Durante o depoimento do tenente-coronel Mauro Cid ao Supremo Tribunal Federal (STF), nesta segunda-feira (9), um dos momentos mais marcantes foi protagonizado pelo ministro Alexandre de Moraes. Ao ouvir que aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro o chamavam de “desgraçado” em grupos informais, Moraes reagiu com ironia e tranquilidade: “Só? O senhor tem que falar a verdade. Eu tô acostumado, pode falar.”
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Mauro Cid afirmou que o ministro era frequentemente mencionado em conversas entre aliados bolsonaristas, mas minimizou o conteúdo:
“Nada de ‘temos que acabar com ele’ ou ‘vamos planejar alguma coisa’… ‘esse cara é um desgraçado’, umas figurinhas, memes, essas coisas.”
Segundo Cid, as críticas vinham em tom de indignação ou frustração, sem qualquer indício de articulação golpista explícita nesse contexto.
A fala provocou risos no plenário e demonstrou a postura firme e ao mesmo tempo descontraída de Moraes diante das tensões políticas que o cercam. “Estou acostumado”, repetiu o ministro, indicando que não se abala com ofensas pessoais proferidas nos bastidores políticos.

Depoimentos do “Núcleo Crucial”
O depoimento de Mauro Cid é parte da série de interrogatórios dos oito réus acusados de compor o “núcleo crucial” da tentativa de golpe de Estado investigada pelo STF. Além dele, estão sendo ouvidos Alexandre Ramagem, Almir Garnier, Anderson Torres, Augusto Heleno, Jair Bolsonaro, Paulo Sérgio Nogueira e Walter Braga Netto. Os depoimentos estão sendo colhidos presencialmente na Primeira Turma do STF, sob relatoria de Moraes, com exceção de Braga Netto, que participa por videoconferência do Rio de Janeiro, onde está preso.
Esse momento de leveza, porém, não diminui o peso do processo judicial. Ao longo do depoimento, Mauro Cid também implicou diretamente o ex-presidente Jair Bolsonaro em iniciativas para questionar a lisura do sistema eleitoral, revelando que “encontrar fraude nas urnas sempre foi a grande preocupação de Bolsonaro.” Ainda segundo ele, o almirante Almir Garnier “estava entre os mais radicais” e que outros generais, como Braga Netto e Paulo Sérgio Nogueira, eram “mais moderados.”