A Fórmula 3 conheceu neste domingo (3) seu mais novo campeão: o brasileiro Rafael Câmara. Em uma temporada de estreia impecável, o piloto pernambucano de 20 anos confirmou a conquista do campeonato ao vencer a etapa principal em Hungaroring, na Hungria, e alcançar os 156 pontos — pontuação inalcançável para seus rivais a duas provas do fim.
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Integrante da Academia de Pilotos da Ferrari desde 2021, Câmara se destacou desde as primeiras corridas, cravando quatro pole positions nas cinco etapas iniciais — um feito inédito na história da F3. Ele venceu em circuitos importantes como Bahrein, Austrália e Espanha, demonstrando controle, velocidade e uma maturidade incomum para um estreante.

“Estou muito feliz com a forma como conseguimos administrar toda a temporada. Fomos fortes desde o começo. Agora posso respirar, aproveitar esse momento e agradecer a todos que torceram por mim”, disse Rafael, emocionado, logo após cruzar a linha de chegada na Hungria.
Além do título individual, sua equipe, a italiana Trident, também lidera a tabela de construtores, com 282 pontos, à frente da Campos Racing (263) e da MP Motorsport (166), consolidando o domínio do time ao longo do ano.
De Boa Viagem ao topo do pódio europeu
Natural do Recife, Rafael Chaves Câmara nasceu em 5 de maio de 2005 e começou no kart aos seis anos, inspirado pelo irmão mais velho. Cresceu no bairro de Boa Viagem e logo migrou para São Paulo, onde se destacou nas competições nacionais. A partir de 2020, sua carreira ganhou contornos internacionais, com títulos no kart europeu e destaque nas competições da WSK.
Selecionado para a Ferrari Driver Academy em 2021, Rafael brilhou na Fórmula 4, conquistando vitórias nos Emirados Árabes Unidos, Alemanha e Itália. Mesmo com contratempos, como a Covid-19 que o tirou de seis etapas em 2022, ele seguiu firme, migrando para a Fórmula Regional Europeia (FRECA), onde foi campeão em 2024 com nove vitórias.

Seu desempenho na FRECA o credenciou à vaga na F3 com a Trident, e a resposta veio rapidamente. Mesmo com um início turbulento na sprint da Austrália, Rafael venceu a corrida principal, assumiu a liderança do campeonato e não saiu mais do topo.
Ao longo do ano, consolidou-se como um dos nomes mais promissores do automobilismo mundial, não apenas pelos resultados, mas pela capacidade de decisão sob pressão — como demonstrado ao vencer a penúltima prova do campeonato e garantir o título antes mesmo da etapa final em Monza.
Um futuro acelerado rumo à F1
Com o título da F3 em mãos, o nome de Rafael Câmara já começa a ser ventilado como forte candidato a uma vaga na Fórmula 2 em 2026 — passo natural rumo ao sonho de chegar à Fórmula 1. Seu vínculo com a Ferrari, a consistência dentro das pistas e o carisma fora delas o tornam um talento raro e completo.
O Brasil, que já vibrou com campeões como Ayrton Senna e Nelson Piquet, volta a sonhar alto. Depois de Gabriel Bortoleto em 2023, Rafael mantém o país no protagonismo das categorias de base e reacende a esperança de ver, em breve, mais uma bandeira verde e amarela no grid principal da F1.
Enquanto isso, Rafael Câmara celebra. E o mundo do automobilismo observa, atento, o nascimento de uma nova estrela.