O Pix não só caiu nas graças da população brasileira como também conquistou, oficialmente, o topo do ranking dos meios de pagamento mais usados no país. De acordo com os dados mais recentes do Banco Central, divulgados na publicação Estatísticas de Pagamentos de Varejo e de Cartões no Brasil, o sistema de transferências instantâneas registrou um crescimento impressionante de 52% em 2024, respondendo por 47% do total de transações de pagamento realizadas no país. Excluindo, claro, o dinheiro em espécie.
Criado em 2020, o Pix rapidamente se tornou uma revolução na forma como os brasileiros transferem dinheiro, pagam contas e realizam compras. Gratuito para pessoas físicas, disponível 24 horas por dia, e com liquidação imediata, ele superou com folga os tradicionais cartões e boletos. E os dados do BC comprovam esse protagonismo: o Pix movimentou bilhões de transações no último ano, consolidando sua presença em praticamente todas as camadas da população.
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Cartões seguem em alta, mas o Pix lidera
Apesar do domínio do Pix nas transações, os cartões ainda ocupam um espaço relevante na rotina financeira dos brasileiros. O levantamento mostra que o uso de cartões de crédito, débito e pré-pago também cresceu em 2024. No total, esses instrumentos registraram um aumento de 9,8% no número de transações.
O destaque fica para o cartão de crédito, que cresceu 11% em comparação a 2023. Os cartões pré-pagos tiveram alta de 19,2%, enquanto o cartão de débito teve um crescimento mais tímido, de 2,5%. Ainda assim, chama a atenção a redução no número de cartões de débito ativos: de 162 milhões em 2023 para 154 milhões em 2024, uma queda de 5%.
Já os cartões de crédito somaram 235 milhões de unidades ativas, uma alta de quase 14% em relação ao ano anterior. Os cartões pré-pagos chegaram a quase 74 milhões, com crescimento de 9% no mesmo período. Segundo André Telles, coordenador do Departamento de Competição e Estrutura do Mercado Financeiro (Decem) do Banco Central, essa expansão reflete a consolidação do setor e a preferência por meios eletrônicos de pagamento.
Celular domina como principal canal de pagamento
Outro dado que reforça o avanço da digitalização financeira no país é a forma como os brasileiros acessam seus meios de pagamento. Em 2024, o telefone celular foi o canal mais usado para realizar transações (excluindo o uso de dinheiro físico), com impressionantes 58,9 bilhões de operações — 18,4 bilhões a mais que em 2023.
Na sequência vem o internet banking, com 7,3 bilhões de transações, o que representa um aumento de 24%. Somando os dois canais digitais, o volume transacionado chegou a R$ 64,2 trilhões ao longo do ano, um crescimento de 5,3% em relação ao ano anterior.
Canais presenciais ainda têm força e os cheques resistem
Mesmo com o avanço da tecnologia, os canais tradicionais como agências bancárias, correspondentes, caixas eletrônicos e call centers ainda movimentaram cerca de 45% do volume total de transações financeiras no país em 2024. Isso demonstra que, apesar do avanço do digital, a presença física dos bancos ainda é relevante, especialmente em regiões com menor acesso à internet.
E para quem achava que o cheque já havia sido completamente aposentado, os dados surpreendem: embora tenha registrado uma queda de 19,7% no número de transações, esse meio de pagamento ainda contabilizou mais de 40 milhões de operações por trimestre. O ticket médio dos cheques segue alto R$ 4.517 por operação, sendo usado principalmente em transações de maior valor.
Dados abertos para mais transparência
Em 2024, o Banco Central passou a divulgar as estatísticas no Portal de Dados Abertos, facilitando o acesso, extração e cruzamento com outras bases públicas. Segundo Clayson de Souza, também coordenador do Decem, essa iniciativa amplia a visibilidade dos dados e incentiva pesquisas, análises e o desenvolvimento de soluções financeiras mais eficientes.