CSA cai para a Série D após temporada marcada por desorganização e crise

O dia 30 de agosto de 2025 entra para a história do futebol alagoano como uma das datas mais duras para o torcedor do CSA. O Azulão, que em 2019 estava na Série A do Campeonato Brasileiro, foi oficialmente rebaixado para a Série D após a derrota para o Brusque por 2 a 0, em Santa Catarina, e a combinação de outros resultados.

Mesmo com menos de 1% de risco de queda antes da rodada, o destino foi implacável: o Itabaiana venceu o ABC fora de casa, o Maringá superou o Caxias e o Anápolis derrotou o Botafogo-PB. Com isso, o CSA encerrou a primeira fase da Série C em 17º lugar, com 22 pontos, caindo por ter uma vitória a menos que o time sergipano.

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De semifinalista de copa ao fundo do poço

O contraste com o início do ano impressiona. O CSA havia chegado às semifinais da Copa do Nordeste e da Copa do Brasil, conquistando cerca de R$ 12 milhões em premiações e chamando atenção pelo bom rendimento em mata-matas. No entanto, a diretoria não soube administrar o calendário e, embalada pelos bons resultados nas copas, falhou na montagem de elenco para a Série C.

A queda de rendimento foi abrupta e inexplicável para quem acompanhou de perto o desempenho no primeiro semestre. A perda de peças importantes, como o zagueiro titular que deixou a equipe no início da temporada sem reposição à altura, mostrou a fragilidade da gestão esportiva do clube.

Decisões equivocadas fora de campo

As escolhas da diretoria ao longo do ano ajudaram a cavar o buraco. A demissão de Higo Magalhães às vésperas de um jogo decisivo contra o Vasco, pela Copa do Brasil, foi seguida da rápida contratação de Márcio Fernandes, que durou apenas quatro partidas. Sem rumo, a cúpula recorreu ao próprio Higo, o que provocou desgaste político interno.

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O superintendente de futebol, Luciano Lessa, deixou o cargo após não ser consultado sobre a volta do treinador. Dias depois, outros dirigentes também se afastaram, aumentando a turbulência nos bastidores. A instabilidade administrativa refletiu diretamente no gramado.

Limitações dentro das quatro linhas

Com o retorno de Higo, o CSA até manteve alguma organização tática, mas não conseguiu ser decisivo. O treinador, por vezes, poupou atletas em situações em que não havia espaço para rodar elenco, e suas substituições em jogos-chave foram bastante questionadas.

A falta de repertório ofensivo e a dificuldade em reagir a situações adversas se tornaram marcas do time. Quando precisava vencer para escapar, o Azulão sucumbiu diante de adversários diretos.

A torcida, sempre presente, paga a conta

Em meio a tantos erros de gestão, o único setor que nunca falhou foi a arquibancada. A torcida azulina se manteve firme durante toda a temporada, empurrando o time em jogos decisivos e mantendo um dos programas de sócio torcedor mais fiéis do Nordeste. Mesmo diante de derrotas dolorosas e de uma campanha instável, os torcedores continuaram acreditando, lotando estádios e mostrando a força de uma paixão centenária.

Para quem acompanhou de perto, o rebaixamento não é apenas um dado estatístico: é um golpe na alma do clube. O CSA não caiu sozinho, arrastou junto milhares de pessoas que seguem o time como parte da vida. A sensação é de frustração, porque o torcedor fez a sua parte, mas a diretoria não entregou a mesma dedicação dentro do campo e na gestão.

Agora, o desafio do clube vai além de reorganizar o futebol. Será preciso reconquistar a confiança de uma massa que sempre esteve presente, mesmo quando parecia não haver mais esperança. No CSA, a arquibancada nunca abandona, mas ela também cobra, e o grito de insatisfação deve ser ouvido mais alto do que nunca.

E agora?

O rebaixamento abre uma ferida profunda. O CSA, que parecia seguro na tabela, terminou punido pela própria falta de organização. O desafio agora será reconstruir a credibilidade e o elenco em um cenário bem mais difícil, a Série D.

A presidente Mirian Monte, com mandato até 2027, prometeu se pronunciar nos próximos dias. Mas, no momento, a pergunta que ecoa entre os torcedores é simples: quem vai assumir a responsabilidade por levar o clube a esse ponto?

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