Brasil articula criação de coalizão global de países com tarifa de carbono antes da COP30

O Brasil está articulando a criação de uma coalizão global para unificar mercados de carbono e avançar na precificação do carbono antes da COP30, que será realizada em Belém (PA) em 2025. A iniciativa, liderada pelo Ministério da Fazenda, pretende harmonizar regras, fortalecer a credibilidade do mercado e facilitar o comércio internacional de créditos de carbono, impulsionando a descarbonização e o investimento em projetos ambientais, como a recomposição florestal.

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A proposta, chamada Coalizão Aberta para Integração dos Mercados de Carbono, será uma das principais bandeiras brasileiras durante a conferência climática. O projeto integra o Novo Brasil — Plano de Transformação Ecológica, que tem como objetivo alinhar crescimento econômico, inclusão social e preservação ambiental.

Segundo o Ministério da Fazenda, o plano pretende conectar diferentes sistemas de comércio de créditos de carbono já existentes no mundo, garantindo liquidez, previsibilidade e transparência. Essa integração permitirá que os países participantes estabeleçam padrões comuns, reduzindo barreiras comerciais e promovendo cooperação internacional na luta contra as mudanças climáticas.

Descarbonização e fortalecimento do Acordo de Paris

De acordo com Cristina Reis, subsecretária de Desenvolvimento Econômico Sustentável do Ministério da Fazenda, o propósito central da coalizão é acelerar a descarbonização das economias e fortalecer o Acordo de Paris.

“A ideia é que, em conjunto, os países consigam reduzir suas emissões, de modo que o planeta esteja menos ameaçado pela crise climática e pelos efeitos adversos dos gases de efeito estufa”, afirmou.

Reis destacou ainda que o projeto vai além da dimensão ambiental: trata-se também de uma solução econômica e social.

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“A coalizão vai trazer novas tecnologias, incentivar a inovação sustentável e possibilitar a troca de experiências entre os países. Além disso, criará novos padrões produtivos, valorizando produtos com menor conteúdo de carbono, o que pode gerar vantagens competitivas, novos empregos e redução das desigualdades, completou.

Precificação de carbono como ferramenta global

A economista Catherine Wolfram, integrante do comitê de especialistas que assessora a Presidência da COP30, destacou o protagonismo do Brasil como país anfitrião. Segundo ela, o país tem uma oportunidade única de liderar a transição para uma estrutura global de precificação de carbono.

“A precificação de carbono é uma ferramenta essencial para estimular a descarbonização. Ela orienta empresas, consumidores e investidores a tomarem decisões que reflitam o custo das emissões e recompensem as escolhas de menor intensidade de carbono, explicou Wolfram, PhD em Economia pelo MIT (Massachusetts Institute of Technology).

Ela acrescenta que o relatório elaborado pelo comitê mostra como a cooperação entre países pode reduzir tensões comerciais e ampliar incentivos financeiros para que nações de baixa e média renda participem do mercado global de carbono, promovendo crescimento sustentável e inclusivo.

Redistribuição de renda e transição justa

Um dos diferenciais da proposta brasileira é a criação de mecanismos de redistribuição de renda entre os países membros da coalizão. A iniciativa reconhece que as contribuições para as emissões globais e as metas de descarbonização variam conforme o porte econômico, o tamanho do território, a população e o perfil produtivo de cada nação.

Para lidar com essas diferenças, parte das receitas obtidas com a venda de cotas de descarbonização será revertida em um sistema de “reciclagem de receita”, garantindo uma transição justa.

Com essa estratégia, o Brasil busca se consolidar como líder global na agenda climática, promovendo um modelo que combina responsabilidade ambiental, equidade social e cooperação internacional.

Rumo à COP30: liderança brasileira no debate climático


À medida que o mundo se prepara para a COP30, a proposta da Coalizão Aberta para Integração dos Mercados de Carbono reforça o protagonismo do Brasil no debate sobre o futuro da economia verde.

Ao promover a integração dos mercados de carbono, incentivar a inovação sustentável e priorizar uma transição inclusiva, o país se posiciona como referência global em desenvolvimento ecológico com justiça social.


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