Torcedores invadem CT do Sport com agressões e ameaças; clube promete punições

A crise vivida pelo Sport dentro de campo transbordou para fora dele nesta quarta-feira (16), com cenas lamentáveis no Centro de Treinamento José de Andrade Médicis, em Recife. Um grupo de torcedores organizados invadiu o local durante a tarde, com ameaças, agressões físicas e intimidações contra jogadores, membros da comissão técnica e funcionários do clube.

Imagens que circulam nas redes sociais mostram o atacante Pablo sendo agredido com um tapa e um puxão por um dos invasores. Em outro trecho gravado, um integrante da torcida afirma que “todos têm antecedentes criminais”, num claro tom de intimidação. O conteúdo chocante evidencia a escalada de tensão entre parte da torcida e o elenco rubro-negro, que amarga o pior momento de sua história recente.

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Em nota oficial, o Sport classificou as ações como “condutas absolutamente inaceitáveis” e afirmou que irá tomar todas as medidas legais para identificar e punir os responsáveis, com o apoio das autoridades competentes. O clube ressaltou que tinha conhecimento prévio da presença de torcedores na parte externa do CT, e que havia se organizado para ouvir as reivindicações, mas a situação fugiu do controle com a depredação do portão de acesso e a posterior invasão.

A Polícia Militar foi acionada ainda durante o ocorrido, mas a presença da segurança privada não foi suficiente para evitar que os torcedores avançassem até as áreas internas do centro de treinamento.

Crise sem fim

Lanterna da Série A desde a segunda rodada, o Sport acumula nove derrotas nos últimos 12 jogos e está há 15 partidas sem vencer na temporada. O cenário instável alimentou a revolta de parte da torcida, que cobrou uma “mudança de postura” do elenco, mas o fez por meios violentos, colocando em risco a integridade física e psicológica dos profissionais do clube.

Durante a invasão, um dos torcedores, em tom exaltado, criticou o presidente Yuri Romão, reclamou do planejamento da diretoria e chegou a sugerir que os salários dos atletas deveriam ser atrasados como forma de punição. “Vocês não estão representando a camisa do Maior do Nordeste”, gritou, visivelmente exaltado, diante dos atletas.

Voz do elenco

Zagueiro formado na base e jogador mais antigo do elenco, Chico tentou acalmar os ânimos. Em um vídeo, ele aparece dialogando com os torcedores e demonstrando compreensão com a insatisfação da torcida. O defensor também aproveitou para criticar a postura de alguns colegas de elenco que, segundo ele, não compreendem a realidade e o peso de vestir a camisa do Sport.

“Não é só quem vem da Europa. Tem brasileiro também que chega aqui achando que vai passear. E não é assim. Aqui é luta, é entrega”, afirmou Chico.

Clima de tensão e incertezas

A gravidade da invasão levanta discussões urgentes sobre segurança, limites do protesto e a responsabilidade dos clubes em proteger seus profissionais. A recorrência de episódios semelhantes em outros clubes brasileiros acende o alerta sobre a radicalização de parte das torcidas organizadas e a normalização da violência como forma de cobrança.

O Sport, por sua vez, tenta se reorganizar para reagir dentro de campo, agora pressionado por resultados e pela necessidade de garantir um ambiente minimamente seguro para que o trabalho aconteça.

A crise no clube pernambucano é profunda — esportiva, institucional e social. E a resposta que virá nos próximos dias poderá determinar não apenas os rumos da equipe na temporada, mas também o compromisso da instituição com a legalidade, o respeito e a paz no futebol.

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