Clássico mineiro termina empatado após alta-voltagem em campo

Atlético e Cruzeiro entraram em campo pela sexta e última vez no ano. Após duas vitórias nos clássicos pelas quartas de final da Copa do Brasil, o Cruzeiro chegou ao dérbi com um jejum recente de três jogos sem vencer pelo Campeonato Brasileiro. Os craques Hulk e Kaio Jorge também não balançavam as redes desde julho e agosto, respectivamente, pelas equipes mineiras.

Além do jejum, o clube celeste, terceiro colocado do Brasileirão, entrou pressionado pelas vitórias de Palmeiras e Flamengo, por 5 a 1 e 3 a 0 sobre Bragantino e Botafogo. Se o retrospecto recente contra o arquirrival era positivo, o desempenho diante dos times da parte de baixo da tabela nem tanto. Tendo vencido todos os adversários do G7, a Raposa deixou pontos preciosos contra Santos, Vasco, o lanterna Sport e o próprio Atlético, em derrotas e empates ao longo do campeonato.

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Pelo lado alvinegro, uma vitória no clássico seria essencial para embalar a recuperação na tabela. O Galo vinha de triunfo por 3 a 1 sobre o Sport, em partida adiada da Data FIFA, mas antes havia perdido por 3 a 0 para o Fluminense, no Rio, e empatado em 0 a 0 com o Juventude, em casa.

Nas redes sociais, torcedores de ambos os clubes demonstraram certo desânimo com o confronto — o sexto no ano e o terceiro em menos de dois meses. Em campo, na Arena MRV, com torcida única alvinegra, as equipes começaram se estudando.

O jogo começava a esquentar, e o Atlético ensaiava incomodar o Cruzeiro, quando William, em lance infeliz, atingiu o goleiro Cássio na cabeça. O arqueiro cruzeirense ficou inconsciente e precisou ser substituído por Léo Aragão, após mais de seis minutos de paralisação. Antes do intervalo, a equipe médica do Cruzeiro informou que Cássio seria encaminhado a um hospital de Belo Horizonte para exames complementares. Mesmo deixando o campo andando, o goleiro chegou a cuspir sangue após o desmaio.

Com a bola rolando novamente, o árbitro Paulo César Zanovelli aplicou cartões amarelos em Kaiki e Kaio Jorge, do Cruzeiro, após entradas duras em Rony e Ivan Román, do Atlético. Curiosamente, o juiz chegou a mostrar o cartão vermelho para ambos os cruzeirenses, confundindo as cores duas vezes em menos de dois minutos

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Pouco depois da paralisação para substituição de Cássio, foi a vez do zagueiro Jonathan Jesus desabar em campo. O defensor celeste passou mal e chegou a vomitar no gramado sintético da Arena.

Quando o jogo enfim fluiu, o Atlético levou mais perigo ao gol adversário: foram nove finalizações alvinegras contra apenas duas do Cruzeiro na primeira etapa. O Galo também cometeu mais faltas (11 a 9), em um duelo recheado de provocações e reclamações com a arbitragem.

Se as paralisações do primeiro tempo não foram suficientes, o Cruzeiro também não teve pressa para retornar para o segundo tempo. O Atlético ficou um bom tempo em campo esperando o retorno dos rivais para o segundo tempo. Com a bola rolando, entretanto, os dois times mostraram a que vieram no segundo tempo. 

Logo aos três minutos, em recuo infantil de Gabriel Menino, Kaio Jorge roubou a bola e tocou para Matheus Pereira abrir o placar. Um minuto depois, o Atlético respondeu: Ruan aproveitou cruzamento de Guilherme Arana e empatou de cabeça.

Antes da nova saída de bola, Lucas Romero recebeu cartão vermelho por reclamação, mas, após revisão do VAR, a expulsão foi revertida: o vermelho foi aplicado a Kaio Jorge, por gesto insinuando favorecimento da arbitragem no escanteio que originou o gol atleticano, lance que ele considerava tiro de meta.

A confusão se estendeu, com o camisa 92 do Atlético, Dudu, provocando ex-companheiros cruzeirenses, que responderam à altura. O jogo ficou parado por mais de seis minutos e quarenta segundos.

Com um jogador a mais, o Atlético era só pressão. O técnico Jorge Sampaoli trocou os amarelados Arana e Román por Hulk e Caio Paulista, e ainda promoveu as entradas de Natanael e Biel nos lugares de Menino e Dudu. 

No Cruzeiro, Leo Jardim substituiu Wanderson por Eduardo e mesmo em desvantagem numérica, o Cruzeiro buscava o contra-ataque. Com o jogo nervoso, Gabigol foi acionado no lugar de Matheus Pereira. Pelo Galo, Reinier entrou na vaga de Rony e recebeu cartão amarelo logo em seguida, por falta em Chrystian.

Sem grandes emoções até o fim, apenas mais um amarelo para o goleiro Léo Aragão por retardar o tiro de meta, o árbitro deu nove minutos de acréscimo. Antes do apito final, Leo Jardim ainda colocou Arroyo e Wallace nas vagas de Romero e Chrystian.

No contexto da partida, o empate com um jogador a menos, após resistir a uma blitz estéril do Atlético, acabou sendo um bom resultado para o Cruzeiro. Na briga pelo título, porém, significou ver Flamengo e Palmeiras se distanciarem na liderança ao deixar mais dois pontos pelo caminho.

 O time azul parece ter se sentido confortável em abrir mão da disputa pelo título nacional em função do discurso da direção em focar na classificação direta pela Libertadores. Aparentemente, o Cruzeiro de futebol vistoso do primeiro turno ficou para as finais da Copa do Brasil, em dezembro, mas será que até lá o time não desaprendeu a jogar? Para o Galo, foi mais um empate em casa na tentativa de reagir na tabela. Para ambos, o terceiro empate no ano e o segundo pelo Brasileirão.

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