Francesco Borio, 17 anos, traz na bagagem uma combinação rara para alguém da sua idade: calma na fala, foco no olhar e uma postura que sugere pensamento a longo prazo. Ele está prestes a encerrar o último ano no High School, um ciclo cheio de desafios, mas também de oportunidades.
Voltando de um período lesionado, ele conta um pouco do processo de recuperação:
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“Quero ficar o mais saudável possível, conseguir fortalecer o meu ombro do melhor jeito possível, para ter o meu senior year sem lesões e conseguir as melhores ofertas. Tem universidades bem boas na Flórida, que me fariam bem.”
Embora seja o mais discreto entre os irmãos, com Enrico mais experiente no college e Luigi se destacando e com presença nas redes sociais, Francesco participa das conversas com atenção e jeito tranquilo. Fala pouco, mas quando o assunto é basquete, o tom muda. Ele se solta, argumenta, compartilha.
Raízes que se encontram nas quadras e adaptação
No papo com a mãe e com o irmão mais velho, Francesco conta quando se interessou pelo basquete:
“Um dia ele (Enrico) fez uma peneira no Curitibano e eu quis jogar também. Tinha nove anos. Desde então, jogo praticamente todo dia.”
Ao chegar aos Estados Unidos, Francesco percebeu rapidamente o impacto da mudança. Os treinos eram mais longos, exigiam mais resistência e colocavam os jogadores em disputas constantes. No início, ele voltava para casa exausto, mas com o tempo aprendeu a lidar com a intensidade e a se preparar melhor para a rotina.
Mudar-se para um país onde o idioma e a cultura são novos trouxe desafios.
“Eu já sabia falar inglês, mas a rotina da escola, companheiros de time, pessoa nova na sala, tudo foi complicado.”
Troca de ideias entre irmãos
Em casa, Francesco e Enrico costumam trocar ideias sobre os próximos passos na carreira. O irmão mais velho costuma alertar sobre a diferença de nível no college, onde é comum enfrentar jogadores de 24, 25, até 26 anos. A transição do high school para o college, segundo ele, é grande, afinal, são atletas ainda em formação encarando adultos já bem mais experientes.
“Ele fala que tem que ser muito bom em duas coisas, chutar e marcar, driblar e passar, e que o jogo é muito mais físico por jogar contra caras mais velhos.”
Objetivos bem planejados e futuro
Já foi um sonho realizado em poder vestir a camisa da seleção brasileira de base, mas ele sabe que para chegar a uma olimpíada e copa do mundo, admite que tem que fazer muito mais todo ano possível e sonha em ver os três jogando com a amarelinha.
Francesco carrega o coração dividido. Apesar da ligação familiar com o Cleveland Cavaliers, ele quer continuar na Flórida e até admite simpatia pelo Miami Heat:
“Não é só o time, é a vibe: calor, praia, minha energia.”
Quando fala sobre inspirações, Francesco revela o olhar atento de quem realmente estuda o jogo. Cita Darius Garland, do Cleveland Cavaliers, e Jalen Williams, do Oklahoma City Thunder, como referências. Gosta do jeito como os dois impactam as partidas e fazem a diferença em quadra, algo que ele também busca construir no próprio estilo.
No ritmo dele, sem fazer barulho, Francesco vai construindo seu caminho. Não busca holofotes, mas sabe muito bem o que quer. É daqueles que observam, entendem o jogo e tomam a decisão certa na hora certa. Prefere crescer com calma, um passo de cada vez, sempre com os olhos no que vem depois.