Força de bolas paradas e laterais na área levantam criticas na Premier League

A Premier League vive uma nova tendência tática nesta temporada: o crescimento do protagonismo das bolas paradas, incluindo o uso intensivo de arremessos laterais. Os números reforçam o movimento. Até o fim da 9ª rodada, a cada 100 gols marcados, 28 nasceram em lances de bola parada, desconsiderando pênaltis. É um índice que mostra como essas jogadas se tornaram determinantes no futebol inglês.

Os escanteios também vêm ganhando peso. Nesta edição, 19% de todos os gols saíram após cobranças pelo alto, maior marca de toda a história da competição. O aumento chama atenção em um campeonato que, nos últimos anos, se habituou a privilegiar o jogo ofensivo, de posse e circulação.

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Outro dado evidencia essa mudança. Em média, quatro laterais direcionados diretamente para a área são cobrados por partida, mais que o dobro de qualquer edição anterior. Em uma vitória recente sobre o Liverpool, o Brentford precisou de nove minutos e dezoito segundos para realizar dez cobranças de lateral. Só esse recorte tirou quase um minuto de bola rolando.

Neste contexto, o tempo efetivo de jogo também caiu. Apenas 54% do período das partidas tem bola em movimento, menor índice desde 2015.

Influência e transformação

Nos últimos anos, a Premier League se consolidou como a liga mais competitiva do mundo, apoiada em grandes investimentos e em um estilo de futebol ofensivo. A chegada de técnicos como Pep Guardiola, no Manchester City, e Jürgen Klopp, no Liverpool, redefiniu a forma como os times passaram a construir jogadas, com foco em passes curtos e agressividade no ataque.

Mas o cenário atual indica outra direção. Coincidentemente, logo após a saída de Klopp e durante o momento mais difícil de Guardiola no City, sem títulos, a liga passou a ser marcada pelo avanço das bolas paradas.

O jornalista Alex Bysouth, da BBC, analisa que o futebol é guiado por tendências. Ele relembra que, há cerca de 20 anos, a chegada de José Mourinho ao Chelsea deixou o campeonato mais físico, com atletas rápidos e fortes. Depois, a era Guardiola levou os times a buscarem a construção desde a defesa. Agora, os times perseguem pequenas brechas para decidir partidas, e as bolas paradas se tornaram um dos caminhos mais eficientes.

Debate cresce entre especialistas

O uso crescente de escanteios e laterais gerou debate. Ao mesmo tempo em que as bolas paradas se mostram cada vez mais determinantes, analistas questionam os impactos na estética do jogo. O ex-jogador e comentarista Jamie Carragher critica a dependência das equipes nesse tipo de jogada. Para ele, times com elenco qualificado deveriam priorizar construções fluidas com a bola em movimento.

A polêmica também envolve os laterais. Em diversos estádios, jogadores têm usado toalhas para secar a bola antes de arremessá-la, numa tentativa de aumentar o alcance e a precisão do lançamento. O recurso chegou a ser proibido em divisões inferiores da Inglaterra, o que reforça a importância do debate.

Gabriel Magalhães se destaca nas jogadas de bola parada do Arsenal (Foto: Getty Images)

Estratégia em alta

A febre das bolas paradas também marca o trabalho interno dos clubes. Equipes passaram a dedicar mais tempo e recursos para desenvolver rotinas que potencializam finalizações nesse tipo de lance.

A tendência, no entanto, divide opiniões. Para alguns, representa evolução tática. Para outros, é um retrocesso, já que diminui o ritmo do jogo e afeta a fluidez das partidas. O certo é que, em uma liga tão competitiva, cada detalhe pode decidir um campeonato. E, neste momento, a bola parada é um deles.

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