São Paulo FC (2020-2025): um balanço entre conquistas, fracassos e aumento do déficit financeiro

O São Paulo Futebol Clube, um dos clubes mais tradicionais do futebol brasileiro, viveu nas últimas décadas ciclos de conquistas esportivas e turbulências administrativas que moldaram sua trajetória recente. A partir de 2011, com mudanças estatutárias que permitiram a permanência de Juvenal Juvêncio em um terceiro mandato, o clube passou a enfrentar uma combinação complexa de centralização de poder, disputas internas e decisões de curto prazo voltadas à obtenção de resultados imediatos.

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Essa reconfiguração institucional criou um padrão em que políticas de gestão, finanças e contratações frequentemente se chocam com a necessidade de sustentabilidade de longo prazo, influenciando diretamente os sucessivos mandatos que se seguiram.

A chegada de Júlio Casares à presidência, em 2021, trouxe promessas de profissionalização, equilíbrio financeiro e decisões técnicas no futebol, alinhando-se a um desejo antigo de conciliar títulos com responsabilidade administrativa.

No entanto, a prática mostrou-se mais complexa: entre 2021 e 2024, o clube realizou cerca de 45 contratações, muitas delas de alto custo e retorno limitado, enquanto tentava reconectar-se emocionalmente com a torcida e manter competitividade em torneios nacionais e internacionais. O contraste entre discurso e ação evidencia o dilema central da gestão: equilibrar a necessidade de resultados esportivos imediatos com a disciplina financeira e estrutural.

O ano de 2024 representou o ponto crítico dessa equação. Com um déficit recorde de R$ 287 milhões e dívida consolidada próxima de um ano de faturamento, o clube precisou adotar medidas emergenciais, como venda de jovens talentos, cortes na folha e reestruturação de ativos da base de Cotia. O cenário atual combina êxitos esportivos, como a conquista da Copa do Brasil de 2023, com desafios financeiros e políticos que repercutirão nas eleições de 2026.

Os tópicos a seguir detalham esse contexto, analisando contratos, custos, decisões estratégicas e caminhos possíveis para o futuro do São Paulo FC, oferecendo uma visão abrangente da tensão entre glória esportiva e sustentabilidade institucional.

As informações apresentadas neste texto foram compiladas a partir de veículos de imprensa, como UOL Esporte, Globo Esporte, O Globo, Gazeta Esportiva, Bola Vip, ESPN, Arquibancada Tricolor, Blog do São Paulo e demais que cobriram a mudança estatutária de 2011, as eleições e decisões internas do São Paulo FC, além de reportagens sobre as gestões de Juvenal Juvêncio, Carlos Miguel Aidar, Leco e Julio Casares.

Foram consultados documentos jurídicos e decisões do TJ-SP e do STF, referentes às contestações sobre a reeleição de Juvenal e impactos na governança do clube. Também se baseou em trabalhos acadêmicos sobre gestão e governança de clubes de futebol, como pesquisas da FGV EAESP que analisam incentivos institucionais e políticas internas.

Por fim, atas do Conselho Deliberativo do São Paulo FC e registros oficiais do clube forneceram suporte histórico e institucional para entender os ciclos de poder, rachaduras internas e decisões financeiras que moldaram o período analisado.

1) O ponto de virada: a mudança estatutária de 2011 e o legado de Juvenal Juvêncio

A narrativa institucional do São Paulo no século XXI tem um marco difícil de subestimar: a virada de 2011, quando o Conselho Deliberativo aprovou mudanças estatutárias que viabilizaram a permanência de Juvenal Juvêncio em um terceiro mandato e reconfiguraram as relações de poder internas do clube. A mudança — aprovada em votação no conselho e posteriormente contestada em tribunais — não foi apenas um ajuste de regras; foi o sinal de que estruturas internas privilegiariam a continuidade de comando e davam margem a processos políticos que, nos anos seguintes, se traduziriam em ciclos de crise, racha e busca por “estabilidade a qualquer custo”.

Juvenal Juvêncio, ex-presidente do São Paulo - Foto: Vanessa Carvalho/Brazil Photo Press/Ag. O Globo
Juvenal Juvêncio, ex-presidente do São Paulo – Foto: Vanessa Carvalho/Brazil Photo Press/Ag. O Globo

Juvenal, figura polarizadora da política tricolor, consolidou um padrão: quando a centralização se aproximava do fim de um ciclo, surgiam dissensões, acusações de “arquitetura eleitoral” e uma sequência de decisões com impacto de longo prazo sobre finanças e governança. O episódio de 2011 deixou dois efeitos colaterais duradouros. Primeiro, reforçou a cultura de que reformas estatutárias e manobras internas são instrumentos legítimos para preservar grupos no poder — algo que moldou a forma como candidatos e grupos se comportaram nas eleições dos anos seguintes. Segundo, institucionalizou um ritual: perto das eleições, rachaduras internas emergem, alianças se rearranjam e decisões de curto prazo (contratações, alocação de recursos, mudanças na diretoria de futebol) são impulsionadas por cálculo político, nem sempre técnico.

