José Maria Marin, ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), morreu na madrugada deste domingo (21), aos 93 anos. O ex-dirigente passou mal em casa, na cidade de São Paulo, e foi levado ao Hospital Sírio-Libanês, mas não resistiu. O óbito foi confirmado às 3h30 da manhã.
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Nos últimos anos, Marin vivia de forma reclusa, com a saúde debilitada. Em 2023, sofreu um acidente vascular cerebral (AVC), que agravou seu estado clínico. Seu velório acontece neste domingo, das 13h às 16h, na Funeral Home, no bairro da Bela Vista, em São Paulo.
De político da ditadura a protagonista do Fifagate
Marin teve uma trajetória pública marcada por poder, polêmicas e contradições. Nascido em 6 de maio de 1932, em São Paulo, filho de imigrantes croatas, iniciou sua vida pública como vereador em 1963 e consolidou sua carreira política ao lado do regime militar, ocupando cargos como deputado estadual, vice-governador e até mesmo governador interino de São Paulo.
Durante esse período, defendeu a linha dura do regime, chegando a fazer elogios ao delegado Sérgio Fleury, conhecido por sua atuação repressiva durante a ditadura.
Carreira no futebol e os anos de comando da CBF
Apesar da formação em Direito, Marin sempre manteve ligação com o futebol. Atuou como jogador profissional nas décadas de 1950 por clubes como São Paulo FC e Portuguesa Santista, sem destaque.

Nos bastidores, ganhou relevância como presidente da Federação Paulista de Futebol (1982–1988) e, anos depois, como vice-presidente da CBF na gestão Ricardo Teixeira.
Assumiu a presidência da CBF em 2012, após a renúncia de Teixeira. Liderou a entidade durante a Copa das Confederações de 2013 e a Copa do Mundo de 2014, ambas realizadas no Brasil.
Foi sob sua gestão que ocorreu a histórica derrota de 7 a 1 para a Alemanha, nas semifinais da Copa de 2014 — um dos maiores traumas do futebol nacional.
Ainda em 2012, protagonizou outro episódio polêmico: foi flagrado colocando uma medalha no bolso durante a premiação da Copa São Paulo de Futebol Júnior, o que gerou repercussão negativa e chacotas nas redes sociais.
Prisão e escândalo internacional
A derrocada de Marin veio com o escândalo que abalou o futebol mundial. Em maio de 2015, foi preso em Zurique, na Suíça, acusado de participar do esquema de corrupção investigado pelo FBI, no caso conhecido como Fifagate.

Dias após sua prisão, o nome “Edifício José Maria Marin”, recém-inaugurado na sede da CBF, foi retirado discretamente da fachada.
Em 2018, foi condenado nos Estados Unidos por crimes como lavagem de dinheiro, fraude bancária e conspiração. Cumpriu pena em Nova York até 2020, quando foi autorizado a retornar ao Brasil para cumprir o restante da pena em prisão domiciliar, por motivos de saúde.
Legado controverso
Com a morte de Marin, encerra-se uma trajetória emblemática dos bastidores do esporte e da política nacional. Sua figura pública é marcada por posições conservadoras, ligação com o autoritarismo, gestão contestada no futebol e envolvimento em um dos maiores escândalos de corrupção da história do esporte.
Foi o primeiro dirigente brasileiro de alto escalão condenado no escândalo da Fifa.
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