já em março deste ano, declarou que narcotraficantes interessados no controle de plantações de coca planejavam matá-lo — segundo ele, já foram “quatro tentativas” até o momento.
Além disso, Petro revelou que grupos criminosos teriam adquirido mísseis com o objetivo de derrubar seu avião presidencial. Essas declarações reforçam a percepção de vulnerabilidade da presidência em um país ainda marcado por conflitos armados internos e pela atuação de facções do narcotráfico.
Mesmo durante sua campanha eleitoral, Petro já denunciava ameaças, incluindo planos de assassinato atribuídos à organização La Cordillera. O atual presidente insiste que seu governo está enfrentando grandes máfias e interesses poderosos, o que, segundo ele, justificaria o nível elevado de risco pessoal.