A consequência prática foi a mudança de foco na gestão: desde então, discursos sobre “profissionalização” e “equilíbrio fiscal” convivem com práticas que priorizam resultados imediatos — títulos, reconexão com a torcida, popularidade em conselhos — mesmo que isso peça sacrifícios financeiros. Essa tensão entre horizonte político curto e necessidades financeiras de longo prazo tornou-se uma sombra recorrente que atravessa as gestões subsequentes — Aidar, Leco e, mais recentemente, Julio Casares. Ao analisar qualquer mandato do São Paulo a partir de 2011, é preciso considerar como a política interna e a alteração do estatuto criaram incentivos divergentes: a tentação do triunfo esportivo imediato versus a disciplina financeira sustentável.

No plano jurídico-político, as contestações que se seguiram ao processo de 2011 — incluindo ações no TJ-SP e discussões até o STF — não foram apenas litígios entre personalidades. Foram batalhas sobre modelo de governança e sobre quem controla os mecanismos de decisão do clube. A arena jurídica reforçou a ideia de que poder e governança no São Paulo sempre serão disputados em múltiplos palcos: conselhos, tribunais, eleições e, crucialmente, no campo simbólico do torcedor. Por isso, qualquer análise profunda sobre os problemas financeiros que emergiriam na década seguinte precisa começar por esse nó institucional: a alteração estatutária consolidou um padrão de governança que, nas formas e nas consequências, alimentou decisões de curto prazo.

Por fim, o legado de 2011 também ajudou a explicar por que, nas gestões seguintes, quando crises econômicas aparecem (queda de receita, necessidade de vender ativos, salários elevados), o caminho de resposta frequentemente passa por estratégias políticamente palatáveis: contratações “de impacto” para acalmar a torcida, projetos de imagem e ações de comunicação que priorizam narrativa vencedora. Ou seja: a deriva financeira tem raiz não só em erros técnicos, mas em incentivos institucionais herdados daquele momento de reconfiguração estatutária — um nó que torna reformas profundas mais complexas.

2) As promessas de Júlio Casares e a dissonância entre discurso e prática

Quando Júlio Casares se candidatou e assumiu a presidência (final de 2020), seu discurso foi claro: profissionalizar, equilibrar as contas e priorizar decisões técnicas no futebol:

não contratar por nome, mas por análise”, repetiu em entrevistas de campanha.

Era uma promessa que casava com um sentimento dominante entre conselheiros e parcela da torcida: era hora de reconciliar o São Paulo com a gestão responsável, frear gastos extraordinários e finalmente traduzir títulos em plataforma de sustentabilidade. O cenário de 2020 ainda trazia as marcas de gestões anteriores: dívidas acumuladas, receitas pressionadas e uma base formativa que, se bem gerida, poderia funcionar como amortecedor econômico e fonte de atletas.

Contudo, a cisão entre palavra e ato foi visível já nos anos seguintes. A gestão Casares, em parceria com a diretoria de futebol, promoveu um intenso fluxo de contratações: entre 2021 e 2024, segundo levantamento de especialistas e bases públicas como Transfermarkt e reportagens detalhadas, o clube contratou cerca de 45 atletas — movimentação muito acima da média e que traz consigo custos diretos (transferências) e indiretos (salários, luvas, direitos de imagem). Essa política de “volume de reforços” colide com a ideia de “contratar só por análise” e, na prática, explica parte do estresse nas finanças do clube.

Outro ponto sensível foi a contratação de nomes de apelo internacional — notória as chegadas de Galoppo, James Rodríguez, Lucas Moura ou Oscar Emboaba — que possuem pesos simbólicos e midiáticos, mas traz um custo operacional que, quando associado a desempenho irregular, vira elefante na sala: alto salário com retorno esportivo limitado. O caso de James (e outros “nomes”) evidencia um conflito de prioridades: reconexão emocional com a torcida e imagem do clube versus disciplina orçamentária. Decisões assim, que agradam a curto prazo, penalizam a sustentabilidade.

São Paulo: Apresentação Lucas Moura e James Rodríguez - Foto: Divulgação/Marcos Ribolli
Apresentação Lucas Moura e James Rodríguez – Foto: Divulgação/Marcos Ribolli

Casares, por sua vez, em entrevistas públicas mais recentes, assumiu a responsabilidade:

a reconexão com o torcedor tem um custo”, disse Casares.

