A escalada das tensões comerciais e geopolíticas, exemplificada pelas políticas tarifárias instáveis, tem gerado um clima de nervosismo nos mercados financeiros. Essa apreensão impulsiona os investidores a buscar alternativas para proteger seus ativos. Tradicionalmente, o ouro é reconhecido como o principal porto seguro em momentos de crise, mas a demanda por essa proteção se estendeu a outros metais, como a prata e a platina.
A performance desses metais é notável: o ouro registrou um aumento de 27,5% este ano, a prata valorizou 24%, e a platina alcançou um impressionante salto de 36%. Em contrapartida, o S&P 500, após crescimentos significativos nos anos anteriores, avançou menos de 3% no mesmo período. A instabilidade nos títulos e o enfraquecimento generalizado do dólar americano também contribuíram para desviar o interesse dos investidores para ativos tangíveis.
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Diversificação e proteção: o papel da Prata e da Platina
Ole Hansen, chefe de estratégia de commodities do Saxo Bank, observa que a dinâmica atual incentiva a diversificação para longe dos instrumentos financeiros convencionais. Embora o ouro mantenha sua posição como o principal ativo de segurança, a prata e a platina têm ganhado destaque. A busca por esses metais se intensificou nas últimas semanas, impulsionada não apenas pela necessidade de diversificação de carteiras, mas também por restrições na oferta, que contribuíram para a elevação dos preços.
Essas commodities são vistas como “politicamente neutras”, uma vantagem significativa em comparação com títulos soberanos ou moedas estrangeiras, pois não carregam risco de contraparte nem estão atreladas ao rating de crédito de qualquer nação. Essa característica as torna uma escolha estratégica para proteger-se contra a instabilidade política e financeira.
Ouro: liderança reforçada por fatores macroeconômicos
O ouro continua sendo o investimento mais procurado, segundo pesquisas recentes com gestores de fundos globais. No primeiro trimestre, o metal amarelo apresentou seu maior retorno trimestral desde 1986, acumulando uma valorização de 27,5% este ano, após um crescimento de 27% no ano anterior.
Vários fatores contribuem para a ascensão do ouro. As incertezas sobre as tarifas comerciais, a preocupação com a inflação e a percepção do ouro como um ativo resiliente são pontos-chave. Além disso, a demanda por ouro por parte de bancos centrais, especialmente na Índia e na China, tem sido um motor crucial para a alta dos preços em 2024. O enfraquecimento do dólar americano também torna o ouro mais acessível para investidores estrangeiros, impulsionando ainda mais sua valorização.
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Prata acompanha o Ouro em crescimento

Enquanto o ouro atingiu picos históricos, a prata tem demonstrado um desempenho igualmente robusto. Os preços à vista da prata subiram 24% este ano, somando-se a um aumento de 21% em 2024. Esse movimento sugere que a prata, muitas vezes vista como “prima” do ouro, está consolidando sua posição como um investimento atraente em tempos de instabilidade econômica.
A ascensão da prata é multifacetada. Historicamente, ela possui uma correlação significativa com o ouro, mas também se beneficia de sua aplicação em diversos setores industriais, como eletrônicos e energia solar. Com a crescente demanda por tecnologias verdes, a prata se posiciona para um futuro promissor, somando-se ao seu apelo como reserva de valor. Além disso, a prata é mais acessível que o ouro, permitindo que uma gama maior de investidores participe do mercado de metais preciosos.
A percepção de que a prata está “alcançando” o ouro em termos de valorização gera um ímpeto adicional, atraindo especuladores e investidores que buscam capitalizar sobre essa tendência de alta.
A busca por esses metais não é apenas um reflexo de uma “febre” momentânea, mas sim uma resposta estratégica e racional de investidores que buscam solidez e segurança em um mundo cada vez mais imprevisível. A liquidez do mercado de metais preciosos, sua resiliência histórica e a capacidade de servir como hedge contra a inflação e a desvalorização de moedas contribuem para sua atratividade duradoura.
O cenário macroeconômico atual, com a persistência de tensões geopolíticas, flutuações econômicas e a busca por diversificação de ativos, sugere que o brilho do ouro e da prata continuará a atrair olhares, solidificando sua posição como pilares importantes nas carteiras de investimento globais.