A noite de gala do Prêmio Brasil Olímpico (PBO) voltou a celebrar o protagonismo de atletas que marcaram a temporada com resultados expressivos e histórias inspiradoras. Em uma cerimônia realizada na Cidade das Artes, na Barra da Tijuca, Caio Bonfim e Maria Clara Pacheco foram anunciados como vencedores do tradicional troféu de “Melhor Atleta do Ano”, consolidando seus nomes como destaques absolutos do ciclo esportivo.
Pelo segundo ano consecutivo, Caio Bonfim foi eleito o melhor atleta masculino, superando concorrentes de peso como Henrique Marques (taekwondo), Hugo Calderano (tênis de mesa) e Yago Dora (surfe).
O brasiliense, que brilhou nos Jogos Olímpicos de Paris 2024 com uma medalha de prata, manteve o alto nível em 2025 ao conquistar ouro nos 20km e prata nos 35km no Mundial de Atletismo, realizado em Tóquio, reforçando sua hegemonia na modalidade.
Durante o discurso, Caio destacou o caráter coletivo por trás de um esporte que, para muitos, parece solitário:
“Meu esporte é individual, mas o atletismo é o esporte individual mais coletivo que existe. Muitas pessoas caminharam comigo até aqui.”
Ele relembrou ainda o início da trajetória, quando seu pai o inscreveu em uma prova de marcha aos dez anos:
“Ano passado, quando ganhei, achei que seria único. Mas 2025 foi especial demais.”
Maria Clara Pacheco expõe superação e treinos improvisados antes de ser eleita Melhor Atleta do Ano.
A Cidade das Artes, localizada na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, foi o palco de uma noite de brilho, emoção e superação. Na quinta-feira (11), o Prêmio Brasil Olímpico 2025 consagrou Maria Clara Pacheco, do taekwondo, como Melhor Atleta do Ano no feminino, em uma temporada histórica que, além dos nove ouros conquistados, foi marcada por desafios pessoais e familiares que a tornaram ainda mais admirada pelos brasileiros.
A paulista de 22 anos teve uma temporada quase perfeita, disputando 10 torneios e vencendo 9, com destaque para o Mundial de Taekwondo e o Grand Prix Challenge de Charlotte. Mas, ao olhar para trás, o que ela mais destaca não são as medalhas, mas o percurso difícil que a levou até elas.
Em junho, poucos dias antes da competição internacional em Charlotte, a mãe de Maria Clara, Vilma, recebeu um diagnóstico devastador: câncer no intestino. Após uma cirurgia de emergência, Vilma enfrentou complicações graves, e Maria Clara se viu dividida entre as responsabilidades como atleta e a necessidade de estar ao lado da mãe.
Foi nesse momento de tensão que Maria Clara fez uma promessa. Antes de viajar para os Estados Unidos, perguntou à mãe o que ela queria de presente. A resposta de Vilma foi simples, mas cheia de simbolismo: “Quero a medalha de ouro”. A atleta, sem acreditar completamente na possibilidade, mas determinada a cumprir o desejo da mãe, fez o que pôde para transformar aquela promessa em realidade.
“Eu não acreditava que conseguiria, mas disse que faria o possível e aconteceu. Isso se tornou uma tradição para o resto do ano”, comentou Maria Clara emocionada no palco do Prêmio Brasil Olímpico.
A partir daquele momento, sempre que participava de uma competição, a mãe de Maria Clara repetia o pedido. E a resposta sempre era a mesma: uma medalha de ouro. Foram nove ouros durante 2025, e Maria Clara dedicou todas as suas vitórias à mãe e ao pai, Carlos, que sempre a incentivaram a seguir sua carreira com garra.
Em 2024, Maria Clara tomou uma decisão radical. Juntamente com outros colegas, decidiu deixar a equipe que defendia para formar uma nova equipe sob o comando de José Carlos, seu técnico e namorado. Sem apoio e sem uma estrutura adequada, o grupo precisou improvisar os treinos, utilizando espaços alternativos enquanto buscava apoio.
“Treinamos em uma igreja em São Caetano do Sul. Foi o que conseguimos fazer até que surgisse algum apoio”, explicou Maria Clara.
Foi assim que surgiu o Team One, uma equipe que, apesar das dificuldades, conseguiu brilhar, especialmente pelas mãos e pés de Maria Clara, que, sob a orientação de José Carlos, passou a alcançar um nível de desempenho ainda mais alto.
“Com o José Carlos, percebi que podia mais. Ele assumiu tudo e me fez subir ao lugar mais alto do pódio, depois de Paris 2024. O trabalho dele foi fundamental para a minha transformação.”
Essas conquistas garantiram a Maria Clara o prêmio de Melhor Atleta do Ano no Prêmio Brasil Olímpico. Ela foi a grande estrela da noite, dividindo os holofotes com outros atletas de renome.

