Após quase um ano de impasse, o Congresso norte-americano aprovou, por ampla maioria nesta terça-feira (18), a abertura total dos arquivos do caso do empresário Jeffrey Epstein.
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O processo foi aprovado com 427 votos a favor e apenas 1 contra, e seguiu no mesmo dia para o Senado, por onde o projeto passou automaticamente após uma moção do senador democrata Chuck Schumer, líder da minoria na Casa.
O texto agora segue para a sanção do presidente dos EUA, Donald Trump. Ele havia se comprometido a assinar a medida caso houvesse aprovação do Congresso.
A aprovação impõe uma derrota política para Trump, que vinha se opondo á divulgação dos arquivos, rompendo uma de suas promessas de campanha. No fim de semana, no entanto, Trump mudou de posição após não conseguir convencer republicanos a votarem contra a medida, e passou a defender a divulgação dos arquivos.
Os documentos são todas as provas que compuseram as investigações sobre Jeffrey Epstein, um empresário estadunidense e amigo próximo de Donald Trump, conhecido por sua vasta rede de contatos com políticos, celebridadades e empresários de alto nível.
Epstein foi acusado de ter abusado de mais de 250 meninas menores de idade e de operar uma rede de exploração sexual. Ele foi preso em julho de 2019 e, segundo as autoridades dos EUA, tirou a própria vida cerca de um mês depois dentro de sua cela.

➡️ A resolução que obrigava o governo a tornar público os papeis foi aprovada nesta terça com 427 votos a favor e apenas 1 contra, além de 5 abstenções, dois republicanos e três democratas não depositaram seus votos. No total, 216 deputados do Partido Republicano, de Trump, apoiaram a medida. O único voto contrário foi do republicano Clay Higgins, eleito pela Louisiana.
A aprovação é o primeiro passo para encerrar uma das grandes polêmicas do segundo governo do Donald Trump, que voltou à Casa Branca em janeiro deste ano. Antes, em campanha, Trump foi uma das principais vozes defensoras da abertura dos arquivos, que ele dizia que poderiam incriminar nomes do Partido Democrata.
Após assumir, no entanto, ele começou a mudar de opinião e passou a criticar a abertura dos arquivos. A posição duriu até semana passada, quando Trump chamou de ‘fracos e tolos’ os republicanos que pediam a divulgação dos itens.
“Os republicanos da Câmara deveriam votar para divulgar os arquivos de Epstein, porque não temos nada a esconder”, disse ele, na ocasião.
Dias depois, em postagem nas redes sociais, o republicano afirmou que não se importava com o caso e que era hora de “seguir em frente dessa farsa dos democratas”, “ninguém se importava com Jeffrey Epstein quando ele estava vivo e, se os Democratas tivessem qualquer coisa, teriam divulgado antes da nossa vitória eleitoral por lavada”, continuou.
Antes da divulgação total dos papéis, o governo, pressionado, liberou alguns documentos a congressistas.
Em um deles, contendo e-mails trocados por Jeffrey Epstein e aliados, Epstein alegou que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, “sabia” de suas condutas e que certa vez Trump “passou horas” em sua casa com uma vitima de abuso.
Segundo os democratas do Congresso, os e-mails levantam novas dúvidas sobre a relação entre Trump e Epstein. Em uma das mensagens vistas pelos congressistas, o bilionário afirma categoricamente que o presidente “sabia sobre as meninas”, muitas das quais foram posteriormente identificados pelos investigadores como menores de idade.
A Casa Branca acusou os democratas do Congresso de vazamento seletivo dos e-mails para manchar a reputação de Trump.
Em um e-mail de abril de 2011, Epstein disse a Ghislaine Maxwell, sua assistente e confidente que, mais tarde, seria condenada por acusações relacionadas à facilitação de seus crimes: “Quero que você perceba que o cachorro que não latiu é Trump.” Ele acrescentou que uma vítima não identificada “passou horas na minha casa com ele…. e nunca foi mencionada uma única vez.”

Em outro emial divulgado nesta quarta, Epstein reflete sobre como deveria responder a perguntas da imprensa sobre sua relação com Trump, que à época começava a ganhar destaque como figura política nacional.
O caso Epstein é uma crise do governo Trump. A população americana, incluindo os apoiadores do presidente, demandam a publicação total dos documentos ligados ao criminoso sexual.

Durante a campanha, Trump chegou a promover a divulgação da “lista” de clientes do esquema de abuso sexual infantil, um suposto documento que estaria entre as anotações de Epstein.
A pressão aumentou sobre o governo Trump após o Departamento de Justiça ter publicado, em fevereiro, alguns documentos do caso, porém sem novidades.









