Na noite desta segunda-feira (01), o Ministério Público de São Paulo (MP-SP) solicitou que os três últimos presidentes do Corinthians — Duílio Monteiro Alves, Augusto Melo e Andrés Sanchez — sejam afastados de qualquer cargo político ou administrativo do clube. A medida, apresentada pelo promotor Cássio Roberto Conserino, tem como base a investigação sobre o uso de cartões corporativos e notas fiscais em nome da instituição.
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O pedido, encaminhado ao Departamento de Inquéritos Policiais do Tribunal de Justiça de São Paulo, aguarda decisão judicial para ser acatado. A apuração ganhou força após a descoberta de gastos considerados suspeitos durante a gestão de Duílio Monteiro Alves, envolvendo despesas com transporte, alimentação e até medicamentos. Denilson Grillo, ex-motorista de Duílio, também passou a ser investigado.
Segundo o MP-SP, a investigação busca apurar crimes como apropriação indébita, estelionato, furto qualificado e até associação criminosa. O promotor destaca ainda que o próprio Andrés Sanchez admitiu ter utilizado o cartão do clube para despesas pessoais, alegando confusão no uso dos cartões — apesar de haver registros de gastos na Espanha, em Fernando de Noronha, além de gastos na gestão Duílio no Oliveira Minimercado. Este último teria faturado R$ 32.580,00 em apenas sete compras em nome do Corinthians e é apontado como possível empresa de fachada, diante das contradições nos depoimentos de seus responsáveis.
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Quebra de sigilo
A medida mais incisiva do Ministério Público até agora foi o pedido de quebra do sigilo dos cartões corporativos do Corinthians. A solicitação abrange um período extenso — de janeiro de 2018 a maio de 2025 —, cobrindo integralmente as gestões de Andrés Sanchez, Duílio Monteiro Alves e também a de Augusto Melo, já afastado. A promotoria afirma que a decisão se justifica pela “inércia do clube” em fornecer documentos, pela “desorganização administrativa”, pela suspeita de “extravio de documentos” e por “interesses políticos conflitantes” que estariam dificultando a apuração. O caso foi transferido para uma vara especializada em crimes tributários, organização criminosa e lavagem de dinheiro.
Além do Corinthians, o “Oliveira Minimercado” também se tornou alvo do processo. A suspeita de fraude se consolidou quando o promotor Conserino visitou pessoalmente o endereço fiscal da empresa, localizado na Rua Lagoa Mirim, nº 16, no Jardim Marquesa, em São Paulo, e constatou que não havia qualquer estabelecimento no local. A descoberta elevou o caso de possível apropriação indébita para a suspeita de um esquema estruturado de desvio de recursos. Para aprofundar as investigações, o MP-SP também solicitou a quebra do sigilo fiscal da empresa.
Notas oficiais
As assessorias de Augusto Melo e Andrés Sanchez se pronunciaram após o caso. Confira as notas:
“Durante toda a sua gestão à frente do Sport Club Corinthians Paulista, Augusto Melo pautou sua conduta pela transparência e pela responsabilidade, a ponto de jamais ter feito uso de seu cartão corporativo. Assim, entende que eventual apuração, longe de representar qualquer ameaça, apenas reforçará sua idoneidade e demonstrará, de maneira inequívoca, que sempre agiu com zelo e probidade na administração do clube. Por essa razão, recebe com absoluta serenidade a iniciativa do Ministério Público, reafirmando que não teme qualquer investigação e que está convicto de que a verdade dos fatos evidenciará sua postura correta e responsável diante do Corinthians e de sua torcida.”
“Andrés Sanchez, por meio de sua defesa conduzida pelo advogado Fernando José da Costa, reafirma que sua atuação à frente do Sport Club Corinthians Paulista sempre se pautou pela legalidade, responsabilidade e compromisso institucional. A defesa ressalta que o pedido formulado pelo Ministério Público, referente à medida cautelar de afastamento temporário dos Conselhos Deliberativos, de Orientação ou de qualquer outro do clube não representa juízo de culpa, tratando-se apenas de providência de natureza processual. Por essa razão, Andrés Sanchez manifesta sua plena confiança na Justiça e na condução imparcial das investigações.”