A cerimônia também reservou espaço para reverenciar lendas do esporte nacional. O velejador Robert Scheidt, dono de cinco medalhas olímpicas, recebeu o Troféu Adhemar Ferreira da Silva, honraria concedida a figuras que representam valores como ética, respeito e excelência técnica.
Ovacionado em pé, Scheidt agradeceu e relembrou o encontro marcante com Adhemar, em 1996:
“Ele nos disse para honrar a bandeira e fazer sempre o melhor, sem pensar no resultado final. Essas palavras me acompanharam por toda a carreira.”
Histórico de gigantes
O PBO também reforçou o peso dos grandes vencedores. Entre os recordistas do troféu estão:
- Isaquias Queiroz (canoagem) — 4 títulos
- Rebeca Andrade (ginástica) — 4 títulos
- Cesar Cielo (natação) — 3 títulos
Nomes que pavimentaram o caminho até a vitória de Caio e Maria Clara — agora, parte desse seleto grupo.
A noite também foi um momento de reconhecimento a Robert Scheidt, que recebeu o Troféu Adhemar Ferreira da Silva, a mais alta honraria do esporte olímpico brasileiro. Com cinco medalhas olímpicas, Scheidt foi aplaudido de pé pelos presentes, enquanto relembrou seu encontro com Adhemar Ferreira da Silva, que lhe transmitiu uma grande lição sobre a honra de representar o Brasil.
A cerimônia também contou com a entrega de diversos outros prêmios, com destaque para os seguintes vencedores:
- Atleta Revelação: Rebeca Lima (boxe)
- Melhor Treinador: Diego Guimarães Ribeiro (taekwondo)
- Melhor Treinadora: Gia Sena Bonfim (marcha atlética)
- Atleta da Torcida (feminino): Gabi Guimarães
- Atleta da Torcida (masculino): João Fonseca
- Clube Destaque Olímpico: Esporte Clube Pinheiros

A lista completa dos vencedores por modalidade
- Águas Abertas — Ana Marcela Cunha
- Atletismo — Caio Bonfim
- Badminton — Juliana Viana
- Basquete 3×3 — Gabriela Guimarães
- Basquete 5×5 — Yago dos Santos
- Beisebol — Victor Coutinho
- Boxe — Rebeca Lima
- Canoagem Slalom — Ana Sátila
- Canoagem Velocidade — Gabriel Assunção
- Canoagem Velocidade — Jacky Godmann
- Ciclismo BMX Freestyle — Gustavo de Oliveira “Bala Loka”
- Ciclismo BMX Racing — Paola Reis
- Ciclismo de Estrada — Tota Magalhães
- Ciclismo Mountain Bike — Ulan Galinski
- Ciclismo de Pista — João Vitor da Silva
- Críquete — Laura Cardoso
- Desportos na Neve — Lucas Pinheiro Braathen (Esqui Alpino)
- Desportos no Gelo — Nicole Silveira (Skeleton)
- Escalada Esportiva — Anja Kohler
- Esgrima — Isabela Carvalho
- Flag Football — Karol Souza
- Futebol — Marta
- Ginástica Artística — Flávia Saraiva
- Ginástica de Trampolim — Camilla Gomes
- Ginástica Rítmica — Nicole Pircio, Maria Paula Carminha, Eduarda Arakaki, Sofia Madeira e Mariana Gonçalves
- Golfe — Fred Biondi
- Handebol — Bruna de Paula
- Hipismo Adestramento — João Victor Oliva
- Hipismo CCE — Marcio Jorge
- Hipismo Saltos — Stephan Barcha
- Hóquei sobre Grama — Yuri Van Der Heijden
- Judô — Daniel Cargnin
- Lacrosse — Titus Chapman
- Levantamento de Peso — Laura Amaro
- Lutas / Luta Olímpica — Laís Nunes
- Maratona Aquática Paralímpica — Wendell Belarmino
- Nado Artístico — Laura Miccuci e Maria Clara Lobo
- Natação — Guilherme Costa “Cachorrão”
- Patinação Artística — Isadora Williams
- Pentatlo Moderno — Yane Marques
- Polo Aquático — Marina Zablith
- Remo — Lucas Verthein
- Rugby Sevens — Raquel Kochhann
- Saltos Ornamentais — Ingrid Oliveira
- Skate Street — Rayssa Leal
- Skate Park — Pedro Barros
- Surfe — Tatiana Weston-Webb
- Taekwondo — Maria Clara Pacheco
- Tênis — João Fonseca
- Tênis de Mesa — Bruna Takahashi
- Tiro com Arco — Marcus D’Almeida
- Tiro Esportivo — Leonardo Lacerda
- Triatlo — Manoel Messias
- Vela — Kahena Kunze e Martine Grael
- Vôlei de Praia — Duda e Ana Patrícia
- Voleibol — Gabi Guimarães
- Wrestling — Gisele Barbosa