Mas, a gestão optou por correr certos riscos para reconquistar a torcida e a competitividade do elenco. Em outras palavras: a promessa de equilíbrio foi sacrificada em nome de objetivos esportivos e eleitorais (a reaproximação com a torcida também pesou politicamente). Essa confissão pública é relevante, porque coloca a decisão no campo da escolha explícita — não mais um erro técnico inadvertido, mas uma decisão política sobre trade-offs entre vitória/presença e saúde financeira.

O resultado dessa dissonância ficou cristalino em 2024: títulos e momentos esportivos coexistiram com um salto do déficit e da dívida, levando a medidas duras em 2025 (venda de jovens talentos, cortes, busca de instrumentos financeiros). Esse choque entre promessa e prática ajuda a explicar por que a narrativa de “profissionalização” do início do mandato não se consolidou: os incentivos internos, a pressão por resultados e a busca por legitimidade social influenciaram decisões que contrariaram o plano original.

3) A explosão da dívida em 2024 — números, causas e implicações

O ano de 2024 foi marcado como o mais arriscado do ponto de vista financeiro na gestão de Julio Casares: o balanço consolidado mostrou um déficit de R$ 287 milhões apenas naquele exercício — o maior desde que Casares assumiu — e uma dívida total que, em algumas apurações públicas, encostou na casa dos R$ 900 milhões (valores próximos a R$ 968 milhões foram mencionados em divulgações e reportagens). Esses números são críticos porque colocam o clube numa condição na qual a dívida se aproxima ou supera o montante de um ano de faturamento — uma relação que reduz margem para manobra e aumenta o custo de captação e reestruturação.

As causas desse salto não são simples nem monocausais. Entre os fatores apontados por análises internas e jornalistas especializados estão:

(i) alto gasto com folha salarial — sobretudo contratos com valores elevados e jogadores veteranos;

(ii) investimentos em contratações de risco que não geraram retorno imediato nem valores de revenda compatíveis;

(iii) investimentos operacionais e direitos de imagem que pesaram no caixa;

(iv) queda ou estagnação de receitas comerciais e de bilheteria em janelas específicas; e

(v) instrumentos financeiros contratados para alongar dívida que geraram efeito acumulado no curto prazo.

Relatórios e notas do clube, bem como cobertura da imprensa, citam que o déficit foi influenciado por “cirurgias” financeiras e perdas no mercado de transferências — jogadores que não valorizaram como esperado e vendas em condições desfavoráveis.

São Paulo terá um aumento de 35% em relação à dívida do último ano - Foto: Divulgação/Alex Silva/Estadão
São Paulo terá um aumento de 35% em relação à dívida do último ano – Foto: Divulgação/Alex Silva/Estadão

Uma leitura técnica aponta que ter um ano de faturamento equivalente à dívida é um sinal de alerta, não necessariamente de falência, mas de risco elevado. É um estado em que o clube passa a depender fortemente de medidas de liquidez (vendas de ativos, renegociação de dívidas, linhas de crédito) e menos de geração orgânica de caixa. O efeito colateral é claro: limitações para contratar em mercado aberto, perda de poder de barganha com agentes e jogadores, e pressão para transformar ativos (como jogadores da base) em receita imediata. É nesse contexto que surgem propostas como fundos de investidores para a base de Cotia, FIDC e outras medidas de securitização de recebíveis.

Politicamente, o choque do déficit de 2024 mudou o horizonte do mandato: medidas duras em 2025 (venda de jovens, contenção salarial, reestruturação) foram justificadas pela presidência como medidas necessárias para “recuperar o clube” e preparar um plano de longo prazo até o centenário de 2030. Mas a dinâmica é tensa: medidas de austeridade corroem capital político e podem gerar oposição no Conselho e entre torcida caso não sejam comunicadas ou não tragam resultados rápidos. Esse dilema — entre reequilíbrio contábil e manutenção da competitividade esportiva — será o nó de escolha do próximo período eleitoral.

4) Contratações 2021–2024: análise quantitativa e impactos econômicos

Entre 2021 e 2024 o São Paulo realizou um ciclo intenso de movimentações no mercado. Levantamentos independentes (cruzando Transfermarkt, reportagens e análises) apontam cerca de 45 contratações no período — número que, em termos práticos, significa um reforço médio superior a uma contratação por mês ao longo dos quatro anos. Esse dinamismo trouxe efeitos diretos na estrutura de custos do clube: além do desembolso por aquisição, há luvas, comissões a agentes, direitos de imagem e a obrigação contínua da folha salarial.

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Uma forma de mensurar o impacto é dividir as contratações por categorias de resultado: “sucesso”, “neutro”, “decepcionando” e “fracasso”. Levantamentos feitos por analistas do clube e por jornalistas mostraram que aproximadamente 20 contratações foram tratadas como fracassos — jogadores que não se firmaram, foram emprestados ou rescindiram contratos sem retorno financeiro — e que a soma dos investimentos diretos declarados (Transfermarkt) e custos estimados de manutenção apontavam para um prejuízo conservador na casa das centenas de milhões de reais (um estudo citado estimou R$ 156 milhões apenas para o grupo de 20 “fracassos”, contabilizando direitos + salários).

