Retomada do IOF deve render R$ 11,5 bilhões ao governo, mas preocupa empresas

A decisão do governo federal de manter a alíquota mais alta do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) deve gerar cerca de R$ 11,5 bilhões em receitas públicas em 2025, segundo estimativas do Ministério da Fazenda. Embora esse reforço nas contas públicas ajude no esforço de equilíbrio fiscal, a medida tem gerado críticas no setor produtivo, que aponta impactos negativos no crédito, nos investimentos e na geração de empregos.

O IOF é cobrado em diversas transações financeiras, como empréstimos, câmbio, seguros e até em algumas aplicações. Com a retomada da cobrança em sua forma mais elevada, empresas e consumidores passarão a pagar mais em operações que já são consideradas caras, sobretudo em um país com taxas de juros elevadas.

Leia mais: Brasil fica menos endividado após pagamentos para órgãos internacionais

Com os gastos públicos crescendo e a pressão para cumprir metas fiscais, o governo decidiu priorizar a arrecadação. O Ministério da Fazenda argumenta que o retorno da cobrança cheia do IOF é necessário para garantir recursos sem depender de novos impostos ou cortes drásticos.

De acordo com o governo, os R$ 11,5 bilhões esperados vão contribuir para cobrir parte do déficit orçamentário do próximo ano. A equipe econômica reconhece que a medida tem efeito direto no custo do crédito, mas defende que ela é provisória e será revista conforme a situação fiscal evolua.

Do outro lado, representantes da indústria e do comércio avaliam que o retorno do IOF mais alto representa um retrocesso. A Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG), por exemplo, afirmou que a medida dificulta o acesso ao crédito, encarece a produção e limita a competitividade das empresas brasileiras.

Especialmente para pequenos e médios negócios, que já enfrentam barreiras para obter empréstimos, o aumento do imposto pode ser decisivo para adiar investimentos ou até fechar as portas. Além disso, os custos extras tendem a ser repassados para os consumidores, o que pode influenciar na inflação de produtos e serviços.

Especialistas pedem equilíbrio entre arrecadação e estímulo ao crescimento

Economistas apontam que a manutenção do IOF em patamares altos revela uma escolha de curto prazo, focada em gerar receita imediata, mas que pode comprometer a retomada do crescimento. O aumento do custo do crédito freia a atividade econômica, justamente em um momento em que o país precisa aquecer a produção, gerar empregos e aumentar a arrecadação por meio do crescimento.

“O IOF mais alto desestimula o crédito e reduz o consumo, o que acaba sendo um freio para a economia. Mesmo que a intenção seja boa, os efeitos podem ser opostos”, avalia a economista Carolina Vasques, da consultoria Plano Fiscal.

Segundo ela, uma alternativa seria avançar na reforma tributária, ampliar a base de arrecadação e combater a sonegação, medidas que podem gerar receitas sem penalizar a produção.

Enquanto o governo foca na arrecadação, setores da economia pedem diálogo para encontrar soluções sustentáveis. A ideia é que o país consiga equilibrar responsabilidade fiscal com incentivos à produção e ao empreendedorismo.

Nesse cenário, a discussão sobre o papel dos tributos ganha força. É preciso garantir que a política fiscal não apenas feche as contas públicas, mas também ajude o Brasil a crescer. Afinal, arrecadar mais hoje não pode significar travar o desenvolvimento de amanhã.

Autor

Marcado:

Deixe um Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *