O médico Salvador Plasencia, de 43 anos, confessou nesta quarta-feira (23) ser culpado de quatro acusações federais por distribuição ilegal de cetamina relacionada à morte do ator Matthew Perry. Ele se declarou culpado diante da juíza Sherilyn Peace Garnett no Tribunal Federal de Los Angeles e agora poderá ser condenado a até 40 anos de prisão. A sentença está marcada para o dia 3 de dezembro. Em troca do acordo de confissão, três acusações adicionais de distribuição de cetamina e duas de falsificação de registros foram retiradas.
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Plasencia admitiu que forneceu ao ator, que sofria de depressão e dependência química, cerca de 20 frascos de cetamina, além de pastilhas e seringas, no mês que antecedeu sua morte. Parte dessas doses foi administrada por ele e outra pelo assistente pessoal de Perry, conforme revelado nos autos. Embora não tenha sido o responsável direto pela dose fatal, ele reconheceu ter deixado o medicamento para que os procedimentos continuassem fora do ambiente clínico.
Mensagens obtidas durante a investigação mostram que o médico chegou a se referir ao ator de forma ofensiva e cobrava valores elevados pela substância. Segundo os promotores, Plasencia comprava a droga por valores baixos e revendia com grande margem de lucro, se aproveitando da fragilidade do paciente.
A defesa afirmou que o médico está profundamente arrependido pelas decisões que tomou e que entregará voluntariamente sua licença médica nos próximos 45 dias. Ele permanece em liberdade sob fiança até a data da sentença.
A luta contra o vício e os últimos anos de Matthew Perry
Matthew Perry ficou mundialmente conhecido por interpretar Chandler Bing na série “Friends”, exibida entre 1994 e 2004. Ao longo da carreira, falou abertamente sobre sua luta contra o vício em álcool e medicamentos, que começou ainda durante as gravações da série. Ao todo, passou por mais de uma dezena de internações e tratamentos ao longo da vida.
Em outubro de 2023, o ator foi encontrado morto na jacuzzi de sua casa, em Los Angeles. A causa da morte foi atribuída a uma overdose acidental por cetamina, com outros fatores contribuintes, como o uso de buprenorfina e histórico de problemas cardíacos. A investigação criminal foi iniciada após a autópsia indicar níveis elevados da substância no organismo do ator.
Um ano antes de sua morte, Perry lançou a autobiografia “Friends, Lovers and the Big Terrible Thing”, em que narra sua trajetória pessoal e a batalha constante contra a dependência química. O livro teve grande repercussão e reacendeu debates sobre saúde mental e o impacto da fama na vida de artistas.
Com a confissão de Plasencia, quatro dos cinco acusados no caso já se declararam culpados. A única ré que ainda não chegou a um acordo é Jasveen Sangha, conhecida como “Rainha da Cetamina”, acusada de fornecer a dose fatal ao ator. O julgamento dela está previsto para os próximos meses.