Diretores pedem licença e São Paulo anuncia investigação interna sobre uso de camarotes

Um áudio que circulou internamente e chegou à imprensa nesta semana provocou um terremoto político no São Paulo Futebol Clube. A gravação, revelada pelo ge, indica a existência de um esquema de comercialização clandestina de camarotes do estádio Morumbis durante a realização de shows, com a participação de dirigentes do clube.

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Diante da repercussão, Douglas Schwartzmann, até então diretor adjunto de futebol de base, e Mara Casares, diretora feminina, cultural e de eventos, pediram licença de seus cargos nesta segunda-feira. A medida foi tomada poucas horas após a divulgação do conteúdo da gravação e, segundo o clube, tem caráter preventivo, para não interferir nas investigações.

Na conversa, Schwartzmann admite de forma direta que ele e outras pessoas teriam obtido ganhos financeiros com a venda irregular de ingressos, prática que não passaria pelos canais oficiais do clube. O áudio também sugere que o esquema ocorria especificamente em dias de eventos musicais, quando o estádio é alugado para produtoras.

Outro ponto sensível da gravação envolve Mara Casares, ex-esposa do presidente Julio Casares. Segundo o relato feito por Schwartzmann no áudio, Mara teria recebido um camarote do superintendente do clube, Marcio Carlomagno, e utilizado o espaço para revender ingressos do show da cantora Shakira, realizado em fevereiro deste ano.

Carlomagno é considerado um dos principais nomes da atual gestão e braço direito de Julio Casares, além de figura estratégica no grupo político que articula a sucessão presidencial do clube nas eleições previstas para 2026.

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O camarote citado na investigação é o de número 3A, localizado no setor leste do Morumbis. De acordo com documentos internos aos quais a reportagem teve acesso, o espaço aparece registrado como “Sala Presidência”. O local fica em frente ao escritório do presidente do clube e é tradicionalmente utilizado para reuniões administrativas, recepção de convidados e até entrevistas oficiais.

A revelação de que esse espaço institucional teria sido usado em um esquema de venda ilegal acentua a gravidade do caso, pois levanta questionamentos sobre controle interno, governança e uso de áreas estratégicas do estádio.

Em nota, o São Paulo informou que os pedidos de licença foram aceitos imediatamente e que será aberta uma apuração interna para esclarecer todos os fatos, sem prejuízo de eventuais medidas administrativas ou jurídicas. O clube também destacou que não compactua com práticas irregulares e reafirmou o compromisso com a transparência.

Nos bastidores, a avaliação é de que o caso pode gerar desdobramentos políticos importantes, especialmente por envolver nomes ligados diretamente à atual presidência. Conselheiros ouvidos pela reportagem defendem que a investigação seja conduzida com independência, inclusive com acesso a contratos, registros de uso dos camarotes e eventuais movimentações financeiras relacionadas aos eventos.

O episódio ocorre em um momento delicado para o clube, que tenta reforçar sua imagem institucional e financeira após anos de dificuldades administrativas. A expectativa agora é que o resultado da apuração interna seja divulgado nas próximas semanas, enquanto o Conselho Deliberativo acompanha o caso de perto.

Até a conclusão das investigações, Douglas Schwartzmann e Mara Casares permanecem afastados de suas funções, e o clube afirma que novas informações serão comunicadas oficialmente assim que houver avanços no processo.

Autor

  • Nicolas Pedrosa

    Jornalista formado pela UNIP, com experiência em TV, rádio, podcasts e assessoria de imprensa, especialmente na área da saúde. Atuou na Prefeitura de São Vicente durante a pandemia e atualmente gerencia a comunicação da Caixa de Saúde e Pecúlio de São Vicente. Apaixonado por leitura e escrita, desenvolvo livros que abordam temas sociais e histórias de superação, unindo técnica e sensibilidade narrativa.

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