Empresários estadunidenses aceleraram as compras de carne bovina do Brasil nos meses de março e abril, em um movimento motivado pela tentativa de escapar da tarifa de 50% anunciada por Donald Trump, que deve entrar em vigor no início de agosto. De acordo com dados do Cepea, centro de estudos da USP, as exportações ultrapassaram a marca de 40 mil toneladas por mês nesse período, representando um recorde histórico no comércio entre os dois países.
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A antecipação por parte dos importadores resultou em uma movimentação fora do normal, que impactou diretamente o desempenho dos meses seguintes. Em junho, por exemplo, os volumes despencaram e atingiram o nível mais baixo desde dezembro do ano passado, evidenciando que a corrida para formar estoques teve efeito imediato, mas não saudável.
O impacto do “tarifaço” vem sendo uma faca de dois gumes para o Brasil e os EUA. Enquanto os estadunidenses correm contra o tempo para garantir estoque antes do aumento de custos, os frigoríficos brasileiros agora avaliam suspender temporariamente as vendas, já que os Estados Unidos representam o segundo maior destino da carne bovina nacional, com 12% das exportações, ficando atrás apenas da China, que representa 49% do total.
Além da carne, outros setores do agronegócio brasileiro também estão sob ameaça. O suco de laranja, por exemplo, já é taxado em 400 dólares por tonelada, e com a nova tarifa é um dos produtos mais vulneráveis à taxação, o que já levou algumas empresas brasileiras a interromperem os envios. No caso do café, cerca de 25% das exportações são compradas pelos americanos, e o temor é que a tarifa torne as operações financeiramente inviáveis, comprometendo um dos principais pilares das exportações do agronegócio brasileiro.