CBF anuncia novo calendário do futebol profissional masculino com mudanças em 2026

A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) oficializou nesta quarta-feira (30) o novo calendário do futebol profissional masculino, válido a partir de 2026 e com planejamento até 2029. O anúncio, feito na sede da entidade no Rio de Janeiro, marca uma das mais profundas reformulações no futebol nacional nas últimas décadas.

A mudança atende a uma antiga demanda de clubes, atletas e federações: reduzir o excesso de jogos para a elite e ampliar a participação de clubes menores em torneios nacionais.

LEIA TAMBÉM: Villarreal e Juventus se enfrentam pela UEFA Champions League; saiba tudo sobre a partida

Segundo Xaud, o processo de elaboração foi “amplamente debatido, ouvindo clubes, federações e representantes do mercado”, além de contar com áreas técnicas da própria entidade. “2026 será um ano de transição, mas toda caminhada precisa de um primeiro passo. Este primeiro passo será dado hoje”, destacou o presidente.

Julio Avellar reforçou a importância das alterações:

“Reduzimos o excesso de jogos para clubes da Série A e ao mesmo tempo ampliamos oportunidades para federações e equipes em torneios nacionais, democratizando o futebol. Times que antes ficavam meses inativos após seus Estaduais agora terão competições para jogar.”

Julio Avellar detalhou as mudanças no calendário do futebol profissional masculino brasileiro - Foto: Rafael Ribeiro/CBF
Julio Avellar detalhou as mudanças no calendário do futebol profissional masculino brasileiro – Foto: Rafael Ribeiro/CBF

Nos últimos anos, o calendário brasileiro virou alvo constante de críticas. Em 2024, os 20 clubes da Série A estiveram entre os 21 que mais jogaram no mundo. Sete deles passaram da marca de 70 partidas em uma temporada, algo impensável na maioria dos países. O recorte global mostrou uma média de 67,4 jogos por equipe brasileira, contra 57,2 dos clubes estrangeiros no mesmo ranking.

Enquanto isso, mais de 700 clubes tinham apenas os campeonatos estaduais como atividade, encerrando sua temporada ainda no primeiro trimestre. Do total de 882 equipes registradas na CBF, apenas 124 (14%) disputaram alguma divisão nacional em 2024.

Esse desequilíbrio levou a entidade a propor uma solução de “pirâmide ajustada”: menos jogos para quem já vive uma rotina intensa e mais espaço para quem ficava parado.

As principais diretrizes

O presidente da CBF, Samir Xaud, destacou que 2026 será um ano de transição, mas que as mudanças são “o primeiro passo de um projeto maior”. Já o diretor de Competições, Julio Avellar, ressaltou a intenção de “democratizar o calendário e evitar meses de inatividade para clubes menores”.

Na prática, a reformulação se baseia em cinco pilares:

  1. Redução da carga da Série A, limitando o número de jogos e garantindo mais intervalos de descanso.
  2. Reestruturação dos Estaduais, agora com menos datas, mas preservando rivalidades locais.
  3. Expansão das divisões de acesso (Séries C e D), ampliando clubes e partidas.
  4. Fortalecimento das copas regionais, com criação de novas competições e retorno de torneios históricos.
  5. Integração com calendário internacional, respeitando janelas da FIFA e da Conmebol.

Campeonatos Estaduais: mais curtos e equilibrados

Os Estaduais, considerados por muitos como a “raiz do futebol brasileiro”, foram alvo de ajustes significativos. A partir de 2026, terão apenas 11 datas, contra 16 atuais, mas continuarão sendo disputados entre 11 de janeiro e 8 de março.

Segundo a CBF, essa redução traz benefícios diretos:

  • Menos desgaste físico para os atletas, especialmente de clubes de menor estrutura.
  • Economia financeira para times com baixo orçamento.
  • Valorização técnica, já que os jogos terão mais peso esportivo.

Com menos datas, abre-se espaço para que, logo após os Estaduais, os clubes de médio porte possam disputar torneios regionais ou nacionais, evitando ociosidade.

Copa do Brasil: a grande expansão

A Copa do Brasil será a competição mais impactada.

  • Em 2026, passará de 92 para 126 clubes.
  • Em 2027, chegará a 128 times, incorporando campeões das novas copas regionais.
  • O número de partidas subirá de 122 para 155.
  • A final será disputada em jogo único, encerrando o calendário nacional em dezembro.

