Após mais de dois anos de cativeiro, o grupo terrorista Hamas libertou, na madrugada desta segunda-feira (13), os 20 reféns israelenses que ainda estavam vivos sob seu poder na Faixa de Gaza. A ação faz parte de um acordo de cessar-fogo firmado entre Israel e o Hamas, mediado por Estados Unidos, Egito, Catar e Turquia.
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Segundo o governo israelense, havia 48 reféns ainda sob controle do Hamas, sendo 20 libertos com vida nesta operação. Outros 28 reféns estão mortos, conforme informou o gabinete de segurança de Israel, embora dois desses casos ainda estejam sob investigação oficial, sem confirmação definitiva do óbito.
O prazo para libertação total dos reféns se encerrava às 6h desta segunda-feira (horário de Brasília). O Hamas, entretanto, solicitou mais tempo para localizar e devolver os corpos das vítimas que morreram durante o cativeiro.
O acordo de cessar-fogo, apresentado no fim de setembro pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, prevê o fim dos bombardeios israelenses em Gaza, a retirada gradual das tropas do território palestino e a libertação simultânea de prisioneiros por ambas as partes.
Como contrapartida à libertação dos reféns, o governo de Israel libertou cerca de 2 mil prisioneiros palestinos, incluindo 250 condenados à prisão perpétua por crimes contra o Estado israelense e sua população.
Os detentos libertos embarcaram em ônibus da Cruz Vermelha, sendo transferidos para Gaza, Cisjordânia e outros países árabes. Imagens divulgadas pelas agências internacionais mostraram palestinos comemorando a chegada dos prisioneiros libertos, enquanto familiares israelenses aguardavam ansiosos pela confirmação do retorno de seus entes queridos.
A guerra entre Israel e o Hamas começou em 7 de outubro de 2023, quando o grupo terrorista lançou um ataque surpresa, matando cerca de 1,2 mil pessoas e sequestrando 251 reféns, segundo o balanço oficial israelense.
Desde então, Israel conduziu sucessivas ofensivas militares na Faixa de Gaza, buscando eliminar as lideranças do Hamas e resgatar os sequestrados. Diversos reféns foram libertos ao longo de outros dois acordos de cessar-fogo intermediados pela comunidade internacional, mas as negociações sempre foram marcadas por impasses e denúncias de violações humanitárias.

O plano atual de paz — divulgado pela Casa Branca no final de setembro — determinou a redução da área de ocupação israelense em Gaza de 75% para 53%, após um recuo tático das tropas para linhas de contenção previamente acordadas com o Hamas.
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O cumprimento do acordo teve supervisão da Cruz Vermelha e observadores da ONU, que acompanharam o traslado dos reféns libertados até o território israelense, onde foram submetidos a exames médicos e acolhimento psicológico.
O governo da Turquia anunciou a criação de uma força-tarefa para ajudar o Hamas a localizar os corpos dos reféns mortos, ainda enterrados ou desaparecidos em meio aos escombros dos bombardeios.
Ainda não há prazo para a devolução integral dos restos mortais, mas fontes diplomáticas confirmam que as buscas começaram neste domingo (12).
Apesar da libertação dos reféns e do cessar-fogo inicial, diversos pontos do acordo seguem sem definição. Entre eles:
- Como será feita a transição de governo na Faixa de Gaza, conforme a proposta dos Estados Unidos;
- Se o Hamas entregará suas armas, ponto de grande resistência por parte do grupo;
- O modelo de tutela internacional sobre Gaza, algo que o Hamas rejeita veementemente;
- O papel das forças internacionais no monitoramento da paz.
O presidente Donald Trump afirmou que o acordo é apenas “a primeira fase de um plano mais amplo” e que novas rodadas de negociação ocorrerão nas próximas semanas.
Uma cerimônia oficial de assinatura do tratado deve acontecer ainda nesta segunda-feira, no Egito, com a presença de Trump e mais de 20 lideranças internacionais, incluindo representantes das Nações Unidas e da União Europeia.
Para analistas internacionais, a libertação dos 20 reféns representa um marco simbólico na tentativa de encerrar o conflito que devastou a Faixa de Gaza e deixou mais de 38 mil mortos, segundo estimativas palestinas.
A opinião pública israelense, no entanto, segue dividida. Parte da população considera o acordo uma vitória diplomática, enquanto outra parcela critica o governo por ter libertado criminosos condenados em troca de reféns.
Ainda assim, o momento é visto como uma rara oportunidade de reconstrução política e humanitária após dois anos de destruição e sofrimento.
Resumo do que aconteceu:
- Hamas libertou 20 reféns israelenses vivos após mais de 700 dias de cativeiro;
- Israel afirma que 28 reféns ainda sob poder do grupo estão mortos;
- Cerca de 2 mil prisioneiros palestinos foram libertados por Israel em troca;
- O acordo foi mediado por EUA, Egito, Catar e Turquia;
- Cessar-fogo em vigor com recuo parcial das tropas israelenses em Gaza;
- Cerimônia de assinatura do acordo de paz será realizada no Egito.









