Na Fórmula 1, o tempo costuma ser implacável. Enquanto alguns pilotos consagrados enfrentam a inevitável curva descendente da carreira, outros chegam com a ousadia dos estreantes e começam a escrever novas páginas da história da categoria.
A temporada 2025 tem sido o retrato desse contraste: de um lado, Lewis Hamilton, heptacampeão mundial, enfrenta um dos momentos mais difíceis da carreira; do outro, Andrea Kimi Antonelli, um jovem prodígio que já conquista resultados históricos em sua temporada de estreia.
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Hamilton e a dura realidade na Ferrari
A transferência de Lewis Hamilton para a Ferrari no fim de 2024 foi um dos movimentos mais impactantes do mercado da F1 em anos. Após uma era vitoriosa na Mercedes, onde conquistou seis títulos, o britânico buscava um novo desafio e a chance de devolver à escuderia italiana a glória perdida. Mas o que era visto como promissor se transformou em frustração.
Com apenas 31 pontos em oito etapas, Hamilton vive o pior início de sua carreira por uma nova equipe. Em 2007, como estreante na McLaren, somou 48 pontos; na Mercedes, em 2013, já acumulava 77. Agora, ocupa apenas a oitava posição no campeonato de pilotos.
O SF-25, carro da Ferrari, tem se mostrado inconsistente, difícil de pilotar e imprevisível em desempenho, o que se soma à dificuldade de adaptação do piloto.
“Ainda estamos tentando entender o carro. É um processo de aprendizado, mas é claro que esperávamos mais”, disse Hamilton após mais uma corrida fora do pódio, no Canadá.
A situação se agravou no GP da Austrália, quando uma estratégia mal executada de troca de pneus comprometeu sua performance.
“Não temos conseguido acertar o momento ideal nas decisões de corrida. Precisamos melhorar como equipe”, reconheceu.
Internamente, a Ferrari pede paciência, enquanto Charles Leclerc, companheiro de equipe, tem tido resultados melhores. Ainda assim, o britânico mostra otimismo contido:
“A paixão da Ferrari e da torcida é contagiante, e isso me motiva a seguir lutando.”
Antonelli: juventude, talento e resultados
Enquanto Hamilton tenta encontrar estabilidade, Andrea Kimi Antonelli brilha em sua primeira temporada na Fórmula 1. Aos 18 anos, 9 meses e 21 dias, o piloto da Mercedes se tornou o italiano mais jovem da história a subir ao pódio, com um terceiro lugar no GP do Canadá. É também o terceiro mais jovem do mundo, atrás apenas de Max Verstappen e Lance Stroll.
“Conseguir esse pódio tão cedo na minha carreira é surreal”, disse o jovem. “A ultrapassagem sobre o Piastri na primeira volta foi essencial para garantir esse resultado.” O movimento decisivo e sua condução segura sob chuva renderam a ele o prêmio de “Piloto do Dia”.
O feito também encerrou um longo jejum: o último italiano no pódio da F1 foi Jarno Trulli, em 2009. Antonelli mostrou maturidade em uma corrida com condições adversas, e os elogios vieram até de seus adversários.
“Ele é calmo, técnico e rápido. Tem tudo para ser campeão no futuro”, afirmou Max Verstappen após a prova.
O GP do Canadá não foi um ponto fora da curva. No Japão, Antonelli já havia liderado uma corrida e registrado a volta mais rápida, tornando-se o mais jovem da história nesses dois quesitos. Sua rápida adaptação à categoria, somada ao talento em pista molhada e ao controle emocional, faz com que muitos especialistas o considerem o futuro da F1.
Na Mercedes, o clima é de entusiasmo. A equipe vê no piloto uma aposta de longo prazo, com chances reais de vitória ainda em 2025.
“Queremos preparar Antonelli para lutar por títulos. Ele já está mostrando que tem tudo o que é preciso”, disse um engenheiro sênior da equipe alemã.
Próxima etapa
A Fórmula 1 retorna entre os dias 27 e 29 de junho, com o GP da Áustria, 11ª etapa do campeonato, no tradicional circuito de Spielberg.
