O IPCA‑15, prévia confiável da inflação oficial no Brasil, registrou alta de 0,33% em julho. Esse resultado ficou acima dos 0,26% de junho, sinalizando uma aceleração gradual dos preços ao consumidor, conforme divulgado pelo IBGE na sexta-feira.
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A taxa também subiu levemente no acumulado em 12 meses, alcançando 5,30%, ante 5,27% no mês anterior. O avanço supera as previsões de consenso da Reuters, que estimavam alta de 0,30% no mês e inflação anual de 5,26%.
Principais vilões da inflação em julho
O grupo Habitação foi responsável pela maior pressão sobre a prévia de inflação. Subiu 0,98%, com destaque para o aumento médio de 3,01% na energia elétrica residencial. A continuidade da bandeira tarifária vermelha patamar 1, com taxa adicional de R$ 4,46 a cada 100 kWh consumidos, pesou no bolso dos brasileiros.
O setor de Transportes também contribuiu significativamente, apresentando alta de 0,67%, impactando ainda mais o índice geral. Por outro lado: Alimentação e bebidas registraram queda de ‑0,06%, enquanto Artigos de Residência caíram ‑0,02% e Vestuário recuou ‑0,10%, abrindo espaço para uma inflação mais seletiva.
Apesar do índice geral seguir em alta, economistas observam desaceleração nos indicadores subjacentes. A taxa de serviços subjacentes recuou de 5,96% para 5,47%, enquanto os bens industriais caíram de 3,52% para 2,74%, todas observações com ajuste anualizado em três meses. A média dos núcleos caiu de 4,81% para 4,41% . Esse movimento mostra que os preços continuam subindo, mas num ritmo mais moderado e uniforme.

Quais são as consequências do aumento IPCA‑15 para a política monetária?
O dado de 0,33% reforça a persistência da inflação acima da meta central do Banco Central, que gira em torno de 3% ao ano, com tolerância de 1,5 ponto. Ou seja, mesmo com desacelerações pontuais, a inflação anual permanece longe do ideal e deve manter o Copom atento ao calendário de cortes da Selic, que segue em 15% ao ano.
O Relatório Focus, divulgado anteriormente, já mostrava projeções para a inflação de 2025 recuando de 5,17% para 5,10%, sinal de ajuste suave nas expectativas. A mediana para o câmbio em 2026 foi estimada em R$ 5,70, indicando estabilidade, mas com espaço para oscilações, conforme os preços administrados se ajustam ao novo patamar.
Para o consumidor final, a alta na energia e nos transportes significa impacto direto no orçamento familiar. A conta de luz mais cara e os preços de passagens e fretes já refletem no valor de alimentos e serviços, ainda que esses tenham desacelerado. Existe um efeito cascata que alcança desde os supermercados até os serviços urbanos.
Economistas ponderam que, mesmo com certas quedas pontuais em itens como vestuário e artigos de casa, o peso de energia e transporte deve manter o índice pressionado no curto prazo. Isso reforça a importância de políticas de subsídio, ajuste tarifário e comunicação clara para evitar surpresas no fim do mês.
O que esperar nos próximos meses?
O IPCA oficial de julho, que será divulgado em agosto, deve seguir a mesma tendência apontada pela prévia. O foco agora se volta para os dados de consumo, os reajustes de preços regulados e os indicadores do setor de serviços, que continuam pressionando o núcleo de inflação.
Além disso, o mercado monitorará atentamente a decisão do Banco Central sobre a Selic, já que qualquer sinal de redução precoce pode acelerar a inflação novamente.
A aceleração do IPCA‑15 em julho, de 0,33%, reforça que os reajustes na energia e transporte ainda influenciam fortemente o custo de vida. Ao mesmo tempo, a moderada desaceleração nos núcleos de inflação sugere que a trajetória pode se estabilizar nas próximas leituras.
O desafio é equilibrar medidas econômicas para conter a alta de preços sem interromper a retomada da atividade. A visão se mantém moderadamente otimista, com atenção reforçada à agenda de cortes de juros e a possíveis novos reajustes em preços regulados.