Casos emblemáticos ajudam a entender por que a estratégia de volume é arriscada: Orejuela (R$ 13,4 milhões por 50% dos direitos em 2021) nunca se firmou e rodou por empréstimos; James Rodríguez, contratação de apelo, teve desempenho aquém do custo; Galoppo, apontado como compra “premium”, sofreu lesões e saiu em empréstimo. Ao mesmo tempo, nomes como Calleri, Lucas Moura, Alan Franco e Wellington Rato garantiram retorno esportivo e identificação com a torcida — o que explica parte da resistência política a um movimento de austeridade radical.

Alguns jogadores contratados na atual gestão do clube - Foto: Divulgação/São Paulo FC
Alguns jogadores contratados na atual gestão do clube – Foto: Divulgação/São Paulo FC
Alguns jogadores contratados na atual gestão do clube - Foto: Divulgação/São Paulo FC
Alguns jogadores contratados na atual gestão do clube – Foto: Divulgação/São Paulo FC

Do ponto de vista financeiro, contratar em volume é uma estratégia que só compensa se houver disciplina na avaliação de risco/retorno: reduz-se a variância quando se aposta em ativos (jogadores) com probabilidade de valorização e/ou quando há capacidade de girar ativos via revendas. No caso do São Paulo, as evidências apontam que a governança das contratações, decisões sobre quem contratar, como mensurar risco, papel do departamento de análise, não conseguiu filtrar apostas ruim o suficiente. Resultado: altos custos de manutenção, ativos que não valorizaram e, em muitos casos, desgaste da margem de manobra financeira.

Relação das contratações "fracassadas" do SPFC, 2021 a 2024 - Foto: Reprodução/Blog do São Paulo
Relação das contratações “fracassadas”* do SPFC, 2021 a 2024 (“Fracasso” significa o desempenho do jogador não corresponder às expectativas geradas em sua contratação, não ter se firmado ao menos como opção de banco da equipe, ou ter saído do SPFC devido a questões comportamentais, dentro ou fora do local de trabalho) – Foto: Reprodução/Blog do São Paulo

Politicamente, a diretoria enfrentou a difícil equação de justificar contratações para a torcida (reconexão e prestígio) enquanto equilibrava a conta. A lição que emerge é técnica e institucional: para um clube que busca sustentabilidade, não basta ter discurso de profissionalização, é preciso implementar processos de avaliação de risco, governança transparente em contratações, pacto entre diretoria e Conselho sobre limites orçamentários e métricas claras de sucesso. Sem isso, a história de “gastar para aparecer” tende a se repetir, como mostram os ciclos pós-2011.

Estimativa do custo médio mensal, folha de pagamento e direito de imagem, jogadores do SPFC, 2021 a 2023 - Foto: Reprodução/Blog do São Paulo
Estimativa do custo médio mensal, folha de pagamento e direito de imagem, jogadores do SPFC, 2021 a 2023 (dados de 2024 não obtidos) – Foto: Reprodução/Blog do São Paulo

5) O custo da “reconexão com o torcedor” e o dilema títulos x finanças

O discurso de Júlio Casares e sua diretoria, repetido em entrevistas e eventos oficiais, tem um eixo central: a reconexão com o torcedor. Depois de mais de uma década de frustrações, com eliminações precoces e temporadas sem títulos relevantes, havia um consenso interno de que o São Paulo precisava se reaproximar da massa tricolor. Isso significava não apenas ganhar, mas mostrar ambição no mercado, resgatar ídolos, investir em nomes de peso e criar a sensação de que o clube voltava a “brigar como grande”.

Essa estratégia deu frutos esportivos. Sob Casares, o clube conquistou a Copa do Brasil de 2023, um título inédito e aguardado por décadas, além de ter voltado a disputar finais continentais e nacionais. Esses momentos trouxeram ao Morumbi picos de público (mais de 50 mil torcedores em jogos decisivos), aumento de adesões no programa de sócio-torcedor e um crescimento momentâneo na receita de bilheteria e matchday. Houve, de fato, reconexão emocional com a torcida.

Jogadores do São Paulo posam para foto durante a partida entre São Paulo e Flamengo, válida pela final da Copa do Brasil 2023, no Estádio do Morumbi, na zona sul de São Paulo, neste domingo, 24 de setembro de 2023 - Foto: Werther Santana/Estadão Conteúdo
Jogadores do São Paulo posam para foto durante a partida entre São Paulo e Flamengo, válida pela final da Copa do Brasil 2023, no Estádio do Morumbi, na zona sul de São Paulo, neste domingo, 24 de setembro de 2023 – Foto: Werther Santana/Estadão Conteúdo

O problema é que o preço financeiro dessa política foi altíssimo. Para bancar a volta de atletas como Lucas Moura (formado em Cotia e de grande apelo popular), investir em reforços internacionais como James Rodríguez, e segurar salários elevados de veteranos, o São Paulo inflou sua folha. Em 2024, reportagens apontaram que a folha salarial bruta do elenco ultrapassava a marca de R$ 15 milhões/mês, valor incompatível com a realidade de arrecadação líquida do clube. Isso, somado ao custo de direitos de imagem atrasados e rescisões, formou um passivo que estourou no balanço anual.

Ao mesmo tempo, os títulos conquistados e o aumento de público não foram suficientes para neutralizar o rombo estrutural. Especialistas apontam que, enquanto rivais como Palmeiras e Flamengo usavam títulos como trampolim para contratos milionários de patrocínio e receitas televisivas sustentáveis, o São Paulo transformava títulos em fôlego passageiro, sem alavancar grandes contratos de longo prazo. Em outras palavras: a reconexão trouxe alegria esportiva, mas não se converteu em transformação estrutural de receitas.

Cheque simbólico pelo título do São Paulo - Foto: Lesley Ribeiro/CBF
Cheque simbólico pelo título do São Paulo – Foto: Lesley Ribeiro/CBF

Essa lógica gerou um dilema clássico: o que vale mais: títulos imediatos ou equilíbrio financeiro? Casares escolheu o primeiro, defendendo que títulos geram capital político, reconectam torcedores e criam ambiente positivo para depois implantar reformas mais profundas. Críticos internos, porém, alertam que é um raciocínio de alto risco: e se os títulos não vierem? E se os investimentos não se pagarem? O salto do déficit em 2024 mostrou que, mesmo com conquistas, o risco financeiro se concretizou.

O dilema agora é se a torcida, acostumada a títulos recentes, aceitará um ciclo de austeridade em 2025–2026. O discurso de “pagar a conta da reconexão” começa a ser trabalhado pela comunicação oficial. Mas há incerteza se o torcedor comum, que vibrou com Lucas Moura e James, aceitará uma temporada com menos estrelas e mais apostas da base.

6) Cotia como ativo e a ideia de fundo de investidores

A base de Cotia é, sem dúvida, o maior trunfo estrutural do São Paulo. O centro de formação é referência na América do Sul, revelou atletas como Lucas Moura, Antony, Militão, Casemiro e tantos outros que renderam ao clube centenas de milhões em transferências ao longo dos últimos 15 anos.

Na crise de 2024–2025, a joia do clube voltou ao centro do debate, mas agora em um patamar diferente. A diretoria passou a considerar a criação de um fundo de investidores que teria participação em direitos econômicos de atletas formados em Cotia. A ideia, segundo reportagens, seria securitizar parte das futuras receitas com vendas de atletas para gerar caixa imediato. Em termos financeiros, trata-se de uma espécie de antecipação de receitas: o clube recebe dinheiro agora em troca de abrir mão de parte do valor de futuras transferências.

Vista aérea do Centro de Formação de Atletas Laudo Natel, em Cotia - Foto: Reprodução/saopaulofc.net
Vista aérea do Centro de Formação de Atletas Laudo Natel, em Cotia – Foto: Reprodução/saopaulofc.net

Esse modelo já foi usado em diferentes contextos — no Brasil e na Europa — com resultados controversos. A vantagem é clara: liquidez imediata, fundamental para quem está sufocado por dívidas de curto prazo. Mas os riscos são altos:

(i) abrir mão de ativos valiosos que podem render mais no futuro;

(ii) ficar refém de investidores externos na hora de decidir o destino de atletas; e

(iii) comprometer a autonomia esportiva da base.

No caso do São Paulo, há quem veja a proposta como “vender a galinha dos ovos de ouro para pagar contas correntes”. A base sempre funcionou como a válvula de escape financeira — vender jovens como Antony, Militão ou Brenner rendeu milhões que cobriram déficits. Transformar isso em ativo de terceiros pode significar perder justamente a ferramenta que permitia a sobrevivência em crises.

Luiz Araújo, David Neres, Éder Militão e Antony: quarteto revelado e vendido pelo São Paulo - Foto: Reprodução Sportv
Luiz Araújo, David Neres, Éder Militão e Antony: quarteto revelado e vendido pelo São Paulo – Foto: Reprodução Sportv

A torcida também se divide. Parte teme que Cotia vire um “ativo privatizado”, tirando do clube a possibilidade de extrair o máximo de seus talentos. Outra parte reconhece que, sem medidas urgentes, o São Paulo corre risco de paralisar. O debate sobre Cotia é, na prática, um debate sobre o modelo de futuro: usar a base como amortecedor ou transformá-la em ativo negociável.

7) Paralelismo histórico: quando gastos políticos viraram armadilhas

A atual crise não é inédita no futebol brasileiro — nem no próprio São Paulo. O clube já viveu momentos em que contratações de apelo político se transformaram em armadilhas financeiras.

