O preço dos ovos caiu em todas as regiões monitoradas pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da USP, na primeira quinzena de julho. A retração se deve principalmente à menor demanda provocada pelas férias escolares e pelas temperaturas mais amenas no país. Para tentar garantir a saída da produção, muitos produtores concederam descontos nas negociações, o que intensificou a pressão sobre os valores.
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Mesmo com a produção ligeiramente reduzida em função do clima, o ritmo lento das vendas tem afetado o mercado interno. Segundo analistas do Cepea, o comportamento de consumo nesse período costuma ser sazonalmente mais fraco, mas a combinação com os novos riscos no cenário internacional tem gerado apreensão no setor.
Desde a semana passada, o foco de atenção da avicultura brasileira se voltou também para o anúncio de novas tarifas pelos Estados Unidos. A medida, que deve entrar em vigor em 1º de agosto, por decisão do presidente Donald Trump, ameaça atingir diretamente um dos mercados que mais cresceram para os ovos brasileiros.

De acordo com dados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), os Estados Unidos foram responsáveis por 61% das exportações brasileiras de ovos no primeiro semestre deste ano. O volume embarcado para o país cresceu impressionantes 1.274% nos últimos cinco meses em relação ao mesmo período de 2024, com sucessivos recordes mensais.
Embora as exportações ainda representem menos de 1% da produção nacional — o que tende a limitar os impactos diretos no abastecimento interno —, especialistas alertam para possíveis efeitos indiretos caso o crescimento das vendas externas seja interrompido ou revertido pelas novas tarifas. O temor é que os produtores, ao perderem competitividade no mercado norte-americano, passem a redirecionar sua oferta ao mercado interno, pressionando ainda mais os preços.
Enquanto aguardam os desdobramentos da decisão americana, produtores brasileiros seguem enfrentando um cenário de instabilidade: com vendas lentas, preços em queda e incertezas quanto ao futuro das exportações, o setor avícola vive um momento de atenção redobrada.