O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou um financiamento de R$ 220 milhões para impulsionar os projetos de inovação e desenvolvimento da farmacêutica Blanver, que tem unidades em Taboão da Serra e Indaiatuba (SP). O investimento mira tanto a fabricação de medicamentos quanto a produção local de insumos farmacêuticos ativos (IFAs), hoje altamente dependentes do mercado externo.
Com os recursos, a Blanver vai desenvolver 19 novos medicamentos, incluindo tratamentos para câncer, HIV e diabetes. Do total, 12 são genéricos inéditos no país, além de três medicamentos considerados estratégicos para o Ministério da Saúde. O projeto também prevê a fabricação dos IFAs de 15 desses produtos, contribuindo diretamente para reduzir a dependência internacional — atualmente, o Brasil importa 95% dos insumos farmacêuticos que utiliza, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Insumos Farmacêuticos (Abiquifi).
“Este investimento tem um papel crucial na política industrial brasileira. A pandemia escancarou o quanto é urgente fortalecer nossa capacidade de produzir medicamentos e insumos aqui, sem ficar refém de fornecedores estrangeiros”, destacou o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante. Ele lembra que, há três décadas, o Brasil produzia 50% dos IFAs que consumia, percentual que despencou para os atuais 5%.
Entre os destaques do projeto está o desenvolvimento de sete medicamentos voltados ao tratamento de diferentes tipos de câncer, além de novas soluções para pacientes com HIV, que incluem combinações de princípios ativos em um único comprimido e redução da quantidade de doses diárias. Essa estratégia, além de melhorar a qualidade de vida dos pacientes, também representa economia logística para o Sistema Único de Saúde (SUS).
No campo da diabetes, a farmacêutica irá lançar um novo medicamento para controle do diabetes tipo 2, também com produção nacional do insumo.
Para o CEO da Blanver, Sérgio Frangioni, o apoio do BNDES é estratégico não só para o crescimento da companhia, mas também para fortalecer o protagonismo brasileiro no setor.
“Vamos acelerar nossa capacidade produtiva, ampliar o acesso da população a tratamentos de alta qualidade e contribuir para a soberania sanitária do país”, afirma.
Atuando há mais de três décadas, a Blanver é uma das principais fornecedoras de medicamentos para o Ministério da Saúde, especialmente em áreas como HIV, hepatite C, oncologia, doenças raras e osteoporose.