Dólar recua a R$ 5,45 com anúncio de adiamento de tarifas dos EUA

Nesta terça‑feira, 8 de julho de 2025, o dólar comercial fechou em R$ 5,45, registrando queda de 0,59% ante o pregão anterior. O movimento foi puxado pelo anúncio do governo dos Estados Unidos de adiar a aplicação de novas tarifas sobre países do BRICS, incluindo o Brasil. A notícia trouxe alívio para os mercados financeiros e permitiu ao Ibovespa recuperar parte das perdas acumuladas nos dias anteriores, encerrando em 139.303 pontos, alta de 0,13%.

Por que o dólar recuou?

O principal fator por trás da valorização do real foi a decisão americana de postergar as chamadas tarifas recíprocas, que inicialmente estavam marcadas para entrar em vigor em 1º de agosto. Essas medidas afetariam de maneira significativa o comércio entre EUA, Brasil, China e Índia. Com o adiamento, diminuiu a incerteza sobre barreiras comerciais e, por consequência, a procura por dólar como porto seguro perdeu força.

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Gráfico do Dólar/Real durante o dia
Gráfico do Dólar/Real durante o dia – Imagem: TradingView

Além disso, indicadores internacionais mostram que o índice DXY, que avalia o desempenho da moeda americana contra uma cesta de divisas, estabilizou seus patamares recentes. Essa estabilização reforçou o fluxo de recursos de volta às moedas emergentes, já que o apetite por ativos de risco moderado se recuperou gradualmente. No início do dia, o dólar recuou 0,45% e atingiu R$ 5,45, evidenciando a rapidez com que o mercado incorporou o anúncio.

Reação do Ibovespa

Em contraste com o recuo do dólar, o Ibovespa começou o pregão em terreno negativo, mas acabou conseguindo uma leve alta ao final do dia. O índice variou entre 141.341 pontos na máxima do dia e 139.295 pontos na mínima, com volume financeiro de R$ 17,2 bilhões.

Os setores ligados a exportações, especialmente mineradoras e empresas de proteína animal, vinham sofrendo pressão nos últimos dias em razão da expectativa de tarifas. Com o alívio externo, esses papéis recuperaram valor. As ações da BRF subiram 3,2% e as da Minerva avançaram 2,5%. Já bancos e varejistas ficaram pressionados pela cautela ainda presente no mercado doméstico.

Expectativa para os próximos dias

Os investidores agora concentram atenção em três frentes principais:

  • Declarações de autoridades dos EUA
    O mercado seguirá atento às próximas manifestações do governo americano. Qualquer sinal de retomada das tarifas ou adiamento adicional pode reverter rapidamente a tendência de valorização do real.
  • Desempenho de commodities
    Preços internacionais do petróleo e do minério de ferro continuam influenciando tanto o câmbio quanto a Bolsa. Oscilações nesses mercados podem alterar a atratividade de ativos brasileiros.
  • Fluxo de capitais para o Brasil
    A diferença entre a taxa Selic de 15% e as taxas de juros nos Estados Unidos mantém o país como destino atrativo para investidores de renda fixa. No entanto, essa vantagem depende da manutenção de um ambiente externo estável.

Orientações para investidores

Para quem atua no mercado de câmbio, este recuo do dólar representa oportunidade para revisar posições. Quem já contratou proteção cambial pode ajustar suas estratégias, enquanto quem ainda não fez hedge deve considerar as perspectivas de volatilidade.

No mercado acionário, setores menos expostos ao comércio exterior, como serviços públicos e consumo doméstico, podem oferecer maior estabilidade diante de choques externos. Setores exportadores tendem a se beneficiar de um câmbio mais forte, mas seguem vulneráveis às notícias internacionais.

Para investidores em renda fixa, a alta da Selic mantém títulos públicos e CDBs em patamares atrativos, mesmo com o dólar mais barato. É importante observar a curva de juros para decidir o timing de aplicações.

A queda de 0,59% do dólar em um único dia reforça como notícias sobre política comercial americana podem alterar rapidamente o humor dos mercados globais. Nos próximos dias, o equilíbrio entre sinais vindos do exterior e a força dos juros brasileiros deverá orientar as estratégias dos investidores. Embora o real tenha ganhado um momento de fôlego, permanece suscetível a novos choques comerciais e declarações de autoridades internacionais.

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