Outra novidade: os 20 clubes da Série A entrarão apenas na 5ª fase, aliviando a sobrecarga. Já as federações estaduais terão 80 para 102 vagas, ampliando a presença de clubes do interior.

Séries A e B: manutenção com ajustes

A Série A terá calendário estendido, começando em 28 de janeiro e terminando em 2 de dezembro. O formato de pontos corridos segue inalterado, mas a distribuição das datas permitirá maior recesso aos atletas.

Confira “Filhos do Silêncio” de Andrea dos Santos

A Série B também mantém o formato, mas será mais longa: 21 de março a 28 de novembro. Isso garante continuidade para clubes que antes ficavam sem calendário fixo entre Estaduais e Brasileirão.

Série C: crescimento progressivo

Em 2026, a Série C segue com 20 clubes. Porém, em 2027, sobe para 24, e em 2028, para 28. Nesse último formato, haverá dois grupos de 14 clubes, com maior volume de jogos e maior competitividade.

A cada expansão, o número de rebaixados também cresce, garantindo fluxo entre as divisões.

Série D: a grande vitrine para o interior

A Série D viverá sua maior transformação:

  • De 64 para 96 clubes a partir de 2026.
  • Mais partidas: de 510 para 610.
  • Playoffs inéditos, para ampliar a emoção e definir vagas de acesso.
  • Cada clube jogará no mínimo 10 e no máximo 22 partidas, dependendo do desempenho.

Essa expansão atende a uma demanda histórica: garantir que equipes do interior tenham calendário nacional prolongado, mantendo torcida e estrutura ativa por mais meses.

Novo calendário busca trazer mais racionalidade e equilíbrio ao futebol profissional masculino - Foto: Rafael Ribeiro/CBF
Novo calendário busca trazer mais racionalidade e equilíbrio ao futebol profissional masculino – Foto: Rafael Ribeiro/CBF

Copas Regionais: volta às origens

A CBF aposta no fortalecimento regional como diferencial.

  • Copa do Nordeste: ampliada para 20 clubes, 60 jogos e calendário fixo entre março e junho.
  • Copa Verde: ganhará novo formato. A partir de 2026, será decidida entre os campeões da Copa Norte (reativada) e da Copa Centro-Oeste (criada agora).
  • Copa Sul-Sudeste: estreia em 2026, com 12 clubes, 42 jogos e impacto direto na Copa do Brasil de 2027.

Todas essas competições terão o mesmo princípio: clubes da Série A envolvidos em torneios continentais não poderão participar, liberando espaço para equipes médias e pequenas.

Impactos econômicos e sociais

Além da reorganização esportiva, a CBF projeta investimento de R$ 1,3 bilhão nas competições nacionais, salto que deve impulsionar a cadeia produtiva do esporte, gerar empregos e atrair patrocinadores.

O novo desenho também pretende aumentar o valor de mercado dos campeonatos, tornando-os mais previsíveis, atraentes para mídia e comercialmente sustentáveis.

BF anuncia novidades no calendário do futebol brasileiro para o quadriênio 2026/2029 - Foto: Reprodução/Youtube
BF anuncia novidades no calendário do futebol brasileiro para o quadriênio 2026/2029 – Foto: Reprodução/Youtube

Conclusão: uma mudança estrutural

Com menos desgaste para os gigantes e mais oportunidades para os pequenos, o novo calendário busca corrigir distorções históricas.

“Queremos fomentar a performance, atrair investimentos e valorizar nossos produtos. Esse é o futuro do futebol brasileiro”, concluiu Julio Avellar.

Na prática, 2026 será um teste para um modelo que promete equilibrar tradição e modernidade, dar sobrevida a clubes de menor investimento e diminuir a exaustão da elite.

Autor

  • Nicolas Pedrosa

    Jornalista formado pela UNIP, com experiência em TV, rádio, podcasts e assessoria de imprensa, especialmente na área da saúde. Atuou na Prefeitura de São Vicente durante a pandemia e atualmente gerencia a comunicação da Caixa de Saúde e Pecúlio de São Vicente. Apaixonado por leitura e escrita, desenvolvo livros que abordam temas sociais e histórias de superação, unindo técnica e sensibilidade narrativa.

Marcado:

Deixe um Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *