O dólar comercial encerrou esta terça‑feira cotado a R$ 5,57, registrando alta de 0,36% em relação ao fechamento anterior. A variação, embora moderada, revela como as oscilações nos juros domésticos e as notícias do exterior continuam influenciando o câmbio. Com a Selic mantida em 15% ao ano, o real segue atraindo recursos para aplicações de renda fixa, mas estimativas de cortes mais lentos no Fed e temores de novas tarifas comerciais mantêm o dólar em patamar pressionado.
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Investidores seguem divididos entre o diferencial elevado das taxas de juros brasileiras e a incerteza sobre a trajetória de juros nos Estados Unidos. Na última reunião, o Federal Reserve deixou a taxa básica entre 5,25% e 5,5 %, e sinalizou que poderá iniciar cortes apenas no quarto trimestre. Esse cenário reforça o dólar como ativo de refúgio, reduzindo um pouco a demanda por moedas de países emergentes, entre elas o real.
Impacto das tarifas comerciais
Além do front monetário, especulações sobre eventuais novas tarifas dos EUA contra importações de países do BRICS alimentam algumas apostas por alta do dólar. Embora nenhuma medida tenha sido confirmada, o simples rumor gera saída pontual de recursos de mercados considerados de risco, favorecendo a moeda americana.
Entre os destaques negativos, as mineradoras registraram recuo de até 2,5%, enquanto frigoríficos caíram perto de 1,8%. Por outro lado, papéis ligados a consumo interno, como varejo e telecon, obtiveram leve alta, à medida que investidores buscaram diversificação em segmentos menos expostos ao câmbio.
O foco agora se volta para a ata da próxima reunião do Copom, que pode trazer pistas sobre o momento de iniciar cortes na Selic. Um sinal de flexibilização antecipada tende a enfraquecer o real e impulsionar o dólar. No exterior, a eloquência de discursos de membros do Fed e indicadores de inflação nos EUA também devem movimentar o câmbio.
Recomendações para investidores
Empresas com dívidas em dólar precisam considerar o uso de hedge para minimizar riscos de desvalorização adicional do real. Importadores devem revisar prazos e custos de compras internacionais. Já quem investe em renda fixa vê nos títulos atrelados à Selic uma alternativa sólida, aproveitando o alto retorno real.
O fechamento do dólar em R$ 5,57 reforça a importância de monitorar simultaneamente as decisões de política monetária no Brasil e nos EUA, assim como as notícias de comércio internacional. Num ambiente marcado por juros elevados e tensões globais, a diversificação e a proteção cambial continuam sendo estratégias fundamentais para empresas e investidores.