Na noite de domingo (4), foi preso em flagrante o jogador boliviano Miguel Ángel Terceros Acuña, conhecido como Miguelito, do América Futebol Clube (América-MG), suspeito de injúria racial contra o jogador brasileiro Allano Brendon de Souza Lima, do Operário Ferroviário Esporte Clube (Ofec-PR), durante uma partida da Série B do Campeonato Brasileiro de Futebol, em Ponta Grossa, no Paraná.
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Segundo a Polícia Civil do Paraná (PC-PR), Miguelito teria proferido a expressão “preto do c******”, aos 30 minutos do primeiro tempo contra Allano, após uma disputa de bola seguida de falta.
Após o ocorrido, o árbitro Alisson Sidnei Furtado interrompeu imediatamente a partida e aplicou o protocolo antirracismo da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), cruzando os punhos.
A fala racista do boliviano não foi registrada na transmissão oficial, pois o jogador estava de costas no momento em questão. No entanto, as declarações colhidas em campo foram consideradas suficientes para o flagrante.
O jogador Allano declarou, por meio de uma nota enviada pela assessoria do Operário-PR em seu nome:
“Venho, por meio desta nota, me manifestar sobre o episódio lamentável de injúria racial que sofri durante a partida entre Operário e América Mineiro, pelo Campeonato Brasileiro da Série B.
Infelizmente, mais uma vez, o racismo mostrou sua face cruel dentro de um espaço que deveria ser de celebração, respeito e igualdade. Ser ofendido pela cor da minha pele é algo doloroso, revoltante e, acima de tudo, inaceitável.
Não vou me calar. Não por mim apenas, mas por todos os que já passaram por isso e por aqueles que ainda lutam para que esse tipo de violência acabe de vez. O futebol, como a sociedade, precisa dizer basta ao racismo. Precisamos de justiça, responsabilidade e, sobretudo, empatia.
Agradeço ao Operário pelo apoio, aos meus companheiros de equipe, à minha família e a todos que têm se solidarizado comigo neste momento. A luta contra o racismo é de todos nós, e ela não vai parar enquanto houver injustiça.“
Em nota divulgada, o time Operário-PR afirmou repudiar qualquer ato de racismo e declarou estar buscando provas que possam confirmar os fatos. O clube também informou que tomará todas as medidas cabíveis.
Já o presidente do Conselho de Administração do América-MG, Alencar da Silveira, demonstrou total apoio ao atleta Miguelito e classificou as acusações como “infundadas”. Veja a nota:
“O América FC, fiel à sua história centenária e aos princípios que a sustentam, vem a público prestar esclarecimentos e manifestar total solidariedade ao atleta Miguel Ángel Terceros Acuña, diante de acusações infundadas que tentam associar seu nome a conduta de cunho racista.
Após criteriosa apuração interna e análise dos fatos disponíveis, não foi identificada qualquer atitude, gesto ou declaração do jogador que possa, sob qualquer ângulo, ser interpretada como discriminatória. Ao contrário, Miguel Terceros sempre demonstrou conduta ética, respeito e espírito esportivo, sendo amplamente reconhecido no clube por seu profissionalismo e integridade.
O América FC reafirma, de forma enfática, seu compromisso inegociável com a igualdade, o respeito à dignidade humana e o combate a toda e qualquer forma de preconceito. Repudiamos qualquer tentativa de imputar condutas incompatíveis com esses valores a nossos atletas e colaboradores — ainda mais quando desprovidas de qualquer respaldo nos fatos.
Seguiremos firmes na defesa dos princípios que norteiam nossa instituição e na preservação da honra de todos que constroem, com dedicação e respeito, um futebol mais justo, inclusivo e humano.”
O delegado responsável pelo caso, Gabriel Munhoz, explicou que Miguelito permanecerá preso até a realização da audiência de custódia.