O técnico Abel Ferreira, do Palmeiras, na entrevista coletiva após o empate contra o Cruzeiro, neste domingo (26), deu um longo depoimento sobre os problemas de arbitragem do futebol brasileiro.
O português ainda falou em “narrativas hipócritas” sobre suposto beneficiamento e disse que o alviverde “não tem a mesma força de mídia” em relação a outros clubes, mas não citou nomes.
“Já fomos beneficiados e prejudicados. O Flamengo também tem a mesma razão. Cruzeiro, São Paulo… todos têm. Se fizermos as contas, veremos um denominado comum. Não adianta fazer uma vítima só. Não criem narrativas hipócritas de que o Palmeiras é o beneficiado. Todo mundo percebeu que não adianta criar essa narrativa hipócrita. Torcedores: preparem-se, porque o Palmeiras não tem a mesma força de mídia que outros clubes têm. Quando se cria uma narrativa hipócrita em cima só do Palmeiras, fica como: ‘vamos arranjar um patinho feio porque eles estão na frente no campeonato’. Isso foi feito muito antes do jogo contra o nosso adversário. Vocês viram. Todos os times reclamam sobre arbitragem, não é só o Palmeiras”.
“No momento certo, é preciso ter uma arbitragem independente da CBF para que não existam critérios diferentes. Não me preocupam os erros, mas não podemos fechar os olhos, e temos que assumir. Mas dizer que há uma arbitragem segura? Não brinquem com isso. Precisamos de mais árbitros para que eles descansem. Eles são os que mais precisam tomar decisões. Será que eles descansam? Tem gente para substituir? Será que não é melhor criarmos uma comissão de arbitragem independente e pagar salários condizentes com o que ganham os profissionais do futebol brasileiro? Não seria melhor criar um núcleo mais largo? É possível fazer, porque em ligas menos competitivas, isso é feito. É o desafio que temos agora”.
Abel também reclamou da pouca quantidade de tempo de bola rolando e repercutiu a entrevista de Leo Jardim, técnico do Cruzeiro.
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“O árbitro, hoje, até pensamentos apitava. Não houve 45 minutos de tempo útil. Eu, se fosse torcedor, ficaria triste por pagar meu ingresso e ver um árbitro apitar até pensamentos.”
“Vivo em dilema desde que cheguei ao Brasil. Estava ouvindo meu conterrâneo. Ele falou de forma dura sobre a arbitragem, sindicato de jogadores, gramado e calendário. Quero dizer a ele que isto é algo que faço desde o primeiro dia que cheguei. Disse mais que uma vez que estava aqui para valorizar o Palmeiras e o futebol brasileiro. Está no livro. Ele realmente falou coisas corretas, mas não depende dos treinadores, depende de quem decide”.
Ainda deu tempo do técnico do Verdão falar sobre desgates em meio a maratona de jogos decisivos.
“É um dilema muito grande. Sabíamos que o jogo seria extremamente difícil. Se eu estou cansado, imagina os jogadores. Não dormimos, viemos de noite, e nosso adversário teve uma semana para preparar o jogo. Lutamos pelos mesmos objetivos, mas…”
“O Cruzeiro é uma equipe recheada de um grande treinador e de grandes jogadores. É um time que pressiona muito bem a fase de construção do adversário. Eles sabiam perfeitamente do desgaste que tínhamos e, sabendo disso, teve uma semana inteira para preparar. Eu só preparei o jogo hoje de manhã. Não sei se é certo ou errado, mas é assim. Pedi algo para dormir ao doutor. Fui ao quarto, depois pedi desculpa, mas nem na ação de treino fui. Dormi. Se eu estava assim, imaginem os jogadores”.









