A derrota do Vasco por 83 a 63 para o Minas, nesta quarta-feira (14), pelas quartas de final do Novo Basquete Brasil (NBB), não marcou apenas o fim da temporada da equipe cruz-maltina, mas também foi o último capítulo da carreira de Marquinhos Vieira. Aos 40 anos, o ala anunciou sua aposentadoria do basquete profissional após 23 anos de trajetória recheada de conquistas e recordes.
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Mesmo lidando com hérnia de disco e dores constantes no joelho, Marquinhos foi peça-chave na campanha do Vasco. Ao fim do confronto, confirmou sua despedida das quadras.
Anunciei essa despedida em outubro de 2024. As condições eram favoráveis, mas venho sofrendo a temporada toda com problemas físicos. Ainda consegui subir de produção nos playoffs, mas hoje posso dizer que foi o último jogo. Se o telefone tocar de uma maneira diferente, posso repensar, mas não espero isso — afirmou emocionado.
Na atual temporada, mesmo com limitações físicas, Marquinhos liderou o time em médias de pontos e figurou entre os melhores do elenco em diversas estatísticas.
“Foi uma temporada difícil, com lesões minhas e dos meus companheiros, mas também foi proveitosa. O time se desdobrou e sou muito grato ao Vasco, à torcida e ao carinho que recebi nos ginásios”, completou.
Trajetória
Marquinhos começou sua trajetória no basquete em 2001, nas categorias de base do Corinthians. No ano seguinte, estreou como profissional pelo Bauru e conquistou seu primeiro título nacional. Antes de ganhar projeção, teve passagens por times como Mogi das Cruzes, São Carlos e Vasco, além de uma rápida experiência no basquete italiano.
Em 2006, chegou à NBA para atuar pelo New Orleans Hornets. Apesar da curta passagem pelos Estados Unidos, o retorno ao Brasil marcou o auge de sua carreira. Desde a criação do NBB, o ala participou de 16 das 17 temporadas da liga, defendendo clubes como Pinheiros, Flamengo, São Paulo e novamente o Vasco.
No Pinheiros, foi protagonista de campanhas históricas e chegou à primeira final do Campeonato Paulista. Já no Flamengo, viveu seus anos mais vitoriosos: foram seis títulos do NBB, duas Copas Super 8, além da Liga das Américas e da Copa Intercontinental, em 2014. Marquinhos também se tornou o único tricampeão de MVP da principal liga do país.
Recordes
Nos últimos anos, passou pelo São Paulo, onde venceu o Paulista e a Basketball Champions League Americas. Encerrou a carreira como referência do projeto R10 Score Vasco da Gama, ajudando o time a chegar duas vezes na Copa Super 8 e a consolidar boas campanhas no NBB.
Os números de Marquinhos impressionam:
- 540 jogos disputados (oitavo maior da história)
- 9202 pontos (primeiro brasileiro a ultrapassar 9 mil na liga)
- 1094 bolas de três convertidas
- 2216 lances livres convertidos (recorde absoluto do NBB)
- 2312 rebotes, 1646 assistências, 551 roubos de bola e 9007 de eficiência — ficando atrás apenas de Alex Garcia.
Pela Seleção Brasileira, defendeu o país com orgulho em diversas competições, conquistou o ouro nos Jogos Pan-Americanos de 2007, venceu duas Copas Tuto Marchand e disputou três Mundiais e duas Olimpíadas (Londres 2012 e Rio 2016).
Fim de uma era no NBB
Marquinhos se despede das quadras deixando um legado construído com consistência, técnica e longevidade. Um dos maiores nomes da história do basquete brasileiro, ele transformou talento em feitos que moldaram a identidade do NBB.
“É muito difícil acordar, tirar o pé da cama e ter dores. Quem jogou sabe o quanto é difícil”, desabafou o jogador.
Apesar de encerrar a carreira oficialmente, Marquinhos não descarta completamente um retorno, embora o considere improvável. O que permanece é sua contribuição incontestável ao esporte — e o respeito de todo o cenário do basquete nacional.