O Ministério da Saúde da Palestina na Faixa de Gaza emitiu um apelo alertando que os serviços de banco de sangue estão à beira do colapso em poucos dias. O comunicado, emitido nesta segunda-feira (15), refere-se à grave escassez de unidades de sangue e suprimentos críticos devido ao conflito envolvendo Israel, Palestina e a Faixa de Gaza.
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Além disso, pelo menos 64.964 pessoas foram mortas em ataques israelenses em Gaza desde o início do conflito, de acordo com o Ministério da Saúde do território administrativo pelo Hamas, cujos números são vistos como confiáveis pela ONU.
Colapso
Em um comunicado de imprensa, o Ministério Palestino pediu ao Reino Hashemita da Jordânia que enviasse imediatamente unidades de sangue para salvar as vidas dos feridos em Gaza, onde os hospitais estão sobrecarregados com o aumento das vítimas da guerra.
“O setor de saúde requer pelo menos 350 unidades de sangue e componentes sanguíneos todos os dias para atender às necessidades dos pacientes e dos feridos, especialmente com o aumento acentuado nas cirurgias de emergência e casos de trauma”, disse o comunicado.
Também alertou que os estoques laboratoriais de bolsas de sangue e equipamentos essenciais de transfusão já atingiram zero.
O ministério expressou sua “profunda gratidão à liderança e ao povo da Jordânia por seu apoio histórico e honroso à causa palestina e suas contínuas iniciativas humanitárias que fortalecem a firmeza de nosso povo em Gaza”.
Concluiu enfatizando a confiança de que a Jordânia responderia com urgência para fornecer “uma tábua de salvação para milhares de pacientes e os feridos”.
Visão mundial
Segundo uma Comissão de Inquérito Independente nomeada pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU, as ações de Israel em Gaza “constituem genocídio”.
A presidente da Comissão, Navi Pillay, falou a jornalistas, em Genebra, sobre o assunto.
“Está claro que há a intenção de destruir os palestinos em Gaza por meio de atos que atendem aos critérios estabelecidos na Convenção para Prevenção e Punição do Crime de Genocídio”.
Segundo relatório da Comissão, as autoridades e forças de segurança israelenses cometeram quatro dos cinco atos classificados de genocidas e definidos pela Convenção. Eles são:
- assassinato;
- danos físicos e mentais graves;
- provocar deliberadamente condições de vida calculadas para causar a destruição de um povo; e
- impor medidas para impedir nascimentos.
O Ministério das Relações Exteriores de Israel rejeitou as conclusões do relatório da Comissão, classificando-as como “falsas”. O embaixador israelense, Daniel Meron, declarou em encontro com a imprensa que a publicação de mais de 70 páginas é “escandalosa” e baseada em “mentiras do Hamas”.
Conflito histórico – e atual
O conflito entre Israel e Palestina é uma das disputas mais longas e violentas no mundo, com sua origem datada de muitas décadas atrás.
Até pouco depois da Segunda Guerra Mundial, árabes e judeus viviam em um mesmo território: a Palestina. Porém, a situação mudou quando as Nações Unidas (ONU) votaram pela divisão da Palestina em estados judeus e árabes separados. Jerusalém tornaria-se uma cidade internacional.
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Contudo, nenhuma nação árabe apoiou a divisão e líderes judeus na Palestina declararam um estado independente conhecido como Israel. O estado foi reconhecido pela ONU no ano seguinte.
Após o reconhecimento do estado de Israel e a divisão da Palestina, muitos conflitos marcaram a relações entre os dois países – e dos vizinhos ao redor.
Países como o Egito, a Jordânia e a Síria interferiram em territórios palestinos e israelenses, participando em disputas como a Guerra Árabe-Israelense e a Guerra dos Seis Dias.
A guerra atual entre Palestina e Israel data de 7 de outubro de 2023, quando os combatentes do Hamas lançaram um ataque de Gaza, matando cerca de 1.200 pessoas em Israel e fazendo 251 reféns.
O evento desencadeou uma enorme ofensiva militar israelense, por terra, mar e ar.
A contagem de mortos atual está em cerca de 65.000 pessoas, sendo civis a maior parte dos mortos (83%).
Em julho desse ano, o Reino Unido e 27 outras nações, incluindo França, Itália e Japão, pediram o fim imediato da guerra. Eles disseram que o sofrimento dos civis “atingiu novas profundidades”.
Agora, a fome virou um grande problema. Também no mês de julho, especialistas apoiados pela ONU alertaram que o “pior cenário de fome está se desenrolando atualmente” na Faixa de Gaza. A Classificação Integrada de Fase de Segurança Alimentar (IPC) disse que havia evidências crescentes de que a fome generalizada, a desnutrição e as doenças estavam impulsionando um aumento nas mortes relacionadas à fome.
As agências da ONU culparam a crise por Israel, que controla a entrada de todos os suprimentos no território.
Israel insistiu que não há restrições às entregas de ajuda e que “não há fome”.