Durante participação no Fórum “Sustentabilidade em Campo”, realizado nesta segunda-feira (4), em São Paulo, o vice-presidente da CBF, Ricardo Gluck Paul, fez um alerta contundente sobre a situação financeira dos clubes brasileiros. Para ele, a implementação de um sistema de fair play financeiro é uma medida urgente e inadiável.
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“O navio bateu no iceberg e está afundando. Em 2019, já se falava sobre o tema. Era possível desviar, mas nada foi feito. Agora, a realidade exige ação”, declarou o dirigente, usando uma metáfora para destacar o cenário crítico que o futebol brasileiro enfrenta quando o assunto é gestão financeira.
A proposta da Confederação Brasileira de Futebol é criar um Sistema de Sustentabilidade Financeira (SSF), nos moldes do que já é aplicado em ligas europeias. A ideia é que os clubes passem a seguir regras rígidas de controle de gastos, com foco na responsabilidade orçamentária, transparência e equilíbrio entre receitas e despesas.
Para dar corpo ao projeto, um grupo de trabalho foi montado com a participação de 33 clubes, incluindo os 20 da Série A e 13 da Série B, além de 10 federações estaduais. A primeira reunião oficial está agendada para o dia 11 de agosto, no Rio de Janeiro, e o grupo terá 90 dias para apresentar uma proposta final com o regulamento da nova política financeira.
A previsão da CBF é iniciar a implantação do sistema já em 2026, com um processo de transição gradual para que os clubes possam se adaptar às novas exigências. Segundo Gluck Paul, a CBF está pronta para “jogar a boia” e ajudar os clubes a enfrentarem o mar revolto das dívidas e da má gestão.
Além das dificuldades geradas por má administração, Gluck Paul lembrou que o contexto econômico do Brasil impõe juros elevados, o que agrava ainda mais a situação dos clubes que operam no vermelho.
“Enquanto os europeus tomam dinheiro a 2% ao ano, aqui falamos de 15%. A urgência é ainda maior”, explicou.
A proposta é vista como uma das mais relevantes para o futuro financeiro do futebol brasileiro.