Nos anos 2000, contratações como Ricardinho, Fabão e outros nomes custosos tinham o objetivo de garantir resultados esportivos imediatos e consolidar gestões. Em alguns casos funcionou — o título mundial de 2005 é lembrado como ápice —, mas também deixou passivos que se arrastaram por anos.

Mais recentemente, casos de clubes como Cruzeiro e Vasco são exemplos de como ciclos de contratações eleitorais e gastos inflados, sem receitas compatíveis, levaram a crises profundas e até rebaixamentos. O Cruzeiro, em especial, mergulhou em dívidas superiores a R$ 1 bilhão e precisou se transformar em SAF para sobreviver. O paralelo serve como alerta: o São Paulo não está imune ao caminho da insolvência, caso não adote disciplina financeira e governança sólida.

Especialistas em finanças esportivas lembram que o modelo brasileiro tem um vício: dirigentes não são responsabilizados pessoalmente por rombos financeiros. Assim, há incentivo para arriscar em busca de títulos, já que o custo futuro não recai sobre a gestão atual. Essa lógica, repetida desde a era Juvenal, alimenta ciclos de endividamento.

O São Paulo de hoje vive um momento decisivo: ou aprende com o histórico e ajusta o rumo, ou corre o risco de entrar na mesma espiral de Cruzeiro e Vasco.

8) As eleições de 2026 e o risco de novas rachaduras

Todo esse cenário desemboca em um ponto inevitável: as eleições presidenciais de 2026. O pleito já é tratado nos bastidores como uma batalha entre grupos com leituras opostas sobre o futuro do clube. Mesmo com o mandato de Júlio Casares válido até o final de 2026, as movimentações internas começaram cedo. Em setembro de 2025, o São Paulo formalizou uma estratégia para discutir a sucessão apenas a partir de março de 2026, com o anúncio oficial do candidato de situação previsto para junho. O plano busca conter o clima eleitoral precoce e preservar a governabilidade da diretoria.

De um lado, aliados de Casares defendem a continuidade do projeto e pregam que o “remédio amargo de 2025, cortes, vendas de atletas e ajustes, é necessário para estabilizar as contas. Argumentam que o ciclo recente de títulos, como a Copa do Brasil de 2023 e a manutenção de competitividade nas principais competições, comprova a força do grupo político que hoje comanda o clube.

“A sucessão deve contemplar a continuidade do projeto de recuperação financeira e organizacional. Esse é o nosso legado, e quem o abraçar terá vantagem competitiva a longo prazo”,
declarou Júlio Casares em entrevista à ESPN, em setembro de 2024.

Do outro lado, opositores e críticos internos alegam que a gestão de Casares repetiu erros históricos: inflou contratações, elevou a dívida e deixou uma herança financeira pesada para o sucessor. Eles acusam o presidente de utilizar promessas de reestruturação sem resultados concretos e de centralizar decisões políticas e financeiras.

O ambiente interno tornou-se ainda mais conturbado com o racha entre Casares e o diretor de futebol, Carlos Belmonte. O dirigente, que foi peça-chave na montagem do elenco e no projeto de comunicação, passou a divergir da presidência em decisões estratégicas e na condução da sucessão. Há relatos de que mensagens depreciativas sobre Belmonte circularam em grupos de aliados de Casares, sendo interpretadas como tentativas de isolamento político.

Julio Casares, presidente do São Paulo, e Carlos Belmonte, diretor de futebol, seguem em rota de colisão nos bastidores - Foto: Divulgação/Marcos Ribolli
Julio Casares, presidente do São Paulo, e Carlos Belmonte, diretor de futebol, seguem em rota de colisão nos bastidores – Foto: Divulgação/Marcos Ribolli

A disputa de bastidores se intensifica com a aproximação de grupos históricos do Conselho Deliberativo, que enxergam em 2026 a chance de retomada de poder. Ao mesmo tempo, novas alas formadas por jovens conselheiros e empresários surgem com discurso de renovação e profissionalização da gestão, defendendo ruptura com a política tradicional do clube.

“A política do São Paulo já está em 2026. Enquanto isso, o time vive má fase e as finanças apertam”,
destacou reportagem do UOL Esporte (outubro de 2025), evidenciando que o debate eleitoral já contamina o ambiente administrativo e esportivo.

Nas arquibancadas, a pressão da torcida organizada amplia a crise institucional. Em protesto recente, a Torcida Independente levou caixões simbólicos ao MorumBIS, exigindo o fim dos cargos políticos e maior transparência financeira. O movimento reforçou a percepção de desgaste público da diretoria e de um clima político dividido.

