Em uma das finais mais equilibradas dos últimos anos, o japonês Hashimoto Daiki conquistou seu terceiro título mundial consecutivo no individual geral, com um total de 85.131 pontos, consolidando-se como um dos maiores ginastas da história. O pódio foi completado por Zhang Boheng (China), com 84.333 pontos, e Noe Seifert (Suíça), que somou 82.831, garantindo a primeira medalha suíça na prova desde 1950.
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O brasileiro Caio Souza, por sua vez, viveu um momento histórico: chegou à nona posição, registrando 80.530 pontos — o melhor desempenho de sua carreira em campeonatos mundiais. Já Diogo Soares encerrou sua participação em 17º lugar, com 77.264 pontos, após enfrentar dificuldades na barra fixa.
A consagração de Hashimoto
Hashimoto mostrou domínio técnico e emocional ao longo da competição. O japonês foi o melhor no solo (14.000), salto sobre a mesa (14.466) e barra fixa (14.700) — nota mais alta entre todos os aparelhos, empatada com as barras paralelas do atleta Daniel Marinov (AIN). Além disso, foi segundo colocado no cavalo com alças (13.966), terceiro nas barras paralelas (14.433) e quarto nas argolas (14.466), demonstrando consistência impressionante.

O atual campeão olímpico, Oka Shinnosuke, chegou a liderar a final após excelente desempenho nas argolas (14.066) e barras paralelas (14.666), mas uma queda no solo o tirou do pódio, terminando em quinto lugar com 81.797 pontos.
O melhor Caio Souza da carreira
Disputando sua sexta final de individual geral em Mundiais, Caio Souza mostrou maturidade e confiança. Superando o décimo lugar de Liverpool 2022, ele comemorou o resultado como uma vitória pessoal após um ciclo de superação — ficou fora do Mundial de Antuérpia 2023 e dos Jogos Olímpicos de Paris 2024 por uma ruptura total no tendão de Aquiles.
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“Voltar de uma lesão… apesar de já ter muito tempo, tem três anos que fiquei fora do cenário mundial. Voltar e conseguir melhorar minha colocação foi muito gratificante”, declarou Caio.
O brasileiro melhorou suas notas em quatro dos seis aparelhos em comparação à fase classificatória. Optou por uma série mais simples nas argolas para garantir estabilidade e somou pontos valiosos nas barras paralelas e salto.
Destaques das notas de Caio Souza:
- Cavalo com alças: 12.466
- Argolas: 13.866
- Salto: 14.133
- Barras paralelas: 13.833
- Barra fixa: 13.866
- Solo: 12.366
“Voltei a acertar o Dragulescu no salto, isso foi muito importante. Tive um ano conturbado por causa do meu pé. A paralela foi uma das melhores séries que fiz no ano. Minha barra está mais constante. Acho que tudo isso fez minha competição crescer”, afirmou.
Caio chegou a ocupar o sétimo lugar após a quarta rotação, mas um pequeno desequilíbrio na última acrobacia do solo o fez perder posições. Ainda assim, sua evolução técnica o coloca como um dos nomes mais promissores do país. Ele agora se prepara para a final das argolas, marcada para sexta-feira (24), prometendo uma série mais complexa.
“Tenho que arriscar e fazer a melhor série possível. Estamos com os melhores do mundo, e só a dificuldade pode me levar mais alto”, completou.
Diogo Soares: constância e autocrítica
Diogo Soares, em sua quinta final consecutiva em eventos globais, manteve a tradição de representar o Brasil entre os grandes nomes da ginástica. Apesar de apresentar boas execuções em quase todos os aparelhos, duas quedas na barra fixa comprometeram sua pontuação final.
Destaques das notas de Diogo Soares:
- Cavalo com alças: 13.466
- Argolas: 12.566
- Salto: 13.400
- Barras paralelas: 13.166
- Barra fixa: 11.433
- Solo: 13.233
“A barra fixa é o aparelho que mais treinei. Dificultei as séries e me cobro muito. Acho que o psicológico pesou. Hoje me sinto triste com minha competição, mas isso faz parte da carreira de um atleta”, desabafou.
Com trajetória sólida, Diogo já participou das finais Olímpicas de Tóquio 2020 e Paris 2024 e segue determinado:
“Quero ser top 5 e conquistar minha medalha mundial. Essa cobrança me move”, disse ao fim da apresentação.
O início da competição foi marcado por forte disputa entre os japoneses Oka Shinnosuke e Hashimoto Daiki, com o francês Anthony Mansard e o suíço Noe Seifert na cola. Após as primeiras rotações, Hashimoto assumiu a liderança no cavalo com alças e manteve o controle da prova até o encerramento.
Zhang Boheng também fez exibição consistente, sendo o melhor nas argolas (14.600) e mantendo o Japão e a China como grandes potências da ginástica mundial. Noe Seifert garantiu o bronze com regularidade e precisão técnica, sendo o melhor no cavalo com alças (14.000).
Classificação final – Individual geral masculino (Jacarta 2025)
1º Hashimoto Daiki (JPN) – 85.131
2º Zhang Boheng (CHN) – 84.333
3º Noe Seifert (SUI) – 82.831
4º Shi Cong (CHN) – 82.297
5º Oka Shinnosuke (JPN) – 81.797
6º Angel Barajas (COL) – 81.432
7º Daniel Marinov (AIN) – 80.766
8º Krisztofer Meszaros (HUN) – 80.664
9° Caio Souza (BRA) – 80.530
10º Florian Langenegger (SUI) – 79.599
17º Diogo Soares (BRA) – 77.264
Um novo capítulo para a ginástica brasileira
O desempenho de Caio Souza e Diogo Soares no Mundial de Jacarta 2025 reforça o avanço da ginástica artística masculina do Brasil. A nona posição de Caio é o melhor resultado da história do país na prova mais nobre da modalidade, e Diogo segue como figura constante entre os principais atletas do circuito mundial.
Com os olhos voltados agora para as finais por aparelhos, especialmente as argolas, o Brasil volta a sonhar com um pódio que, cada vez mais, parece possível.









