Trump e o Nobel da Paz: entre conquistas diplomáticas e controvérsias

O recente acordo de cessar-fogo entre Israel e Hamas, mediado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reacendeu debates sobre a possibilidade de o líder americano ser contemplado com o Prêmio Nobel da Paz de 2025. Apesar da ampla repercussão internacional, especialistas apontam que a candidatura de Trump enfrenta obstáculos significativos, enquanto líderes mundiais expressam visões diversas sobre o feito.

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Em outubro de 2025, Trump foi creditado por facilitar um acordo de cessar-fogo e troca de prisioneiros entre Israel e Hamas, incluindo:

  • Cessar-fogo imediato
  • Liberação de 48 reféns israelenses
  • Retirada gradual das forças israelenses de Gaza
  • Desarmamento do Hamas
  • Criação de um governo de transição liderado por um corpo internacional

Em contrapartida, Israel liberaria quase 2.000 prisioneiros palestinos. O acordo foi celebrado pelo Hamas, que reconheceu o papel de Trump na promoção da paz, independência e autodeterminação em Gaza, e por líderes regionais, incluindo Catar, Egito e Turquia.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou que Trump “merece” o Nobel da Paz, considerando o acordo um “grande dia para Israel”.

Já o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, parabenizou Trump pelo “sucesso do histórico plano de paz para Gaza” e destacou a importância de manter o diálogo aberto entre os dois países.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, também reconheceu o avanço, pedindo cessar-fogo permanente, acesso humanitário irrestrito e esforços renovados para uma solução política duradoura.

O perfil oficial da Casa Branca no X fez uma publicação destacando que Donald Trump seria o “Presidente da Paz”.

O contraponto de Barack Obama

O ex-presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, elogiou o acordo como uma oportunidade para iniciar a reconstrução de Gaza e promover uma paz duradoura, mas não mencionou Trump nem o Hamas em suas declarações.

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Em postagem nas redes sociais, Obama escreveu:

“Após dois anos de perdas e sofrimento inimagináveis para as famílias israelenses e para o povo de Gaza, todos devemos nos sentir encorajados e aliviados por ver que o fim do conflito está ao nosso alcance; que os reféns ainda mantidos em cativeiro serão reunidos com suas famílias; e que ajuda vital poderá começar a chegar àqueles dentro de Gaza cujas vidas foram devastadas.”

Ele acrescentou que agora cabe a israelenses e palestinos, com o apoio dos EUA e da comunidade internacional, reconstruir Gaza e buscar um processo que reconheça a humanidade comum e os direitos básicos de ambos os povos.

Nobel da Paz 2025: possibilidade e controvérsias

Trump tem afirmado publicamente que deveria receber o Prêmio Nobel da Paz por encerrar conflitos globais. Em setembro, durante reunião com a cúpula militar dos EUA, ele declarou que seria “um insulto para o país” se não fosse premiado. Também mencionou o prêmio na Assembleia Geral da ONU, afirmando ter encerrado sete guerras, embora tal alegação tenha sido contestada.

Trump foi formalmente indicado por países como Israel, Camboja e Paquistão, mas as indicações ocorreram após o prazo limite para a edição de 2025, encerrado em 31 de janeiro, e portanto só terão validade para 2026.

Neste ano, o Prêmio Nobel da Paz recebeu 338 indicações (244 pessoas e 94 organizações), o maior número desde 2016. O vencedor será anunciado em sexta-feira (10 de outubro), recebendo medalha, diploma e prêmio equivalente a R$ 6,3 milhões.

Opinião de especialistas

Analistas afirmam que Trump dificilmente será o vencedor de 2025, pois sua candidatura contraria o espírito do prêmio. Nina Graeger, diretora do Instituto de Pesquisa da Paz de Oslo, destacou:

“Ele retirou os EUA da Organização Mundial da Saúde e do Acordo de Paris sobre o clima e iniciou uma guerra comercial contra antigos aliados. Não é exatamente isso que esperamos quando pensamos em um presidente pacífico ou em alguém interessado em promover a paz.”

Contudo, Graeger ressalta que Trump poderia ser um candidato forte para 2026, caso consiga consolidar cessar-fogo permanente na Ucrânia e em Gaza.

O vice-líder do Comitê Norueguês do Nobel, Asle Toje, alertou que a campanha intensa de Trump para influenciar a escolha do prêmio pode ter efeito negativo, e que o comitê trabalha em sigilo e isolamento para evitar pressões externas.

Perspectiva de especialistas para 2025

Especialistas acreditam que o prêmio deste ano tende a contemplar organizações humanitárias ou multilaterais, como:

  • ONU, que completa 80 anos
  • Comitê para a Proteção dos Jornalistas
  • Liga Internacional das Mulheres pela Paz e Liberdade
  • Corte Internacional de Justiça e Tribunal Penal Internacional

Halvard Leira, diretor do Instituto Norueguês de Assuntos Internacionais, afirma que há um retorno a “ideias clássicas de paz”, com foco em direitos humanos, democracia e liberdade de imprensa.

O acordo em Gaza consolidou Donald Trump como mediador internacional, recebendo apoio de líderes como Netanyahu, Modi e Guterres, e elogios cautelosos de Obama. Apesar disso, a possibilidade de receber o Nobel da Paz de 2025 é praticamente nula, tanto por questões de prazo quanto por critérios históricos do comitê.

Especialistas apontam que, caso Trump continue suas ações diplomáticas, uma candidatura para 2026 pode ser mais viável, mas seu histórico político e campanhas pessoais continuam sendo fatores controversos.

Autor

  • Nicolas Pedrosa

    Jornalista formado pela UNIP, com experiência em TV, rádio, podcasts e assessoria de imprensa, especialmente na área da saúde. Atuou na Prefeitura de São Vicente durante a pandemia e atualmente gerencia a comunicação da Caixa de Saúde e Pecúlio de São Vicente. Apaixonado por leitura e escrita, desenvolvo livros que abordam temas sociais e histórias de superação, unindo técnica e sensibilidade narrativa.

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