Além das tensões internas, a discussão sobre reformas estatutárias e novos modelos de governança volta à pauta. Especialistas e parte do Conselho defendem limitar mandatos presidenciais, instituir responsabilidade financeira pessoal a dirigentes e profissionalizar áreas-chave como marketing, finanças e futebol. Outros setores discutem a possibilidade de transformação em SAF (Sociedade Anônima do Futebol) ou de abrir o clube a investidores, como forma de enfrentar a concorrência de modelos empresariais já adotados por outros grandes clubes.

O risco de um novo ciclo de racha político é, portanto, real. A fragmentação entre Casares e Belmonte pode resultar em duas candidaturas oriundas do mesmo grupo, enquanto a oposição tenta capitalizar o desgaste financeiro e o descontentamento da torcida. Esse cenário pode transformar o pleito em mais uma eleição marcada por promessas de ruptura, alianças efêmeras e ausência de um projeto sustentável de longo prazo.

Se, contudo, o São Paulo aproveitar a eleição de 2026 para debater modelos de governança, transparência e responsabilidade financeira, o clube poderá romper com o padrão herdado desde 2011 — aquele em que disputas internas minam a estabilidade e as decisões são tomadas sob pressão eleitoral.

O futuro do São Paulo FC passa, inevitavelmente, por esse pleito. Se a eleição se tornar um palco de revanche política, o clube corre o risco de repetir o passado. Mas, se surgir uma agenda de reforma e profissionalização, pode finalmente consolidar o projeto de modernização institucional e financeira que há anos o Tricolor promete, mas ainda não realizou.

9) Diagnóstico final e caminhos possíveis para o futuro do São Paulo FC

Ao olhar para a gestão de Júlio Casares à frente do São Paulo FC, é impossível ignorar a complexidade do cenário. Por um lado, o dirigente conquistou títulos importantes, reconectou o clube com sua torcida e manteve a competitividade esportiva em um período em que muitos clubes brasileiros enfrentaram crises semelhantes ou piores. Por outro lado, o preço financeiro dessas conquistas foi alto, refletido em um déficit recorde de R$ 287 milhões em 2024 e uma dívida consolidada próxima de um ano de faturamento anual — um patamar considerado administrável, mas que impõe limitações severas na tomada de decisões.

Estádio do Morumbis, em São Paulo - Foto: Divulgação/São Paulo FC
Estádio do Morumbis, em São Paulo – Foto: Divulgação/São Paulo FC

O diagnóstico financeiro mostra que o São Paulo está em uma encruzilhada. A gestão Casares priorizou a competitividade imediata e a visibilidade junto à torcida, mesmo que isso implicasse em riscos estruturais. Contratações de “grife”, como James Rodríguez, e ajustes na folha salarial foram feitos com o objetivo de manter o clube competitivo em todas as frentes. Contudo, o resultado esportivo não compensou o rombo financeiro: James, Galoppo, Jamal Lewis e outros nomes se enquadram na categoria de fracassos ou decepcionaram, consumindo recursos consideráveis sem retorno esportivo ou financeiro. A análise das 45 contratações realizadas entre 2021 e 2024 revela que quase metade não gerou resultados condizentes com o investimento, culminando em um prejuízo estimado de R$ 156 milhões, considerando direitos federativos, salários e encargos.

Do ponto de vista esportivo, entretanto, Casares conseguiu êxitos notáveis. Títulos como a Copa do Brasil de 2023, a permanência competitiva no Brasileirão e a presença em fases decisivas de torneios continentais, como a Libertadores de 2025, demonstram que a aposta em reforços de peso trouxe resultados pontuais. A liderança de atletas veteranos, a manutenção de jogadores formados em Cotia em posições estratégicas e a criação de um ambiente de maior identificação com a torcida também foram pontos positivos, refletindo uma gestão que compreende o valor simbólico da vitória e da imagem do clube.

Time foi campeão da Copa do Brasil 2023, título que faltava na galeria do São Paulo FC - Foto: Divulgação/São Paulo FC
Time foi campeão da Copa do Brasil 2023, título que faltava na galeria do São Paulo FC – Foto: Divulgação/São Paulo FC

No entanto, o desafio estrutural permanece. O endividamento do clube limita a capacidade de investimento futuro, enquanto a dependência de receitas de curto prazo — venda de atletas, bilheteria e patrocínios pontuais — não garante estabilidade. A tentativa de transformar a base de Cotia em um fundo de investidores é um reflexo da necessidade de liquidez, mas envolve riscos estratégicos e políticos. A securitização da base pode gerar receita imediata, mas compromete parte da autonomia do clube e a possibilidade de maximizar retornos em futuras vendas. A tensão entre saúde financeira e competitividade esportiva é o núcleo do dilema tricolor, um desafio que se repete em clubes brasileiros desde a era Juvenal Juvêncio e se intensifica a cada novo ciclo eleitoral.

