Mistura de etanol na gasolina sobe para 30% e deve reduzir preço nas bombas a partir de agosto

A gasolina vendida nos postos brasileiros passará a conter 30% de etanol anidro a partir do dia 1º de agosto de 2025, segundo decisão do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) publicada nesta semana. A medida, que também eleva de 14% para 15% a mistura obrigatória de biodiesel no diesel, marca uma nova etapa na estratégia nacional para reduzir a dependência de combustíveis fósseis e incentivar a produção nacional de biocombustíveis.

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Segundo estimativas do Ministério de Minas e Energia (MME), o novo percentual pode gerar uma queda de até R$ 0,20 por litro da gasolina nas bombas, uma vez que o custo de produção do etanol é inferior ao da gasolina pura, especialmente em períodos de safra forte.

Além de aliviar o bolso do consumidor, o aumento da mistura fortalece a autossuficiência energética do país, reduzindo a necessidade de importar gasolina pura. De acordo com a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o Brasil deverá economizar cerca de 1,36 bilhão de litros de gasolina fóssil por ano, graças à substituição parcial pelo etanol nacional.

A mudança também ocorre em meio a um cenário global de instabilidade no fornecimento de petróleo, especialmente após os recentes conflitos no Oriente Médio. A medida busca blindar o mercado interno diante de possíveis oscilações de preços no mercado internacional.

A transição energética também traz efeitos econômicos importantes. Dados do MME indicam que os novos percentuais exigirão investimentos estimados em R$ 15,6 bilhões na cadeia produtiva de etanol e biodiesel. A expectativa é de que mais de 50 mil empregos sejam gerados com a ampliação da capacidade produtiva e o aumento na demanda por matéria-prima.

A agricultura familiar também será beneficiada. O governo estima que 5 mil novas famílias passarão a integrar o Programa Selo Biocombustível Social, garantindo renda adicional e maior participação no fornecimento de matérias-primas como a soja e a cana-de-açúcar.

Embora a medida seja bem recebida por especialistas do setor energético, ela exigirá atenção com relação à compatibilidade técnica da frota nacional. Um estudo do Instituto Mauá de Tecnologia atestou que aproximadamente 98% dos veículos leves em circulação no Brasil estão preparados para operar com a nova mistura. Entretanto, veículos mais antigos ou motocicletas de baixa cilindrada poderão exigir manutenção ou ajustes de calibração para evitar falhas de desempenho.

Do lado da oferta, a elevação da mistura também pode pressionar o preço do etanol hidratado, usado diretamente como combustível em veículos flex. O banco Itaú BBA estima que a demanda adicional possa provocar um aumento de até 3,6% nesse tipo de etanol, em um efeito transitório de reequilíbrio de mercado.

Caminho aberto para novos avanços

A decisão do CNPE está em linha com a Lei nº 14.993/2024, conhecida como Lei do Combustível do Futuro, que autoriza o aumento gradual das misturas de biocombustíveis. O novo marco regulatório permite que a gasolina chegue a 35% de etanol anidro e o diesel a 25% de biodiesel, de forma escalonada e condicionada à segurança técnica.

Para o consumidor final, o impacto pode ser sentido diretamente no bolso: a economia pode alcançar até R$ 0,02 por quilômetro rodado, conforme projeções da equipe técnica do governo. Isso representa uma redução importante no custo do transporte diário, sem comprometer o desempenho dos veículos ou a qualidade do combustível.

“Esta decisão amplia o protagonismo do Brasil na transição energética e sinaliza um novo ciclo de oportunidades para a produção sustentável de combustíveis. É uma vitória do setor produtivo, da agricultura e do meio ambiente”, avaliou o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira.

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