Diego Martins não gosta de rótulos. Aos 28 anos, o paulista que ficou conhecido do grande público ao interpretar o carismático Kelvin, em Terra e Paixão, agora dá novos passos na carreira e está prestes a lançar seu primeiro álbum solo, Tanto, pela Universal Music. Ele já foi drag queen, dublador, cantor de trio pop e estrela de teatro musical, mas prefere se definir com uma palavra só: artista.
Em entrevista ao portal F5, da Folha de S.Paulo, Diego relembra sua trajetória artística, fala sobre representatividade, controle criativo e o novo momento na música.
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Desde a infância, Diego esteve envolvido com arte. Incentivado pelos pais, passou por diversas linguagens até se encontrar no teatro, sua primeira paixão. Ainda assim, nunca quis escolher um único caminho.
“Não sou um ator que canta, nem um cantor que atua. Eu sou artista, e ponto”, afirma, em tom direto.
Essa inquietação criativa o levou a circular por diferentes palcos, telas e, agora, pelos estúdios de gravação.
Um artista além da sexualidade
O sucesso como Kelvin, personagem gay em uma novela do horário nobre, abriu portas, mas também trouxe questionamentos. Diego se incomoda com a forma como atores LGBTQIA+ muitas vezes são limitados a determinados tipos de papel.
“Não estudei para ser um ator gay. Eu sou gay porque essa é a minha vida, mas estudei para ser ator”, diz, reforçando que quer interpretar personagens diversos, com narrativas que não se resumam à sexualidade.
Embora não rejeite papéis semelhantes, ele acredita que é preciso ampliar o olhar dentro da indústria:
“Existe, sim, esse estigma, e é preocupante. Mas eu faço tantas outras coisas que não chega a me machucar, sabe? A gente vai lutando, vai conversando com produtores de elenco e vai abrindo as cabeças por aí também.”
A música como espaço de liberdade
O álbum Tanto marca sua estreia solo no mercado fonográfico e mostra um lado ainda mais íntimo do artista. Com sonoridade que mistura pop com elementos brasileiros e internacionais, o trabalho fala sobre amor, saudade, recomeços e abandono, com um olhar sensível e particular.
“Sou uma pessoa que gosta de falar de romance, mas sob outros pontos de vista. Gosto de brincar com a melancolia”, conta.
Suas referências musicais são tão variadas quanto sua trajetória: de Zé Ramalho a Madonna, passando por Queen, Gilberto Gil, Marina Sena e Charli XCX. Mas é Lady Gaga quem ocupa um lugar especial na sua formação artística, pela liberdade estética, pela ousadia e por também ser uma multiartista.
O projeto tem direção criativa compartilhada com Larissa Castilho e Lennon Silva, parceiros de longa data. Mesmo com o peso de uma grande gravadora por trás, Diego fez questão de manter controle sobre todas as etapas do processo.
“Tive medo de perder o controle criativo, mas isso não aconteceu. A palavra final sempre foi minha.”
De reality show à dublagem
Diego começou a chamar atenção ao vencer o reality Queen Stars Brasil, em 2022, ao lado das drags Red e Leila. Juntas, elas formaram o trio Pitayas, que gravou um EP pela Universal. A experiência deixou um gostinho de quero mais e pavimentou o caminho para o contrato solo com a gravadora.
Além da música, Diego também se aventura na dublagem. Ele é a voz de “Sem Nome” no filme Smurfs: O Grande Filme, que estreia no dia 17. Além disso, já gravou um longa-metragem que deve chegar aos cinemas ainda este ano. Na televisão, novos projetos estão por vir, mas, por enquanto, ele precisa manter segredo.