O dólar comercial encerrou esta quarta-feira (13) cotado a R$ 5,49, representando uma queda de 0,54% frente ao real e marcando o terceiro dia consecutivo de desvalorização.
Os dados oficiais do Banco Central, disponíveis no portal da instituição, mostram que a moeda norte-americana operou em uma faixa relativamente estável durante todo o dia, com mínima de R$ 5,48 e máxima de R$ 5,53. O volume financeiro total atingiu US$ 2,8 bilhões em um dia de negociações moderadas.
Queda do Dólar
A queda da moeda norte-americana foi impulsionada por dois fatores principais. Internamente, o Banco Central manteve suas sinalizações hawkish, reforçando que a taxa básica de juros (Selic) deve permanecer em 15% ao ano por “período prolongado”. Essa política atrai capitais estrangeiros em busca de rendimentos elevados, aumentando a demanda por reais e consequentemente fortalecendo a moeda nacional.
Externamente, o anúncio de novas isenções às tarifas de 50% impostas pelos Estados Unidos trouxe alívio imediato ao mercado. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, confirmou entendimentos com o secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, que resultaram na exclusão de 18 produtos adicionais da lista de retaliados, especialmente itens do agronegócio.
O cenário internacional também contribuiu para a fraqueza do dólar. O índice DXY, que mede a força da moeda norte-americana frente a uma cesta de outras seis moedas, recuou 0,3% após dados mostrarem que a inflação ao consumidor nos EUA ficou abaixo do esperado em julho. Este resultado aumentou as apostas de que o Federal Reserve pode iniciar um ciclo de cortes de juros já em setembro, reduzindo o apetite por ativos em dólar globalmente.
Analistas técnicos destacam que a moeda encontrou suporte importante na faixa de R$ 5,48, nível que não era testado desde o início do mês. Para a quinta-feira, as projeções apontam para uma banda de trading entre R$ 5,47 e R$ 5,53, com tendência de manutenção do movimento de baixa caso não haja surpresas negativas. Os mercados estarão particularmente atentos aos dados do IPCA-15, previstos para as 9h da manhã, que podem influenciar as expectativas sobre a política monetária do Banco Central.
Para o cidadão comum, a desvalorização do dólar traz benefícios imediatos. Os preços dos combustíveis tendem a recuar nas refinarias, o que deve se refletir nas bombas nos próximos dias.
Produtos importados também ficam mais baratos, ajudando a conter a inflação de itens eletrônicos, vestuário e outros bens manufaturados. O dólar turismo, que havia atingido patamares preocupantes acima de R$ 5,70, recua para R$ 5,72, aliviando o custo de viagens internacionais.
No entanto, especialistas alertam que não é hora de comemorar. A volatilidade segue elevada e qualquer notícia negativa sobre a agenda fiscal brasileira ou novas escaladas nas tensões comerciais com os EUA pode reverter rapidamente os ganhos.
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A próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), marcada para a última semana do mês, será crucial para definir os rumos da moeda nacional nos próximos meses.