O paralelismo histórico é evidente. Desde 2011, com a mudança do estatuto e o terceiro mandato de Juvenal Juvêncio, o São Paulo enfrenta ciclos de racha e instabilidade próximos ao fim de cada gestão. Conflitos internos, disputas por sucessão e a política de contratações de impacto imediato se repetem como padrão. A gestão Casares, ainda que moderna em comunicação e estratégia esportiva, não rompeu com essa lógica completamente. O déficit estrutural, a concentração de decisões na presidência e a dificuldade de planejamento de médio e longo prazo refletem problemas antigos, que exigem mudanças institucionais mais profundas.

A perspectiva para 2026 é de cautela. As eleições presidenciais se aproximam e já geram movimentações internas, com grupos críticos à gestão Casares articulando alternativas e propondo agendas de ruptura ou ajustes significativos. A continuidade do atual projeto depende da capacidade da diretoria de demonstrar sinais claros de recuperação financeira, enquanto a oposição aposta no desgaste do déficit e em episódios recentes de contratações fracassadas como argumento de mudança. A história mostra que a instabilidade política no clube tende a se agravar próximo aos pleitos, e que as eleições podem definir não apenas o comando do São Paulo, mas também seu modelo de governança pelos próximos anos.

Nesse contexto, especialistas em gestão esportiva apontam três caminhos possíveis para o futuro do São Paulo:

1. Consolidação do modelo atual com ajustes financeiros:

Manter Casares ou um sucessor alinhado à sua filosofia, mas com foco absoluto em controle de gastos e redução gradual da dívida. Isso envolve limitar contratações externas, priorizar atletas formados em Cotia, renegociar salários e direitos de imagem e buscar parcerias estratégicas para gerar receita sem comprometer o clube. A vantagem é preservar a competitividade esportiva de curto prazo; o risco é que a dívida atual ainda pese sobre decisões futuras, limitando flexibilidade.

2. Reforma estrutural e mudança de governança:

A segunda via exige reformas estatutárias profundas: limitar mandatos presidenciais, criar mecanismos de responsabilidade financeira pessoal para dirigentes, profissionalizar áreas de marketing, finanças e futebol, e reduzir a dependência de receitas de curto prazo. Esse modelo busca romper ciclos históricos de racha e gasto irresponsável. O custo é político e financeiro no curto prazo, pois pode gerar resistência interna e exigir tempo para maturação de políticas e resultados concretos.

3. Venda estratégica de ativos e foco em sustentabilidade:

O terceiro caminho é mais radical, envolvendo a securitização de Cotia, venda de direitos econômicos de atletas e eventual entrada de investidores externos para capitalizar o clube. A vantagem é a liquidez imediata e a possibilidade de reduzir a dívida rapidamente; o risco é comprometer o patrimônio esportivo, gerar descontentamento da torcida e limitar autonomia futura. É uma estratégia de “cura drástica” que precisa ser bem comunicada para não gerar efeito político adverso.

O cenário ideal combina elementos dos três caminhos: disciplina financeira rigorosa, continuidade de projeto esportivo inteligente, aproveitamento estratégico da base, e reformas institucionais que limitem riscos eleitorais e políticos. Esse equilíbrio permitirá que o São Paulo mantenha competitividade, reduza dívida e prepare o terreno para o centenário em 2030 — marco citado pelo próprio Casares como horizonte de transformação sustentável.

Em síntese, a gestão de Júlio Casares reflete tanto avanços quanto limitações estruturais históricas do São Paulo. Os títulos conquistados e a reconexão com o torcedor são méritos claros, mas vêm acompanhados de um legado financeiro que exigirá atenção rigorosa. O futuro dependerá da capacidade do clube de aprender com o passado, implementar disciplina e profissionalismo, e equilibrar expectativas esportivas com sustentabilidade financeira.

Julio Casares é reeleito presidente do São Paulo - Foto: Rubens Chiri/Saopaulofc.net
Julio Casares é reeleito presidente do São Paulo – Foto: Rubens Chiri/Saopaulofc.net

A lição final é clara: o São Paulo não pode mais repetir ciclos de “títulos a qualquer custo”. A história recente do clube mostra que essa prática leva inevitavelmente a déficits estruturais e disputas políticas internas. A saída exige planejamento, gestão profissional e visão estratégica de longo prazo, princípios que determinarão se o Tricolor seguirá como gigante competitivo ou se repetirá padrões históricos de instabilidade.

Autor

  • Nicolas Pedrosa

    Jornalista formado pela UNIP, com experiência em TV, rádio, podcasts e assessoria de imprensa, especialmente na área da saúde. Atuou na Prefeitura de São Vicente durante a pandemia e atualmente gerencia a comunicação da Caixa de Saúde e Pecúlio de São Vicente. Apaixonado por leitura e escrita, desenvolvo livros que abordam temas sociais e histórias de superação, unindo técnica e sensibilidade narrativa.

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