Embora pouco conhecidas do público em geral, as terras raras estão por trás de boa parte da tecnologia que usamos no dia a dia. Esses minerais são estratégicos para setores como energia limpa, defesa, eletrônicos e automóveis. O Brasil, com grandes reservas ainda pouco exploradas, entrou no radar de potências globais, especialmente dos Estados Unidos, que buscam reduzir sua dependência da China nesse mercado altamente concentrado.
Mas, afinal, o que são as terras raras? E por que o Brasil tem despertado tanto interesse?
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O que são terras raras?
As chamadas terras raras são um grupo de 17 elementos químicos, incluindo o neodímio, lantânio, térbio e disprósio, essenciais na fabricação de ímãs superpotentes, turbinas eólicas, baterias recarregáveis, telas de celulares, equipamentos médicos e até armamentos militares sofisticados. Apesar do nome, não são necessariamente raros na natureza, mas sua extração e processamento são complexos e exigem tecnologias avançadas.

Brasil tem reservas de minerais, mas falta estrutura
O Brasil é considerado um dos países com maior potencial para produção de terras raras. Estudos indicam jazidas expressivas em estados como Minas Gerais, Goiás, Amazonas e Bahia. No entanto, diferentemente da China, que domina mais de 80% da produção e refino mundial, o Brasil ainda não possui uma cadeia produtiva completa para aproveitar esse recurso.
Hoje, o país exporta parte dos minerais em estado bruto ou com baixo valor agregado, sem participar dos estágios mais lucrativos da cadeia industrial. Isso limita os ganhos econômicos e tecnológicos e reforça a dependência externa em setores estratégicos.
Com o crescimento da tensão comercial entre Estados Unidos e China, Washington intensificou sua busca por fornecedores alternativos de minerais críticos. As terras raras são um ponto-chave dessa estratégia. O risco de interrupção no fornecimento, diante de disputas políticas ou geopolíticas, levou o governo americano a buscar parcerias com países com potencial mineral, como o Brasil, a Austrália e o Canadá.
Apesar do interesse internacional, o Brasil ainda enfrenta desafios estruturais para transformar seu potencial em protagonismo. Faltam investimentos em tecnologia de extração limpa, infraestrutura logística, incentivos fiscais e políticas públicas de incentivo à indústria mineral estratégica.
Além disso, o refino e a separação dos elementos das terras raras envolvem processos químicos complexos, que podem gerar resíduos radioativos. Isso exige um rígido controle ambiental, além de regulamentações específicas, o que aumenta os custos e os riscos do setor.
As terras raras representam muito mais que uma riqueza mineral: são “peças” fundamentais no jogo geopolítico global da tecnologia e da energia limpa. O Brasil, com suas reservas abundantes, tem uma chance única de ocupar um papel relevante nesse cenário. Mas, para isso, precisa enfrentar os entraves internos e construir uma estratégia de longo prazo que integre desenvolvimento econômico, proteção ambiental e inovação tecnológica.