O Presidente do Conselho Deliberativo do Corinthians, Romeu Tuma Junior, concedeu entrevista coletiva no Parque São Jorge nesta segunda-feira (27), para apresentar os principais pontos da proposta de reforma do Estatuto.
A versão mais recente do anteprojeto de reforma do Estatuto do Corinthians, apresentada pelo conselheiro e presidente do Conselho Deliberativo, Romeu Tuma Júnior, reacendeu o debate sobre a governança do clube. A proposta reúne contribuições de diversas correntes políticas internas, incluindo demandas defendidas por movimentos organizados.
Apesar de trazer avanços relevantes, alguns deles até pouco tempo considerados improváveis no ambiente interno, o texto ainda preserva estruturas que dificultam a modernização plena da instituição. A questão central gira em torno de uma premissa amplamente reconhecida entre torcedores e analistas: o clube social e todo o modelo associativo só existem por causa do peso e da mobilização da torcida do futebol.
Sem ela, dificilmente o Corinthians teria alcançado o tamanho e a relevância que possui. Por isso, espera-se que o estatuto opere prioritariamente na proteção e no fortalecimento do departamento de futebol, algo que ainda não aparece de forma nítida no documento.
Entre os pontos que geram preocupação está a manutenção do CORI com membros natos, sem definição clara de quem compõe essa categoria. Também não há garantia concreta de que o programa Fiel Torcedor ganhará direito a participação na governança, já que uma das versões possíveis da proposta pode ser aprovada sem a criação dessa modalidade. Soma-se a isso a preservação de cem conselheiros vitalícios, o que mantém a desproporção histórica entre o peso de grupos internos e o da base associativa. Há ainda a questão do sigilo de voto em processos disciplinares, impedindo que o sócio e a torcida tenham acesso à postura de seus representantes em decisões sensíveis.
Por outro lado, o documento prevê mudanças estruturais importantes. A possibilidade de transformação do clube em SAF deixa de depender do CORI. O processo de destituição de dirigentes se torna mais claro e ágil. A Comissão de Ética passa a contar com auditores independentes. Regras objetivas são criadas para cargos executivos, incluindo a figura de um CEO com critérios técnicos.
O texto também prevê Código de Conduta, mecanismos formais de governança, Superintendência de Compliance, Portal da Transparência, responsabilização patrimonial de dirigentes perante a Lei Geral do Esporte e um plano de cargos e salários para profissionalizar a estrutura administrativa.
São avanços significativos e que, até recentemente, não estavam no horizonte político do clube. Eles refletem a crescente pressão da torcida e de setores que defendem um Corinthians mais transparente, profissional e sustentável. A definição, porém, depende da próxima etapa.
O projeto ainda precisa passar pelo Conselho Deliberativo antes de chegar à Assembleia Geral dos Sócios. Se barrado no Conselho, a reforma não avançará, o que coloca o destino institucional do Corinthians nas mãos de um grupo que historicamente não representa a arquibancada e nem acompanha as demandas de modernização que vêm de fora dos muros do Parque São Jorge.
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O cenário é esse, um clube que começa a se mover em direção à profissionalização, mas a resistência de estruturas políticas antigas segue sendo o principal obstáculo. A disputa, agora, é política, e definirá o rumo do Corinthians pelos próximos anos.









