O Autódromo José Carlos Pace, em Interlagos, é muito mais que um circuito: é um símbolo do automobilismo mundial, cenário de vitórias históricas, dramas humanos e consagrações que atravessaram gerações. De Emerson Fittipaldi a Max Verstappen, passando por Ayrton Senna, Felipe Massa e Lewis Hamilton, o traçado paulistano segue sendo o coração pulsante da Fórmula 1 no Brasil.
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Com o Grande Prêmio de São Paulo marcado para os dias 7 a 9 de novembro de 2025, a expectativa cresce, não apenas pelo espetáculo nas pistas, mas pela transformação do público, cada vez mais jovem e feminino, consolidando a nova fase da categoria no país.
“Interlagos é emoção pura. É onde o impossível acontece”, resume um dos organizadores do GP paulista.
O início glorioso: Fittipaldi e o nascimento de uma paixão (1973)
O primeiro GP do Brasil, em 1973, já foi um marco. Sob o sol escaldante do verão paulistano, mais de 150 mil torcedores testemunharam Emerson Fittipaldi vencer com a Lotus, diante de um público tomado pela euforia, e até de episódios insólitos, como uma mulher que entrou em trabalho de parto nas arquibancadas.

Fittipaldi, que vinha de seu primeiro título mundial, assumiu a liderança logo na largada e segurou o bicampeão Jackie Stewart até o fim. Foi o início da relação quase espiritual entre o Brasil e a Fórmula 1.
“Ganhar em casa é diferente. Você sente o país inteiro empurrando o carro”, recordou Fittipaldi anos depois.
O triunfo de José Carlos Pace e a primeira dobradinha brasileira (1975)
Dois anos depois, o autódromo veria o nascimento de um herói local: José Carlos Pace, o “Moco”. No dia 26 de janeiro de 1975, o piloto conquistou sua única vitória na F1, com Fittipaldi em segundo, selando a primeira dobradinha brasileira na história.
Pace largou em sexto, ultrapassou nomes lendários como Carlos Reutemann e Niki Lauda, e herdou a liderança após a quebra do carro de Jean-Pierre Jarier. Fittipaldi, por sua vez, reagiu após um início difícil e terminou logo atrás do compatriota.

“A torcida me carregou nos braços. Foi o dia mais feliz da minha vida”, diria Pace, eternizado no nome do autódromo após sua morte.
Senna e o êxtase de 1991: vitória com apenas uma marcha
Em 1991, Ayrton Senna viveu talvez o capítulo mais lendário de Interlagos. Depois de dominar a prova, o brasileiro perdeu quase todas as marchas da McLaren, restando apenas a sexta. Mesmo assim, resistiu heroicamente à pressão de Riccardo Patrese, cruzando a linha de chegada exausto e com o carro falhando.
“Eu não aguentava mais, mas não podia desistir. Era o Brasil”, disse Senna, emocionado ao erguer o troféu diante da multidão.

Foi sua primeira vitória em casa e um dos momentos mais emocionantes da história do esporte.
A dança na chuva: Senna de novo em 1993
Dois anos depois, o mito repetiria o milagre. Sob chuva intensa e com uma McLaren inferior às Williams, Senna superou punições e reviravoltas, ultrapassou Damon Hill e triunfou novamente em Interlagos. O motor de seu carro quebrou logo após a bandeirada, como se o destino esperasse apenas aquele instante para coroá-lo.
“Ele não venceu só a corrida. Venceu a lógica”, escreveu um jornalista britânico à época.
O brilho de Felipe Massa: glória e dor (2006 e 2008)
Em 2006, Felipe Massa emocionou o país ao vencer pela primeira vez o GP do Brasil vestindo um macacão verde e amarelo, ideia sua. Sob aplausos, liderou de ponta a ponta e dedicou o triunfo ao público.
Mas em 2008, veio a história mais amarga e inesquecível. Massa venceu novamente em Interlagos e, por 38 segundos, chegou a ser campeão mundial. A chuva alterou o destino: Lewis Hamilton ultrapassou Timo Glock na última curva, ficando em quinto e conquistando o título.

“A vida nos testa, mas também nos dá orgulho. Eu dei tudo de mim”, declarou Massa, em lágrimas no pódio.
Vettel: o renascimento sob o temporal (2012)
O tricampeonato de Sebastian Vettel foi selado em Interlagos, em 2012, numa corrida caótica. Após rodar na primeira volta e cair para o 22º lugar, o alemão fez uma recuperação espetacular, terminando em sexto e garantindo o título sobre Fernando Alonso.
“Nada é impossível em Interlagos”, comemorou Vettel, exausto e chorando ao cruzar a linha de chegada.
A etapa ainda marcou a despedida definitiva de Michael Schumacher, que terminou em sétimo, após sair em 13º.
Verstappen e a consagração do talento sob a chuva (2016 e 2024)
Em 2016, com apenas 19 anos, Max Verstappen encantou o mundo. Sob chuva torrencial, caiu para 14º e, em poucas voltas, ultrapassou adversários em série, incluindo Nico Rosberg, para terminar em terceiro lugar.
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Oito anos depois, em 2024, o holandês voltou a Interlagos para uma de suas melhores atuações da carreira. Largando em 17º após punição, escalou o grid e venceu, coroando um fim de semana histórico que também homenageou os 30 anos da morte de Ayrton Senna.

“Essa foi a melhor corrida da minha vida”, afirmou Verstappen, emocionado.
Hamilton: o novo ídolo do Brasil (2021)
Em 2021, Lewis Hamilton protagonizou uma das maiores vitórias de sua carreira. Após ser desclassificado na sprint race, o inglês largou em décimo, superou Max Verstappen numa batalha épica e venceu, tornando-se o primeiro piloto a triunfar em Interlagos largando abaixo do oitavo lugar.
“Essa vitória é pelo Brasil. Ayrton sempre será meu herói”, declarou Hamilton, ao desfilar com a bandeira brasileira.
Pouco depois, o britânico foi reconhecido como cidadão honorário do Brasil, selando seu vínculo com o país.
Interlagos, eterno templo da emoção
De Fittipaldi a Verstappen, de Senna a Hamilton, Interlagos é mais do que um circuito: é uma arena de epopeias, onde o clima imprevisível, o traçado desafiador e o fervor do público transformam cada corrida em um capítulo da história da Fórmula 1.
Em 2025, o GP de São Paulo promete mais um espetáculo. E, como sempre, o autódromo paulista estará pronto para mais uma volta de emoção, onde a velocidade encontra a eternidade.
“O tempo passa, mas Interlagos não envelhece — ele se renova a cada bandeirada”, resume um torcedor nas arquibancadas.

De 1973 a 2025, o asfalto de Interlagos segue sendo o altar da velocidade, e o Brasil, seu público mais apaixonado.
Programação oficial – GP de São Paulo 2025
Local: Autódromo José Carlos Pace (Interlagos) – São Paulo
Data: 7 a 9 de novembro de 2025
Etapa: 21ª da temporada
| Dias | Sessão | Brasil (BRT) |
|---|---|---|
| Sexta-feira (7) | Treino livre | 11h30 |
| Sexta-feira (7) | Classificação Sprint | 15h30 |
| Sábado (8) | Corrida Sprint | 11h00 |
| Sábado (8) | Classificação | 15h00 |
| Domingo (9) | Corrida | 14h00 |

Transmissão
A TV Band exibe a classificação e a corrida na TV aberta, enquanto a Bandsports transmite todos os treinos e a classificação na TV fechada.









